Depois da tempestade, vem a avalanche.

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Point of view Kornkamon

- Ally, me perdoe pelo atraso, tive uma noite horrível! - Já adentrei a sala de minha chefe me justificando. Marcavam quase 10h da manhã, eu havia esperado a médica liberar Samanun para sair tranquila daquele hospital. No meio de tanta loucura, acabei me esquecendo de ligar para Ally avisando que me atrasaria.

- Relaxa, Mon. Kade me ligou hoje bem cedo e me contou resumidamente o que ocorreu e avisou que você certamente se atrasaria. - Ela sorriu gentilmente. Relaxei os ombros e me sentei em sua cadeira. Kade salvadora da pátria! - Está tudo bem com sua amiga? - Perguntou referindo-se à Samanun.

- Está sim, mas foi por muito pouco.

- É, eu fiquei sabendo. Ela aparenta ser uma pessoa boa, mas também aparenta estar bem perdida no mundo.

- Ela é uma pessoa incrível, você adoraria conhece-la.

- Mas você à conheceu na entrevista, como tem tantas afirmações assim sobre ela?

- Quando você disse 'Sarocha', eu não reconheci, mas quando ela chegou naquela cafeteria, percebi que a Sarocha não passava da Samanun que eu conheci há anos atrás, quando ainda trabalhava no bar.

- Mentira? Que coincidência, hein! - Riu. - Mas não sabia que o nome dela era esse.

- Ela se chama Samanun Anantrakul Sarocha e usa o Sarocha como nome artístico. - Expliquei.

                   - Uma semana depois -

Pilhas e mais pilhas de folhas sobre a mesa, canetas para todos os lados e minha mente mais vazia que meu estômago, que roncava alto. Nenhuma ideia brotava, estava tão sonolenta, que mal conseguia manter os olhos abertos. Noite passada tive uma briga daquelas com Jamie e acabei não conseguindo pregar os olhos. Por que nós brigamos? Porque Jamie insiste na ideia de querer que nós nos mudemos para Alemanha. Senti o ar pesar só de lembrar de estar repetindo a mesma discussão há meses. Soltei meus cabelos e balancei lentamente minha cabeça, deixando que os fios caíssem sobre minhas costas, recostei na cadeira e inclinei minha cabeça para trás, encostando a mesma no descanso da cadeira. Cada músculo do meu corpo reclamava e implorava por descanso.

"A escritora Sarocha anunciou hoje que seu novo livro está muito próximo de ser lançado e os fãs já aguardam com ansiedade".

A voz da repórter se reproduziu vindo da TV que estava ligada. Fiquei orgulhosa por saber que Samanun havia terminado seu trabalho e que logo teríamos acesso à ele, e isso me fez lembrar que há uma semana nós não nos falávamos, nem nos víamos. Ela estava enrolada em trabalhar e se recuperar do acidente. Minha vida também estava uma loucura, muito trabalho e pouco tempo. Ergui meu corpo para fitar meu celular pousado sobre minha agenda. "Ligar ou não ligar?" era a pergunta que girava em meus pensamentos. Peguei o aparelho e abri o número de Samanun, meu dedo deslizou pelo botão de chamar sem meu consentimento.

- Alô? – ela atendeu no segundo toque emitindo sua voz rouca por meus tímpanos.

- A senhorita escritora gostaria de tomar um café comigo hoje? Faz tempo que não nos vemos. Sinto sua falta. – Falei rapidamente e ri ao final.

- Oi, Mon, quanto tempo! – Deu pra ouvir sua risada abafada.

- Mon? – Mordi meu lábio inferior mesmo sabendo que ela não veria. – Já disse que gosto quando me chama assim?

- Não, Mon, mas é ótimo saber que gosta. – Enquanto ela dizia, ouvi umas risadas no fundo e as vozes de Song e Nam se misturando dizendo algumas coisas como "Olha só, ela está vermelha!", "Que gay, Samanun!". Tentei não rir, mas acabei soltando uma gargalhada.

The Last CoffeeOnde histórias criam vida. Descubra agora