Meu território

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Point of view Mon

A cama parecia ser feita de plumas, meu corpo se recusava a levantar daquela nuvem onde eu estava deitada, mas o céu azul que eu podia ver olhando pela janela do quarto, me convidava para sair. O sol aquecia meu corpo como uma carícia de quem a muito sentia falta. A chuva que se derramara noite passada, parecia ter vindo apenas para limpar os tempos de todo o passado e assim, deixar que o sol viesse pela manhã iniciar um novo ciclo.

Ao me remexer, senti a ausência de Sam na cama, era gritante sua não presença. Seu perfume não invadia minhas narinas, suas mãos não seguravam minha cintura e as cortinas estavam abertas. Sentei na cama e estiquei meu corpo, espreguiçando-o lentamente. Minhas juntas se estalaram e meus músculos preguiçosos se esticaram como se estivessem bocejando. Coloquei as duas pernas para fora da cama e impulsionei meu corpo a saltar para fora daquela bola de algodão. Ao pisar no chão, a frieza do piso fez subir por minha espinha descoberta um arrepio lento. Eu estava totalmente nua, minhas roupas estavam espalhadas pelo quarto, sentia no meu corpo o meu perfume misturado com o de Sam, o resultado do nosso encontro de corpos e almas.

Andei na ponta dos pés até o banheiro, onde peguei meu roupão felpudo e macio e o vesti, enrolando o cordão por minha cintura e fazendo um laço desajeitado. Fiquei de frente para o espelho e sorri para o meu próprio reflexo ao ver na minha mão esquerda a aliança em dourado reluzente. Parecia um sonho, mas não era. Eu realmente estava casa com Sam e grávida do nosso primeiro filho. Nada poderia estar melhor.

- Mon? – Ouvi ela me chamar do quarto. – Amor? – Insistiu e eu sorri.

- No banheiro! – Eu disse em voz alta.

- Aí está você!

Ela surgiu na porta do banheiro que estava aberta e encostando-se ao batente, pôs-se a me olhar e sorrir. Seus olhos estavam ainda mais claros naquela manhã, tão penetrantes. Sua pupila tornava-se um ponto de hipnose, impossível olhar para ela e não ficar em transe.

- Dormiu bem, princesa? – Perguntou com doçura.

- Como um anjo... – Respondi dando passos em sua direção. – E você? – Perguntei e logo depois a abracei, recostando minha cabeça em seu peito. Seus braços me cercaram.

- Nunca dormi tão bem em toda minha vida. – Ela riu e beijou o topo de minha cabeça.

- Odeio ser um pouco mais baixa que você. – Ergui meu rosto para olha-la, ela riu.

- Por que?

- Porque tenho que levantar um pouco os pés se quiser te beijar. – Revirei os olhos, Sam soltou uma gargalhada tão gostosa... Céus!

- Não seja por isso... – Ela disse e se inclinou para frente, aproximando nossos lábios.

Segurei seu rosto com as duas mãos e juntei nossos lábios num selinho longo, que se transformou em beijo quando seus lábios deslizaram para o lado, sua língua pediu passagem e eu cedi. Sam envolveu minha cintura com seus braços, colando meu corpo ao dela. Aquele para mim era o melhor lugar no mundo. Eu estava protegida por seus braços, não sentiria frio, pois seu calor iria me aquecer e eu ainda teria seus olhos e lábios para me perder.

O ar foi tornando-se necessário e por isso, separamos nossos lábios e olhamo-nos. O que mais me encantava em seus olhos era a forma que eles me olhavam. Eles me fitavam com deslumbre, como se eu fosse algo incrível, de tirar o fôlego. Mesmo com a cara amassada e com os cabelos meio bagunçados, eu me senti linda, apenas com o olhar depositado em mim por ela.

- Como vai meu filhote nessa manhã? – Sam tocou minha barriga por cima do roupão e acariciou. O hábito de conversar com nosso filho que ainda nem tinha nome, nem sexo, ficava cada vez mais presente. Eu que ria feito uma boba assistindo aquilo, quando me dei conta, já estava chorando.

The Last CoffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora