Point of view Mon
- Deixei a banheira enchendo com água quente. - Eu disse enquanto via Sam subindo as escadas correndo, enrolada na toalha, buscando se aquecer do frio. - Tome banho tranquilamente, vou por água para ferver e pegarei roupas para você trocar.
- Sim senhora! - Ela gritou lá de cima, certamente do banheiro.
Fui até a cozinha e procurei pelos armários panos de chão para secar os rastros molhados de nossa entrada. E após encontrar os tão procurados panos, eu sequei a sala, a escada e a entrada do banheiro. A porta estava encostada, de fora era possível ouvir Samanun cantarolando algo que não consegui identificar o que era, apenas tive forças para me sentir derretida por seu timbre rouco, que era ainda mais lindo quando ela cantava.
Depois de colocar água para ferver e preparar tudo para fazer café, novamente eu subi, precisava separar roupas secas para Sam vestir.
- Baby, suas roupas estão em cima da cama, ok? - Eu falei em voz alta, parada em frente à porta do banheiro.
- Mon, traz aqui para mim, se eu for me vestir no quarto, vou molhar tudo.
Engoli seco e senti meu corpo inteiro enrijecer. Fui até o quarto e peguei a pequena pilha de roupas. Logo depois, fui abrindo lentamente a porta do banheiro, até que entrei totalmente.
- Vou deixar aqui em cima do armarinho. - Falei. Eu não queria olhar em direção à Sam, meus batimentos estavam descompassados.
- Ok, Mon. Ah, me passe essa toalha, por favor. - Ela pediu, referindo-se a toalha seca que estava dobrada ao lado das roupas que eu havia acabado de colocar ali. Nesse instante, ela se levantou da banheira e eu pude ouvir o som da água caindo de seu corpo. Céus... Eu peguei a toalha lentamente e engoli toda minha inconstância à seco, feito migalhas de pão velho. Quando me virei para entregar a toalha em suas mãos, meu corpo inteiro fraquejou, senti minhas pernas adormecerem. Meus olhos tomaram vida própria e analisaram seu corpo de cima a baixo, eu só tinha certeza de que tinha a entregue a toalha, porque logo seu corpo foi tampado pelo algodão branco e felpudo.
"Céus, Kornkamon, pare de pensar nisso!", a voz da minha consciência gritava em meu pensamento. Eu estava encostada na pia, segurando um pacote de macarrão, os temperos estavam me aguardando, mas meus pensamentos não me deixavam fazer o jantar em paz. Sam estava dormindo. Após o banho e termos tomado café da tarde, o cansaço a venceu, fazendo a mesma dormir em meu colo. Fiquei por algum tempo acariciando seus cabelos e quando vi que havia entrado em sono profundo, eu me rastejei cuidadosamente e saí da cama, a cobri e apaguei as luzes. Foi nessa hora que decidi de rompante fazer um jantar especial para nós, mas como os meus dotes culinários não eram muito extensos, resolvi fazer uma lasanha, que acompanhada de um bom vinho cairia muito bem.
Ainda chovia lá fora, o frio parecia aumentar gradativamente, e mesmo que eu usasse todos os artifícios possíveis e impossíveis para não pensar e voltar a cozinhar, aquelas curvas invadiam meus pensamentos e me faziam tremer por inteiro. Eu estava acostumada a acreditar que minha única perdição era aqueles olhos penetrantes, mas logo após o nosso primeiro beijo, percebi que aquilo ainda não era o estopim, nem o começo de um.
Eu não conseguia mover um músculo sequer, meu corpo estrava travado e meus olhos buscavam atentamente reparar em cada movimento que a mulher fazia com a toalha por sua pele, secando a mesma. Olhamo-nos profundamente por cerca de alguns segundos intermináveis. Naquele contato visual, senti a inocência de meus pensamentos se esvair feito a água que escorria de seus cabelos molhados, eu senti um calor descomunal, era como se as chamas do inferno estivessem se ascendendo em meu ventre. Céus, o que é isso?
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The Last Coffee
RomanceEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...