CAPÍTULO 6

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Keyrdan Jane

Olhando para a estrada com meus olhos marejados e minha boca seca, sinto meu estômago revirar. Só de pensar em me relacionar com alguém novamente, me traz lembranças horríveis sobre o que já vivi!

E agora, aos meus olhos, todos os homens são iguais a Derryn.

Só de pensar nesse nome já fazia minhas vistas ficarem turvas. Eu consegui esquecê-lo! E por ora me sentia bem por isso. Mas na calada da noite, era as memórias com ele que invadiam minha mente.

Não vê-lo por esses anos, foi simplesmente maravilhoso. Mas agora, eu estava noiva? E com quem? Quem seria aquele homem?!

Eu sentia que a qualquer minuto minha cabeça iria explodir. Os nós de meus dedos estavam brancos, de tanta força que apertei o volante. Eu nunca deixei e nunca deixaria meu trabalho assim e simplesmente sair. Mas agora, é diferente.

O toque do celular soa e aparece a notificação no painel do carro. Era Lana.

_ Oi, Lana. Aconteceu alguma coisa com a Key? - pergunto já ficando tensa -

_ Ah, oi chefe! Bom.... Eu não sei se eu deveria falar isso mas, a sua amiga está aqui, e quer levar a Keylan. A senhora a mandou?

Com a correria, fugiu totalmente da minha cabeça que mandei Selena buscar Keylan para mim. Merda!

_ Ah, sim sim! Por favor avise ela para não ter pressa. A conversa com meu pai vai ser longa e, sei lá, não quero que a Keylan veja isso.

_ Tudo bem. - podia sentir a hesitação dela reverberar pelos altofalantes do carro -

_ Mais alguma coisa Lana?

_ Bem, sim. - ela abaixa a voz e consigo imaginar o rostinho da minha filha - A Keylan está se sentindo um pouco sozinha nos últimos dias, senhora Jane. Ela não está comendo muito, e pergunta sobre você o tempo todo. - a voz dela fez meus pelos se eriçarem -

Minha filha sentia minha falta. E eu a estava excluindo de minha vida! Por mais que eu tente mantê-la o mais próxima de mim, ainda me sinto insuficiente para juntar trabalho e maternidade na mesma frase!

Meu sangue gelou quando um filme passa pela minha mente.

Ela não tem um pai. Ela não sabe o que é ter um... e eu não quero que ela tenha. Não quero que veja o quão horrendos e sujos são os homens. Nem com meu pai ela tem tanto contato assim, e eu sei que isso é errado.. mas não consigo evitar!

Eu quero proteger a minha filha de tudo! Quero prevenir para que ela não passe pelo que passei. E sei que não vou conseguir mantê-la longe do sexo masculino para sempre. Mas até lá, ela não vai falar com outros homens.

_ Eu... - um suspiro entrecortado escapa de meus lábios - eu sei Lana, eu juro que sei. Eu vou melhorar, eu prometo! Só.... Tenta alimentar ela corretamente e cuidar direitinho por favor!

_ Claro! Eu farei o possível. Obrigada senhora Jane, até breve!

Desligo a chamada e novamente o silêncio me invade. Um silêncio perturbador que perfura meu crânio e transparece em meu cérebro, implantando aqueles pensamentos novamente.

Porque meu pai me noivaria? E sem me falar.... Faz quase seis meses que eu não o via. A decepção era esmagadora. Novamente, ele fez coisas pelas minhas costas.

_ Quem ele pensa que é? - murmuro para mim mesma e desço o olhar para meu pulso, onde se encontrava minha cicatriz mais traumatizante. Inspiro, suspiro, inspiro, suspiro... e não consigo esquecer -

Meus olhos se enchem quando os sons do vidro se quebrando invadem minha memória. A queda foi brusca e seca, tão forte que precisei de dias para me recuperar! E agora, eu iria levar esses trinta e seis pontos no pulso, até o túmulo.

PARADISE In My Nightmare...  +18Onde histórias criam vida. Descubra agora