Capítulo trinta e dois

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Meu coração bate descontroladamente enquanto tento me soltar, mas seus braços fortes prendem minhas pernas firmemente em seu ombro.

De repente, um som agudo atravessa meus ouvidos, paralisando-me. Caímos no chão logo em seguida. Ouço Liam murmurar algo, mas não consigo entender; meus ouvidos zumbem e minha respiração está fora de controle. Tento me levantar, mas sinto algo molhado em minhas mãos. Olho para baixo e vejo sangue - sangue escorrendo da perna de Liam. Outro tiro ecoa pelo corredor, congelando-me de medo. Sinto um puxão em minha cintura que me arranca do transe.

- Eu... eu não consigo respirar. - vocifero, tentando recuperar o fôlego.
- Violet, olha para mim. - Ele está ensanguentado. É a única coisa que consigo ver, a única coisa que ocupa minha mente. Minhas mãos estão cobertas com o sangue quente e viscoso dele. - Violet! Olha para mim! Preciso que amarre isso na minha perna. - pede, entregando-me o cinto. - Consegue? - Fico apenas olhando para seu rosto, paralisada, meus pensamentos turvos e confusos.

- Violet, amarra isso aqui, senão vamos morrer aqui. - Pego o cinto de sua mão trêmula e o prendo em sua perna, fazendo-o grunhir de dor. Outro disparo soa pelo corredor. Ergo meus olhos e vejo a arma nas mãos de Liam, fazendo-me arregalar os olhos.

- Vem, precisamos sair daqui. - Liam me puxa, descendo apressadamente pela escada de emergência.

- Que merda está acontecendo? - pergunto, uma onda de dúvidas e pavor tomando conta de mim. - Porra, Liam, me responde!

- Eu te conto quando sairmos daqui. - responde, com urgência na voz.

Descemos as escadas e saímos do prédio, correndo em direção ao carro com Liam mancando. Assim que entramos, ele liga o motor e acelera, dando partida.

- Já saímos do prédio, o que está... - começo a perguntar, mas Liam me interrompe.

- Liga para o seu irmão.

- Victor... o que aconteceu com o Victor? - pergunto, sentindo o pânico apertar meu peito. - O que aconteceu?

- Porra, amor, liga para o Victor.

- Amor? Você me traiu, seu filho da puta! Não venha me chamar de amor. - vocifero, a raiva e a dor misturando-se em minhas palavras.

- O quê? Que merda você está falando? - Liam parece confuso e furioso ao mesmo tempo.

- Não se faça de desentendido. A Katherine estava na sua casa. Vocês transaram.

- Eu vou matar aquela filha da puta. - rosnou Liam, batendo com força no volante.

- Violet, eu vou te explicar qualquer coisa, mas agora preciso que você ligue para o Victor. Só quero que você saiba que eu jamais te trairia. Isso nunca passou e nunca passará pela minha cabeça.

- Eu não quero ouvir suas explicações agora. A única coisa que quero saber é o que diabos está acontecendo.

Pego o telefone e Tento ligar para Victor, mas o telefone toca e vai direto para a caixa postal. Tento de novo e de novo, o desespero crescendo dentro de mim.

- Porra! - Liam grita, socando o volante - O que aconteceu com Victor? - pergunto, mas ao mesmo tempo não quero ouvir a resposta.

- Eu não sei, não consigo falar com ele desde cedo. - Sinto meu peito apertar com a possibilidade de não ter meu irmão comigo. Ele não pode ficar longe de mim novamente.

As luzes dos carros passam rapidamente, refletindo a alta velocidade em que Liam está dirigindo. Tudo parece acontecer tão rápido que mal consigo acompanhar. Tento me acalmar, afastando os pensamentos mais sombrios. Olho para o espelho da minha porta e vejo um carro se aproximando rapidamente atrás de outro. Viro para trás, estranhando a cena.

- Liam... - digo, minha voz tremendo. Ele me olha e depois checa o retrovisor.

- Merda... Violet, coloca o cinto. - rapidamente viro me colocando o cinto com minhas mãos trêmula.

- Por que esse carro está atrás da gente?

- Eu explico... - Liam perde o controle por alguns segundos quando o carro atrás de nós bate na traseira. O impacto nos joga para a frente, e logo depois, o carro bate novamente.

O toque do celular ecoa pelo carro em meio ao caos. Atendo rapidamente.

- Liam... é o Mike...

- Victor...

- Violet? O que você... onde está o Liam?

- Estou aqui. Acabei de descobrir, quando um homem estava na porta da sua casa...

- Onde vocês estão... - Victor é interrompido por um tiro que ecoa pela ligação.

- Victor... - grito, desesperada.

- Você precisa levá-la para o lago - diz Victor com dificuldade, ofegante. Sua voz é interrompida por mais suspiros, dificultando a compreensão.

- Já estava indo para lá - confirma Liam.

- Victor, no que você se meteu?

- Eu te amo, Violet... - Ele desliga antes de responder. - Victor... Victor... - Grito seu nome enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto. - O que está acontecendo...

- Somos traficantes, Violet - diz Liam rudemente. Olho para ele, incrédula. Liam olhava pelo retrovisor, a expressão tensa.

-Como assim traficantes? Traficantes de quê... Cuidado! - grito, mas é tarde demais.

O impacto é violento. Um carro nos atinge na lateral com uma força devastadora, lançando-nos contra a barreira da pista e fazendo-nos despencar ladeira abaixo. Sinto meu corpo ser jogado com força esmagadora, o cinto de segurança cortando minha pele.

O carro começa a girar, como se o chão tivesse desaparecido. O mundo vira uma confusão de sons metálicos, vidro quebrando, e o grito abafado do metal rasgando o chão

Capotamos uma, duas, três vezes, cada volta trazendo uma nova onda de choque e dor. Meu corpo é sacudido violentamente, o cinto de segurança é a única coisa que me mantém no lugar.

Finalmente, tudo fica em silêncio por um momento. Minha cabeça lateja, e ao elevar a mão à testa, sinto-a molhada.

- Liam... - tento falar, mas minha voz é apenas um sussurro. O sangue pulsa nos meus ouvidos enquanto tento me orientar na confusão.

Olho para minha mão e vejo meu próprio sangue. Piscar é difícil, e quando tento me mover, uma dor aguda atravessa meu ombro. Olho para ele e vejo que está em uma posição estranha, provavelmente deslocado. Tento me mexer mais, mas a dor aumenta. Olho para Liam e meu sangue gela.

- Liam... - tento me aproximar, mas a dor no ombro me faz gritar. O que realmente me assusta é quando levanto seu corpo para encostá-lo no banco e vejo um galho de árvore atravessando o vidro e seu corpo.

Com dificuldade, tiro o cinto e me aproximo de seu rosto. Ele está completamente pálido, com sangue na testa.

- Liam... - o chamo, mas ele não responde. - Liam... por favor... por favor, não me deixe - imploro com a voz trêmula.

De repente, o som do telefone ecoa pelo carro. Rapidamente, procuro e o encontro no chão.

- Victor...

- Onde vocês estão? Vou encontrá-los...

- Eu não sei, sofremos um acidente... - A dor na minha cabeça aumenta quando sou brutalmente puxada para fora do carro e arremessada ao chão. Tento me levantar, mas a dor no braço me impede. Quando tento me virar, um chute atinge meu rosto, me deixando desnorteada.

Em questão de segundos, com o olhar desfocado tento fixar no carro, mas uma figura sombria surge diante de mim.

- Hora de dormir, docinho. - A voz fria é a última coisa que ouço antes de tudo se apagar.


CONTINUA...







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