Música do capítulo: Kodaline - All I Want (deixem rolando por todo o capítulo)
[deem play na música]
Point of view Samanun
Era minha folga; quase seis da tarde de uma sexta-feira, e eu estava na cafeteria, pois não aguentava mais ficar em casa sem Mon, que havia ido ao Jornal organizar alguma coisa que não me lembrava o que era.
Aquela tarde estava um tanto esquisita, não tinha sol, as nuvens cobriam todo o céu, e tudo estava num estranho e agonizante silencio. A cidade parecia estar muda; o tempo parecia ter parado.
Aquela agonia lancinante que me atormentava desde o amanhecer, fazia-se ainda maior conforme as horas longe de Mon iam passando. Por algum tempo, quis acreditar que aquilo não passasse de um mal costume, por estar passando tanto tempo ao lado dela, porém conforme as horas foram passando e aquilo foi intensificando, esmagando meu peito, percebi que algo estava muito errado.
Permitindo-me suspirar, senti meus pulmões fraquejarem, como se estivessem sendo esmigalhados; meu coração galopava veloz dentro do peito.
Esfreguei minhas mãos umas nas outras, fitei minha aliança e senti uma estranha nostalgia me domar, uma sensação que dizia claramente que aquela manhã, quando me despedi de Mon, foi a última de minha vida ao lado dela.
As lágrimas avançaram velozes pelos meus olhos, enquanto eu fitava minha aliança, relembrando-me de tudo que nos aconteceu.
O sorriso dela surgiu iluminando meus pensamentos, pude ouvir a voz dela dizendo: "Sam, tira essa toalha molhada de cima da cama", em meus pensamentos; sorri em meio as lágrimas que já escorriam pelo meu rosto.
Ficar longe da minha menina estava acabando comigo.
- Samanun, está tudo bem? – Nam perguntou, cutucando meu braço. Eu estava debruçada no balcão, tentando controlar minha respiração e minhas lágrimas que escorriam velozes pelos meus olhos. – Você está calada... – Acrescentou ela, bastante preocupada, inclinando-se para me olhar de frente.
Queria responde-la, mas não tinha forças.
- Sam? – Agora, quem me chamou foi Song. Aquele tom de voz tão pacífico, por mais calmo que fosse, me deixou ainda mais desesperada. – Você está nos deixando assustadas... – Ao final da frase, ouvi um grunhido agudo, o que me fez olhar para cima rapidamente. Era o pequeno John, resmungando, no colo da mãe, enquanto a mesma o balançava.
Limpei minhas lágrimas com a manga do moletom preto que usava e sorri da melhor forma que pude; no mesmo instante senti uma pontada no meu coração; uma fisgada tão forte que me fez arregalar os olhos e soltar um gemido de dor agudo e sofrido. Pressionei a região com a mão e puxando o ar lentamente, tentei conter aquela dor forte que me atormentava.
- Beba isso, pelo amor de Deus, você está pálida! – Nam falou apavorada. Surgiu na minha frente um copo de vidro cheio de água; meio trêmula eu o peguei e bebi tudo de uma vez.
- Gente...não estou me sentindo bem. – Foi tudo que consegui dizer, após sentar-me no banco do caixa. Minhas pernas estavam tremendo, junto com minhas mãos. – Sabem quando você sente que algo ruim vai acontecer? Então, estou com isso desde cedo.
- Onde está Mon? – Indagou Song, após ter colocado o bebê John em seu carrinho azul.
- Foi ao Jornal fazer sei lá o que. – Respondi rapidamente, aproveitando-me do ar que tinha nos pulmões, para não deixar tremular minha voz.
- Já falou com ela hoje? – Nam perguntou. Apenas balancei a cabeça confirmando. – Liga para ela, cara, só assim que você vai conseguir ter paz.
Ela tinha razão.
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The Last Coffee
RomanceEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...