This feels like falling in love

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Point of view Samanun

"As desventuras começam quando se tem muitos sentimentos por alguém e não sabe se eles são recíprocos", suspirei ouvindo minha própria voz ecoando por meus pensamentos. Tentar tirar Mon da cabeça estava sendo uma tarefa mais do que árdua. Tirar Mon dos meus pensamentos estava sendo como tirar da primavera as flores, o frio do inverno e o calor do verão. Ela havia grudado em minha essência, havia feito do meu coração sua moradia. Em minhas veias corriam a calmaria de um sentimento jamais sentido por mim, eu fechava os olhos e podia vê-la sorrindo para mim. Ela estava nas minhas músicas favoritas, nas linhas dos meus poemas, estava nas flores que via na floricultura na esquina de casa, estava nos personagens dos romances que lia. Ela estava em mim, mas eu não sabia se estava nela. Esse sentimento havia me pego pelo laço e eu nem sequer percebi. Só me dei conta quando vi nossos lábios próximos e me peguei implorando aos deuses que um beijo acontecesse.

Eu estava sentada na mesa mais isolada do bar, na parte mais escura, sozinha. Ela havia ido embora após a luz voltar e aproveitando que ela havia ido, resolvi dar uma volta, no intuito de tentar acalmar o caos que estava em mim. Tentativa falha. Eu olhava para o que acontecia do lado de fora da janela e segurava meu copo de whisky vazio. A porta se abriu e um cliente entrou, o cheiro de Mon invadiu o lugar junto com a brisa fria que vinha do lado de fora. Poderia ser minha total perca da sanidade, ou poderia ser uma mera coincidência de perfumes iguais, seja lá o que tivesse sido, o cheiro dela havia se alastrado por cada centímetro daquele bar. Meu coração de imediato acelerou, as borboletas do meu estomago iniciaram seu voo livre por dentro de minhas paredes, o ar ficou escasso. "Droga!", pensei e ri. Puxei um suspiro profundo para conseguir encher meus pulmões, mas junto com o ar, veio o entorpecente perfume feminino. Todo meu ser se arrepiou e se rendeu à embriagues. O perfume adocicado, entrava por minhas narinas como um antídoto para toda minha amargura. "Como poderia um simples cheiro me deixar tão vulnerável?", eu me perguntava. Fechei meus olhos e pude sentir nas mãos a textura de sua pele macia e delicada.

- Estou ficando louca... - Falei comigo mesma em um sussurro inaudível para o resto dos clientes do bar. Soltei o copo e usei as mãos para massagear minhas têmporas. Do bolso do casaco, tirei dez dólares e joguei sobre a mesa, me levantei e fui caminhando até a porta.

(...)

- ELA DISSE QUE VOCÊ É PERFEITA PARA ELA E VOCÊ NÃO A BEIJOU? QUAL É O SEU PROBLEMA? - Nam praticamente gritou roubando a atenção de todos que estavam naquele restaurante. Foram séries de olhares assustados, incomodados e alguns risos.

- Me lembre de nunca mais te chamar para almoçar. - Falei baixo, me encolhendo na cadeira, meu rosto inteiro estava queimando de vergonha.

- Oh, me desculpe. – Nam falou em voz baixa, sentindo-se envergonhada pelo ato anterior. - Mas, por quê você não fez isso? Você mesma disse que quase se beijaram antes de faltar luz.

Minha amiga me lançou a pergunta que meu cérebro já me fazia. Na verdade, assim que acordei naquela manhã, eu me olhei no espelho e perguntei para o meu reflexo: "Por que você não a beijou, Samanun?". O problema é que eu não sabia a resposta, ou menos eu sabia.

- Não achei justo me aproveitar do momento ao qual estávamos... – Respondi sem a olhar nos olhos.

Por mais que o desejo de sentir os lábios de Mon sobre os meus falasse mais alto, eu simplesmente não poderia fazê-lo, não naquele momento. E o seu relato sobre o ocorrido com o Jamie me fez ter certeza disso. Ela precisava de um ombro amigo, alguém que apenas a ouvisse e a apoiasse. Estava frágil, poderia também estar carente, e beija-la naquela situação não seria a melhor coisa a se fazer.

- E qual seria esse "momento"? – Nam interrompeu o transe do qual eu me encontrava, fazendo aspas com os dedos

- Ela estava me contando que seu ex noivo havia lhe procurado dizendo que queria reatar, depois nós meio que falamos sobre mim e ela ficou sabendo dos meus problemas.

The Last CoffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora