Capítulo trinta

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Uma semana antes

Terminei todo o relatório da empresa e o do armazém. Tive uma ideia durante esse tempo, uma ideia não tão boa e nem original. Porém, é o que vai ter que dar certo.

EU: PENSEI EM ALGO PARA ATRAIR OS CAPANGAS DO AVELLAR.

LIAM: COMO?

EU: UMA VIAGEM FANTASMA. SOMENTE NÓS DOIS VAMOS SABER. COMPRAMOS PASSAGENS, PEDIMOS À RITA PARA FAZER SUA MALA, E VOCÊ FICA NA CASA DE CAMPO.

LIAM: RITA ESTÁ CONOSCO DESDE QUE NASCI. VOCÊ ESTÁ ACHANDO QUE ELA É A TRAIDORA?

EU: TALVEZ, QUALQUER UM PODE SER. NESSES TEMPOS DE SILÊNCIO A DESCONFIANÇA SURGE. PRECISAMOS FAZER COM QUE PELO MENOS UM DELES AJA.

LIAM: ENTENDI. COMEÇAREI A COMENTAR COM OS SEGURANÇAS E COM A RITA.

EU: BELEZA, EU CUIDO DO RESTO.

Espero que funcione. Tenho alguns suspeitos, mas preciso de provas.

O dia passa rápido, e vejo que já são 18:00. Tenho que chegar cedo em casa porque Violet falou que queria conversar sério. Estou desconfiado de que ela esteja com um namorado. Talvez ache que eu irei brigar por ela ter arrumado um tão cedo ou que eu não aprove. Se for um marmanjo, darei uma surra para ele se afastar rapidinho.

Já no estacionamento, abro a porta do meu carro quando uma voz irritante soa atrás de mim.

- Vitinho. - Por que ela sempre tem que vir com apelidos de merda e diminutivos? - Não estou com paciência, vá encher o saco do Liam.

- Bem que eu iria, mas ele não me deixa entrar - diz, forçando uma cara triste. - Então, pensei em por que não foder com ele? Você é o amigo dele. E amigos tem que ser verdadeiro, certo?

- Se está pensando que vou trepar com você, pode tirar seu cavalinho da chuva.

- E quem disse que eu quero transar com você, seu galinha? Não se acha não, tá. Estou falando em foder com ele no sentido figurado, acabar com a raça dele.

- Se eu fosse você, deixaria o Liam em paz. Se ele não a quer, se manca - vocifero, entrando no carro e logo ligando o motor.

- E por isso mesmo ele vai se arrepender. - fala, dando passados até o carro. - Já se perguntou de onde vêm os traidores? Do lugar que menos esperamos - Vocifera, próximo à janela do carro. Jogando um envelope para dentro com um sorriso travesso no rosto.

- Não enche, Katherine - digo, dando partida no carro.

Parado no sinal vermelho, conecto o Spotify e deixo na playlist aleatória. Meus olhos vão até o envelope.

Só faltava ser um teste de gravidez, penso.

- Que merda é essa? - murmuro, assim que vejo as fotos em minhas mãos. - Mas que filho da puta. - Sinto a raiva crescer dentro de mim. Não acredito que ele fez isso.

Sobressalto-me quando as buzinas começam a soar, indicando que o sinal está verde. Jogo as fotos no banco novamente, tentando manter a calma. A única coisa, a única maldita coisa que ele não podia ter feito era transar com minha irmã. Isso vai ser resolvido.

Assim que chego à mansão, encontro Mike na entrada da casa.

- Vázquez - passo direto por ele, entrando na mansão.

- Liam! - grito, deixando claro que não estou de bom humor. - Liam!

- O senhor Dawson ainda não chegou, Vázquez - diz Rita. - Aconteceu algo? Posso ajudar?

- Não, não pode - vocifero, com a raiva ainda crescendo dentro de mim, enquanto pensamentos intrusivos rodeiam minha mente pensando nos dois aqui. Avanço para o escritório, pegando uma garrafa de vodka que sempre deixo guardada para mim.

Tomo um gole que desce rasgando, sinto como se cada nervo estivesse pegando fogo. Eu terei que protegê-la de si mesma. A porra de um sádico com ela... merda... não deixarei que ela se torne como aquela maldita.

Com a única lâmpada do abajur acesa, vejo pelo relógio na parede que já se passaram duas horas, até escutar passos se aproximando do escritório.

A adrenalina corre em minhas veias, trazendo um misto de sentimentos que só me enfurece: raiva, traição, ira, mágoa. Mordo meus lábios, tentando conter a ira.

- Victor? - pergunta, dando um passo hesitante para dentro do cômodo. - O que houve...

- Cala a porra da boca! - vocifero, levantando-me abruptamente do sofá, com as mãos cerradas em punhos. - Minha vontade é de te encher de socos, seu traidor de merda. Você é um hipócrita, falando sobre 'descobrir o traidor' enquanto você mesmo trai. - Ele recua ligeiramente, endireitando a postura ao entender do que estou falando. - Vocês riam da minha cara!

- Victor...- tenta intervir, com a voz tensa.

- Sou um otário para vocês? - avanço, deixando a raiva contorcer minhas feições.

- Victor, me escuta...

- Você não pode ver um rabo de saia. - rosnando, dou um passo em sua direção.

- Porra, Victor, me escuta! - grita, sua voz ganhando um tom de desespero.

- Você não vai tratá-la como as mulheres que você pega. - Meu dedo aponta acusadoramente, tremendo com a fúria contida.

- Ela não é como elas. Nunca a comparei. Só me escuta...

- Não, não depois de você me trair pelas costas. Cadê a porra da sua lealdade? - Minha voz sobe um tom, ecoando no cômodo.

- Eu sempre fui leal a você! - grita de volta, sua voz rouca com a emoção. - Sempre fui, sempre serei. Mas as coisas não aconteceram como eu gostaria que acontecessem. Eu tentei, Victor, tentei não me aproximar dela, Victor. Eu tentei não me apaixonar por ela. Quando nos conhecemos, eu não sabia que ela era sua irmã.

- Mas conhecendo você, creio que já sabia disso no outro dia e e mesmo assim continuou. - minha voz é um sussurro de desdém, a raiva agora transformada em uma fria certeza.

- Não foi dessa maneira.

- Você não a ama; é o seu desejo por controle, pela forma como ela se submete a você, pela maneira como permite que você a domine. É isso que você ama. - jogo as fotos na mesa, enfatizando meu ponto. - Ele desvia o olhar para as fotos, depois me encara com o maxilar tenso.

- Onde conseguiu essas fotos? - Pergunta, com raiva explodindo em sua voz.

- Adivinha. - Respondo, lançando um olhar de desprezo.

- Katherine... - murmura, passando as mãos pelo rosto. - A gente ia contar...

- Eu quero você longe dela. - Digo firmemente. - E mande seus capangas nem sequer a seguirem.

- Está fora de cogitação...

- Você não é o único que consegue falsificar identidades. Não vou pedir para se afastar por lealdade, já que não teve. Mas fique longe dela. Caso contrário, desaparecemos e garanto que não a encontrará. - Saio do cômodo demonstrando minha ira.

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