John Vives Poolsak

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 Point of view Nam

- A bolsa estourou! - Coloquei minhas mãos sobre meu rosto. – SAMANUN, A BOLSA ESTOUROU! SOCORRO! – Dei um grito, sacudindo Samanun pelos ombros.

- Se acalma mulher! – Só senti sua mão colidir com meu rosto. Arregalei meus olhos. As meninas também. Song soltou um grito que foi capaz de ser ouvido por toda Nova York.

- NAM! – Ela rugiu novamente, dessa vez entre dentes e me puxou pela barra da camisa que eu usava. – ME LEVA PARA O HOSPITAL, AGORA! – Song rosnou olhando em meus olhos. Mesmo não sentindo as pernas, braços, ou meu corpo, eu ajudei minha mulher a se levantar.

- Samanun, me ajuda aqui. – Pedi e ela segurou Song pelo outro braço.

- Mon, você vai ter que ir pegar as coisas do bebê lá na casa delas. – Samanun falou para a noiva, enquanto andávamos em passos lentos rumo à saída da cafeteria. Song respirava feito um cachorrinho e eu só queria rir, gargalhar, me mijar de tanto rir.

- Mas eu não sei dirigir. – Mon revelou aquilo de uma forma cômica, ou eu que estava ficando louca. Só sei que comecei a rir, gargalhar alto.

- Do que você está rindo, Nam? – Song me puxou pela gola da blusa, fazendo meu rosto ficar próximo ao seu. – Tem alguém rindo aqui? EU ESTOU RINDO NAM? ESTÁ VENDO UM SORRISO NO MEU ROSTO?

- Song, calma... – Samanun disse em sua extrema paciência ao abrir a porta do carro para Song entrar e ela entrou resmungando, Samanun fechou a porta do carro antes que Song pudesse completar a frase que estava dizendo. Muitos palavrões foram ditos nela.

- Kornkamon, pega um táxi. – Eu disse. – Toma aqui as chaves e está tudo no quarto do bebê, uma bolsinha branca dentro do berço.

- Samanun, você dirige, não estou em condições. – Falei ao notar que estava muito trêmula, ela assentiu, nós entramos no carro e ela deu a partida rapidamente.

- Ok, isso não é um treinamento. Inspira... expira... inspira... expira... – Falei inspirando e expirando. Tentando não ter um aneurisma e morrer antes de ver meu filho ou filha nascer.

- Eu já estou fazendo isso, Nam! – Song foi ríspida.

- Estou falando isso para mim, não para você! – Rebati sua rispidez e recebi um tapa na cabeça. Samanun caiu na gargalhada.

- AAAH! MEU DEUS! PARACE QUE TEM UM CACTO QUERENDO SAIR DA MINHA VAGINA! - Song tornou a gritar e agora, esmurrava o banco do carro, tentando transpassar a dor que sentia, enquanto isso Samanun só ria. A hora dela ia chegar e eu estaria lá, rindo.

Em questão de minutos o carro parou. Nós finalmente havíamos chegado ao hospital.

- Sente-se aqui, senhorita. – Uma enfermeira apareceu empurrando uma cadeira de rodas, ao seu lado surgiu Kade.

- Kade? – Song até se esqueceu da dor para transpassar sua curiosidade.

- Sim, eu. Mon me ligou e estava aqui perto, então, já agilizei tudo.

Enquanto Kade explicava, eu e a enfermeira ajudávamos Song a se sentar na cadeira. Nós entramos e logo a obstetra atendeu Song e a levou para sua sala. Samanun veio junto comigo, pois sabia que a qualquer momento eu poderia desmaiar.

- É, mocinha, a hora chegou. – A médica disse, após efetuar os exames. – Vamos para a sala de parto. – Alguns enfermeiros entraram para empurrar a maca que Song estava deitada. – Ah, você. – A médica se voltou para mim. – Vista isso e entre. Vamos preparar tudo e começaremos quando chegar. Se apresse! – Ela me entregou um pacote com as roupas que eu iria vestir e com a ajuda de Samanun, eu as vesti rapidamente.

- Você vai entrar lá como uma menina e vai sair como uma mulher feita. Sua família se completa hoje! Boa sorte, minha amiga! – Samanun falou com lágrimas nos olhos, nos abraçamos rapidamente e eu fui para a tal sala.

Adentrando pela porta vai-e-vem, vi minha esposa rodeada por médicos e enfermeiros. Nunca pensei que para pôr uma criança no mundo precisava de tanta gente.

- A dor diminuiu, amor? – Perguntei em voz baixa, perto do ouvido da minha esposa. Ela voltou-se para mim e sorriu.

- Estou meio drogada, tendo a sensação que estou parindo no meio do show do Bob Marley, mas a dor já não é tão PUTA QUE PARIU! – Song apertou minha mão com tanta força, que senti meus ossos estilhaçarem.

- Você está com 10 centímetros completo, precisamos que você faça força agora - A obstetra disse enquanto colocava uma espécie de vaselina na... lá mesmo, de Song. Minha mão estava gelatinosa, não havia mais um osso sequer inteiro. Song encheu os pulmões de ar e iniciou uma série de gritos, rosnados e grunhidos, no intervalo entre um e outro, ela repetia a respiração de cachorrinho que a obstetra recomendara.

- ISSO NUNCA VAI SAIR POR AÍ! – Song tornou a gritar e começou a me esmurrar. – MALDITA! SE QUISER MAIS UM FILHO QUE SAIA DE VOCÊ! DESGRAÇADA! EU TE ODEIO!

- Força, garota! – A médica tentou ficar séria, após rir do desespero de Song. – Já estou vendo a cabecinha dele! – Ela disse animada e olhava com atenção para o centro de minha esposa. Se ela estava vendo a cabeça do meu herdeiro, ou herdeira, eu também queria ver. Andei um pouco para a frente e olhei para a mesma direção que olhava a médica. Meus olhos fecharam rapidamente, meu estômago embrulhou, senti minhas forças sumirem novamente. Balancei a cabeça para tirar aquela imagem horrível da minha mente e voltei a segurar a mão de Song.

- Isso vai voltar ao normal, não vai? – Perguntei para a médica, me aproveitando do grito que Song estava dando.

- Eu ouvi isso, Nam!

A sala de parto inteira começou a rir.

- Força total agora, ok? É a última vez. Respire fundo, quando eu contar até três você faz força. - A médica instruiu. Song que respirava ofegante, me olhou com os olhos repletos de lágrimas. Meu coração foi estilhaçado nessa hora.

- Você ouviu, amor. É a última vez. Nosso bebê está chegando... - Sussurrei perto de seu ouvido e beijei seu rosto suado, entrelaçamos nossos dedos e ela puxou todo o ar que podia comportar nos pulmões.

- Um.... Dois.... FORÇA! - A médica gritou, junto com Song, que apertou minha mão e com a outra apertou o colchão da maca, soltando toda sua força. Sua voz sumiu, tudo começou a ficar lento, parecia em câmera lenta, de repente, surgiu o chorinho do nosso pequeno baby.

- É um menino! – Exclamou a obstetra, enquanto enrolava meu pequeno anjinho num pano azul. Ela caminhou até mim com meu pequeno garoto em seus braços e me passou ele com muito cuidado, o garotinho que chorava, se calmou ao me olhar. O rosto de Song se refletia nas feições delicadas daquele pequeno anjo que viera completar nossa família.

- Eu quero vê-lo... – Song disse em voz arrastada, abaixei e entreguei em seus braços o fruto do nosso amor. – A família está completa agora! – Ela sorria lindamente e eu que já estava derretida em minhas lágrimas, beijei os lábios da minha mulher, que havia acabado de me dar o melhor presente que eu poderia receber, meu filho. John Vives Poolsak.

Agora eu entendia o porquê da minha esposa não querer saber o sexo. Acho que se eu soubesse, não seria tão surpreendente ver aquela criaturinha tão semelhante a nós. A expectativa de não saber o sexo, transformava nossa imaginação em um universo louco e agora, segurando me filho nos braços, eu via meu universo de pensamentos se concretizar. Enquanto minha esposa descansava, eu segurava meu pequeno mundo inteiro nos braços. Tão delicado, tão pequeno, mas tão amado. Eu seria capaz de dar a vida por esse molequinho. Seria capaz de ir ao céu, pegar as estrelas ou a lua se ele quisesse. Esse garoto, era agora, a peça que faltava para completar o quebra-cabeça que é minha vida com Song. E, no mundo, jamais haveria alegria maior do que a sentida por mim naquele dia.



The Last CoffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora