capítulo vinte um

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10 anos atrás

Quando somos adolescentes, a curiosidade nos impulsiona a buscar respostas para tudo. No entanto, tentar descobrir qual era a doença da minha mãe foi um erro que me traumatizou profundamente. Percebi que não se tratava de uma doença física, mas sim de comportamentos autodestrutivos, uma busca incessante por dor como forma de suprir sua necessidade por amor e prazer.

Ela se envolvia em autoflagelação e provocava situações para ser humilhada e explorada, características associadas ao masoquismo. Ainda assim, eu não compreendia completamente. Será que ela estava infeliz com sua vida? Por que se sujeitar a esse tipo de humilhação? São perguntas que ecoam sem respostas, deixando-me perplexa e desamparada diante da complexidade de sua condição.

- Violet, já está pronta? - pergunta Victor na ligação. - Em dez minutos chego aí.

- Já estou pronta. - Digo ao telefone, vendo meu reflexo no espelho.

- Certo, estou indo. Então - concordo balanço a cabeça como se ele pudesse ver.

Desligo o telefone e termino de mim arrumar. Vejo-me no espelho uma última vez até escutar uma porta batendo.

Nossa, ele já chegou ? Pego minha bolsa e saio do quarto.

Victor vai me levar para uma festa pela primeira vez da sua escola, estou ansiosa.

Assim que desço da escada, vejo que não é Victor que está na sala e sim meu padrasto. Seus olhos percorrem-me de cima a baixo com um olhar que não consigo decifrar, deixando-me desconfortável sob seu escrutínio.

Desde que vi minha mãe e meu padrasto na situação precária em que ela estava, algo mudou entre nós, e agora sinto-me tensa sempre que estamos juntos.

Com pressa, desço as escadas indo em direção a porta de entrada para esperar Victor lá fora.

- Para onde pensa que vai ? - Pergunta, assim que passo pela sala.

- Sair com o Victor e seus amigos. - Respondi, sentindo todo meu corpo tenso.

- Com essa roupa ? - Diz, aproximando-se

- Uma roupa de balada. - Digo, virando-me para ir para a porta.

Mas antes que eu pudesse dar um passo, Daniel agarra meu braço, forçando-me a encará-lo.

- Defina roupa de balada para você? - pergunta, olhando nos meus olhos e depois me analisando novamente. - Porque para mim você está parecendo uma puta. - fico sem reação, mas logo uma raiva me consome.

- Me solta. - Digo, puxando meu braço de seu aperto.

- Que foi ? Não gostou de ser chamada de puta? - vocifera. - Vai procurar fora o que pode ter dentro de casa ? - pergunta, com um sorriso repugnante. - posso lhe dar o que tanto seus olhos desejam.

- Se você ousar sequer tocar em mim ou insinuar isso novamente, irei contar para minha mãe e você será preso, seu pedófilo de merda. - digo com raiva intensa.

Um tapa inesperado atingi meu lado direito do rosto, fazendo com que meu corpo estremecesse com o impacto. Pisco várias vezes, surpresa com a intensidade da sensação ardente que se espalha pelo meu rosto. Meu coração acelera enquanto tento processar o que acabou de acontecer.

Um calor estranho começou a se espalhar pela pele onde o golpe fora desferido. Pisco, atordoada pela sensação repentina de dor misturada com uma estranha excitação.

Que merda é essa? Penso, com meu coração acelerando e meus pensamentos se tornando confusos.

- Acha que sua mãe irá acreditar em quem? - vocifera, segurando meu queixo com força. - A filhinha que ela odeia ou a o homem que ela se submete?

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