CAPÍTULO 17

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Dêem muito amor! <3

Keyrdan Jane



_ Me solta! - grito com todas as minhas forças, quando a mão áspera e calejada dele sobe para meu decote - Você é louco?!

_ Cala a porra da boca, Keyrdan! Isso não vai doer… - uma risada seca - Muito.

Com os resquícios de consciência que me restam, piso fortemente em seu pé, sentindo o salto pisotear com força seus dedos.

Ele solta um grito rouco e se afasta, me dando a brecha de que preciso para me afastar e aproximar da porta.

_ Vai correr para contar à eles? - meus pés param e com os olhos vidrados, me viro para para ele - Você é tola, Keyrdan?

_ Do que está falando? - me viro completamente e observo suas olheiras fundas contrastarem com o sorriso amarelo.

_ Acha mesmo que eles vão acreditar em você? Sou seu pai, menina! - Ele grita alto - Estou bêbado, Keyrdan! Vão pensar que você está ficando louca.

As palavras dele me cortam como uma faca em chamas. Ninguém acreditaria em mim… ele é meu pai. Mas isso não justifica e nunca justificaria o que ele acabou de fazer.

Dou um passo a frente instantaneamente mas, me detenho ao ver o olhar lascivo que ele lança sobre mim. A meus seios.

_ Eu já disse que você é deliciosa? Você é… deliciosa, Keyrdan!

Ao falar, é como se ácido estivesse saindo da boca dele e vindo diretamente a meus olhos, que se enchem.

_ Seus… peitos... - ele aponta para meu decote e uma onda forte me derruba no chão - São lindos. Sempre foi você, Keyrdan! Desde que voltou! Sabe como é difícil esconder isso? - ele dá um passo a frente.

Uma onda enorme de repulsa toma conta da minha consciência, não sou mais eu. Não vou deixar que ele fale assim comigo.

Ele é meu pai.

Não. Ele deixou de ser, cinco minutos atrás.

Um rosnado escapa de meus lábios ao sibilar palavras impróprias. Avanço para cima dele e aprofundo as unhas em seu pescoço. Com uma raiva indecifrável, empurro ele para trás e sinto seu sangue umedecer as pontas de meus dedos.

_ Nunca mais ouse falar assim comigo! - grito alto, fazendo meus tímpanos estalarem e desço minhas mãos para sua clavícula, deixando um rastro vermelho sangue para trás.

As mãos calejadas de Kaysson agarram meus pulsos me puxando para fora de si, o que é basicamente impossível… não estou mais no controle de mim.

Você é deliciosa, Keyrdan!"

Seus peitos são lindos."

Meu corpo se movia com vida própria! Sinto meus dedos arderem com a força que coloco. Com minhas próprias unhas, rasgo a pele do meu pai. Com minhas próprias mãos, começo a enforcá-lo.

Me obrigo a soltar e, com os olhos brilhando, me afasto.

_ Você é louca? - ele engasga com as próprias palavras enquanto luta para recuperar o fôlego. Tosse uma, duas, três vezes e cai de joelhos no chão, sem forças.

Uma dor forte me atinge com toda a força quando me vejo de pé, a frente do meu pai quase sem ar. Por minha causa.

Eu não sou assim.

Mas ele pegou no meu corpo!

O sangue escorre por cada lado do pescoço dele e, imediatamente abaixo o olhar para minhas mãos, que estavam manchadas no mesmo tom. Em choque e sem saber o que dizer, dou um passo para trás… e outro, e outro.

_ Você está achando o que? - ele grita ainda sem fôlego e um tilintar agudo ecoa por todo espaço do bar.

Como se fosse nada, o vidro do teto solar se quebra em milhares de pedaços que caem diretamente no meu pai. O barulho é tão ensurdecedor que me vejo caída no chão a centímetros de distância.

Meus tímpanos doíam conforme o barulho do vidro se quebrando ecoava por minha mente. Com as vistas turvas, rastejo para o meio do campo minado de cacos e fragmentos quase que por impulso.

Meu pai está ajoelhado com sangue escorrendo por entre os cabelos grisalhos.

_ Pai! - grito com os olhos já lacrimejados conforme uma onda de vergonha e arrependimento me invade - Pai, por favor, olha para mim! Me desculpa!

Minha voz estava trêmula enquanto me aproximava do meu pai encolhido no chão. Eu podia sentir minhas mãos se cortando com o vidro, mas isso não importava agora! A única coisa que eu via era meu pai tossindo no chão, o resto era um borrado de marrom e cinza.

Como se brotasse do chão, algo preto surge atrás dele, erguendo uma lâmina prateada que reluzia os últimos resquícios do sol da tarde. Um homem que no momento não deduzi o rosto e muito menos o corpo, meu coração apenas gritava: “Corre daí agora!”

Mas eu não podia deixar o meu pai!

_ O que aconteceu? - são últimas palavras ditas por Kaysson, antes da lâmina cortar vento e num rugido dividir a espinha do meu pai ao meio.

Um grito horrível sai da minha boca, um grito que nem mesmo eu consigo decifrar!

Com os olhos vidrados, meu pai tomba para o lado molhando todo o piso amadeirado num vermelho escarlate potente. Ao cuspir sangue, dava para ver a vida esvaindo de seu corpo como fumaça. Me sobe um arrepio na espinha ao ouvir o som agoniante do metal afiado e reluzente saindo de dentro dele.

Meu mundo cai aqui.

Sigo o olhar para cima mas me recuso a olhar o rosto do homem… que agora, segurava um machado pingando o sangue do meu próprio pai!

Começo rastejar na direção contrária cortando minhas mãos aos tropeços, enquanto meu coração explodia dentro de mim. A ardência do vidro em minha pele parecia não ter efeito! Ainda mais quando vejo minha filha ajoelhada na porta com os olhos brilhando.

_ Mamãe, o que é aquilo? Quem é aquele homem? - sua voz estava distante, o som da cena de assassinato ainda bombardeava em minha mente.

Meu vestido começa pesar conforme o sangue o encharcava. Corro para Keylan com os últimos indícios de força que restavam no meu corpo. Abraço minha filha junto ao peito, enquanto me levanto e a puxo para fora daquele cenário de carnificina.

_ Mamãe? - sua voz sai abafada por meu cabelo enquanto corro desesperada, cruzando o gramado.

Podia ver pelo canto do olho todos os convidados para fora do salão, todos aterrorizados olhando para uma única coisa. O corpo inconsciente do meu pai no chão do bar.

Me viro para trás e os olhos do monstro se cruzam com os meus, a máscara horrenda vidrada em mim, parado aos fundos do bar… ele ergue o machado mais uma vez e os gritos das pessoas invadem minha mente.

Não estavam gritando pelo homem e sim por meu pai. Não viram o homem… Simplesmente não o viram!

Não consigo pensar direito agora, corro com tudo para o meio das árvores com Keylan ainda agarrada a mim… não estou mais no parque, e eu sei disso.




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