O tempo

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Penúltimo capítulo. Nesse capítulo veremos que o tempo passa, mas o que é para durar, não se desgasta.

Point of view Mon

- Essa é a menina mais linda que já vi no mundo! - Minha mãe sussurrava baixinho, babando sua neta, que dormia tranquilamente em seus braços.

- Acho isso um absurdo! - Sofia resmungou, cruzando os braços e fazendo bico.

- Você também é linda, minha filha. - Meu pai deslizou a mão sobre os cabelos de minha irmã. - Você e Mon são lindíssimas, mas a pequena Aurora também é.

- Olha para ela... - Dona Phon abaixou um pouco seus braços, para Sofia ver a sobrinha.

Os olhos da minha irmã cintilaram.

- Ela é tão lindinha... - Sua voz saiu fina e baixinha - Eu posso segurar?

- Mais uma apaixonada por minha filha... - Sam, que estava dormindo na poltrona ao lado da janela, falou de repente.

- Dormiu bem, amor? - Perguntei em voz baixa, para não acordar nossa filha.

- Mais ou menos... - Ela se esticou. - Senti falta da nossa cama...

Fiquei com pena de Sam, a poltrona já parecia desconfortável de vista, passar a noite nela deveria ser pior ainda.

- Logo vocês irão para casa. - Vivian surgiu falando; ela estava encostada na porta, de braços cruzados, sorrindo suavemente. - Prometo que ainda essa semana libero vocês.

- Graças à Deus... - Sam alongou os ombros, que estalaram audíveis. - Enquanto isso, acho que poderiam colocar uma poltrona que tenha estofamento macio aqui, porque essa... - minha esposa fez careta - Parece ter sido estofada com pedras.

Vivian riu.

- Vou providenciar algumas almofadas. - Disse ela, se desprendendo da porta. - Como está se sentindo, mamãe?

Eu estava me sentindo bem, apesar de meu corpo doer como se tivesse sido atropelado por um trator. Mas apesar das dores agudas, eu estava bem.

- Teoricamente bem... - Respondi hesitante.

- Alguma dor? - Vivian conferiu o soro, que pingava lentamente.

- Inúmeras. - Ri. - Se eu listasse todas, daria mais de duas páginas. Até meus fios de cabelo doem.

- Pelo menos o senso de humor está intacto. - Concluiu Vivian, rindo.

- Quando ela receberá alta, doutora? - Sam perguntou, apoiando os braços nos joelhos.

- Vou dar alguns dias para a cirurgia fechar melhor e depois, vou liberar Mon para ir para casa.

- Alguma recomendação? - Minha mãe perguntou, em voz quase muda.

- Várias! - Vivian a fitou. - Nada de esforço. Repouso absoluto.

- Mais algo? - Indaguei.

Virando-se para mim, ela prosseguiu dizendo: - Alimentação extremamente saudável, afinal você precisa que seu organismo cicatrize o corte da cesárea e precisa alimentar sua filha com seu leite.

No mesmo instante que a palavra "leite" foi citada, uma palavrinha mágica parecia ter aguçado os ouvidos de minha filha, fazendo-a despertar de seu sono e abrir o berreiro.

- Por que ela está chorando? - Sam se levantou, com olhos arregalados. - Ela está bem? Está com dor? Ai meu Deus!

- Sam! - Falei meio alto, o que me fez grunhir de dor.

Vivian me reprovou com o olhar.

- Ela só está com fome... - falou minha mãe, passando minha filha para os meus braços.

The Last CoffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora