Primeira música: Photograph - Ed Sheeran
Segunda música: LA VIE EN ROSE - Guitar solo______________________________________
[Deem play na primeira música]
* Três anos depois *
Point of view Samanun
A casa estava cheia, festiva e barulhenta. Risos e vozes se misturavam com as melodias natalinas, que pareciam tocar por toda a terra naquela noite de natal.
A neve, que já cobria todas as ruas, caia lentamente em pequenos cristais. O frio que fazia do lado de fora - onde eu estava -, não me incomodava nem um pouco. Encostada na lataria da porta de meu carro, segurando uma taça de vinho, perdida em pensamentos alegres, eu contemplava luzes coloridas, renas e pinheiros enfeitados.
As ruas pareciam tão belas.
Tudo soava tão familiar.
- Aceita um café? - Gentil e doce, uma voz quebrou meu silencio, fazendo aquela oferta. Ergui a cabeça, como se para dizer: É comigo que está falando?
- É por conta da casa. - Acrescentou ela, sorrindo.
Uma garota, de rosto fino, cabelos castanhos e olhar tímido. Na expectativa de minha resposta, seus olhos atentos, observavam meu ponderar. A sutileza daqueles olhos...eu jamais havia sido olhada com tanta doçura.
Fechando meu livro, me pus de pé e alguns passos depois, me sentei em um banco alto de madeira, ficando de frente para ela.
- Não vou declinar de uma oferta como essa, afinal, é café. - Dei o veredito, risonha. Seu olhar tão doce, merecia ser correspondido com algum gesto também amável. Nada melhor que um sorriso.
***
Por um bom tempo, aquela menina do bar - Kornkamon -, foi a melhor companhia que tive. Ela ria de minhas piadas, até das que não tinham graça, ela me ouvia, conversava banalidades comigo e no final de uma longa madrugada, tomávamos café. Como se aquele gesto fosse um aperto de mãos para nós.
Mas a vida é cheia de guinadas, dando sempre muitas voltas.
E nessas voltas, o bar perdeu a bartender, que ia para a faculdade, traçar seu futuro, e nisso, perdeu também uma cliente, no caso eu, que iria para uma editora, publicar meu primeiro livro.
Pensando nisso, eu caminhava em passos tímidos pela calçada, naquele começo de tarde, rumo ao bar, onde sabia que Kornkamon estaria empacotando as coisas.
Os cafés em minhas mãos, que antes simbolizavam apertos de mãos, hoje significaria adeus.
Um despedir silencio, esfriando vagaroso, tornando-se ainda mais amargo. Como um café.
A porta se aproximou rapidamente e de frente para ela, eu encarei vi meu presente se tornar passado, as ruas se apagarem e uma tela branca se estendeu à minha volta.
- Dois cafés amargos para dois corações doces! - Entrei falando, porta a dentro; e em minha entrada triunfal, decorei os traços que não veria mais. Aqueles olhos tão gentis, aquela presença tão amistosa.
Ah... a vida e suas voltas.
A teimosia de uma única lágrima a fez se derramar lentamente por meu rosto, deixando ali, seu rastro molhado.
O tempo...Como o tempo passa rápido!
Parece que foi ontem, quando eu tinha meus 24 anos e estava amargurada.
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The Last Coffee
RomanceEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...