CAPÍTULO 2

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Não. Ela não estava pronta para voltar a Londres. Depois de seis anos, os piores anos ja vividos... Keyrdan tinha medo de rever a família. Sair de casa, tão jovem para ir viver com aquele traste.

Viver com Derryn, foi sua pior experiência. Ela sentiu o poder de seus atos repentinos... sentiu o resultado de suas escolhas passadas, na própria pele. E se arrependimento matasse, ela não estaria viva ha um bom tempo.

Fugir do apartamento foi facil. Ela não se importou em levar todos os pertences, e com apenas uma mala, seguiu para o aeroporto mais próximo.

Comprou uma passagem de última hora e alçou vôo.

_ Calma, eles vão te aceitar! Eu espero... - Key conversava sozinha durante todo o vôo. Depois de praticamente trair os pais, ela torcia e rezava para que a aceitassem de volta -

_ Você está bem moça? - um garoto de cabelos castanhos e olhos azuis, sentado ao lado dela, a encarava com curiosidade - você parece estar com medo.

_ E eu realmente estou... - ela pensou duas vezes antes de se abrir para uma criança. Mas quem ligava? A mãe dele, sentada na outra poltrona, dormia pesadamente -

_ Oque você tem?

_ Eu estou nervosa, cansada, machucada e com medo. Alguns anos atrás, deixei minha família por causa de uma pessoa. E me machuquei muito... e agora estou voltando! Voltando pra casa tentando ignorar o que aconteceu durante esses anos! - ela falava com os olhos cheios, encarando as nuvens ao lado de fora -

_ Eles são seus pais... e tenho certeza que ainda amam muito você, e sentem sua falta! - ela nunca pensou que receberia conselhos de uma criança, de no máximo, 7 anos -

Mas ficou feliz.. principalmente ao se lembrar que tinha outra vida se desenvolvendo dentro de si.

✨🌪️



Ver a luz do sol era algo esplêndido. Sua pele pálida não via a luz e o clima, fazia exatos sete meses. Ele a manteve trancafiada naquele cubículo por sete meses.... só de lembrar disso, dava arrepios em Keyrdan.

Ela fingia não notar, mas era mais que perceptível os olhares sobre ela. Key sabia que seu estado não era dos melhores... o lábio ressecado ainda ardia. O olho levemente roxo por causa do murro de dois dias atrás. Fez oque pôde para prender os cabelos em um coque e não assustar muita gente. Vestiu o máximo de agasalhos que conseguiu, não só pelo frio de sua cidade natal, mas também para esconder os muitos ematomas e cicatrizes.

Ela estava desastrosa! Mas no momento, tudo oque queria, era ver sua familia novamente.

Após pegar um táxi e chegar no bairro de sua casa, onde todas as casas eram de luxo, ela caminha pela calçada desejando nunca ter nascido.

Olhava em volta e se lembrava das muitas amizades que ja teve naquele bairro. Das muitas pessoas que conhecera e a vira crescer! E que agora, talvez, nem se lembrassem mais dela.

"Talvez, só talvez, eles ainda queiram me ver! Talvez... eu não seja uma decepção completa!" Ela pensava consigo mesma.

Ao pisar no gramado do jardim, e ver toda a decoração, os muros, os portões dourados... tudo! Tudo levou a Keyrdan uma avalanche de memórias, arrependimentos e tristeza.

Teve sorte de os seguranças ainda lembrarem dela. E ficou incomodada, ao passar pelo portão e sentir os olhares arregalados a encarando por trás.

Ela caminhou pelo caminho de pedras, observando a casa luxuosa que um dia fora parte da promessa de sua futura herança. Um jardim tão enorme, quiosque, piscinas... tudo aquilo seria dela! Incluindo os três andares de mármore que tinha dentro da mine mansão. Tudo seria dela, se Key não tivesse fugido de seu destino.

Um latido a tira de seus muitos pensamentos. Jason. Tantos anos tinham se passado que ela nem se lembrava do filhote! Que agora, não era mais filhote. Era um adulto, e se recordava dela e de seu cheiro, pois correu em sua direção e a derrubou antes que alcançasse a campanhia.

_ Oi garotão!! Ahh como você cresceu Jason! - ela ri e escova o pêlo escuro do Rottweiler, que enchia o rosto dela de beijos molhados - você se lembra de mim meninão? Se lembra? - ele parece latir em resposta, tirando outra risada de Key -

Tirando a atenção de Jason, ela escuta passos se aproximando da porta da frente. O sangue de Keyrdan gelou, e seu coração quase para quando a porta começa se abrir.

Em um rangido, as enormes portas brancas se abrem, e la estava ele. Os olhos da garota se enchem com facilidade, ao vê-lo.

Ele continuava o mesmo.. nunca mudou. Era a cópia de Keyrdan, na versão masculina. Mais forte, mais alto, mais adulto. Ele estava lá.. sempre esteve! Sempre esteve esperando por ela. Se controlando para não alçar voo e ir tirá-la das mãos imundas de Derryn!

Por anos ele mandou mensagens, fez ligações e Key sempre ignorou.. sempre disse que estava tudo bem, mesmo não estando. Sempre falou para ele ficar em casa e não a visitar. Pois sabia que se o irmão tivesse ido ao Canadá, Derryn não sairia impune disso.

_ Key..? É você mesmo? - ele a ajuda a se levantar e examina todo o físico dela com os olhos surpresos e assustados -

_ Acho que... acho que sim. Sou eu. Me desculpa Key... me desculpa! - ela sussurra em meio as lágrimas e o mesmo a puxa para um abraço forte.

Ela não queria admitir, mas não estava escrito a falta que sentia do irmão. Durante toda a vida dela, Keylan fora seu único amigo de verdade! A única pessoa que a entendia! Seu único companheiro até Derryn ser jogado em sua vida. Os braços fortes do moreno a pegaram com força, como se ela pudesse sumir novamente! Como se keyrdan fosse dissolver em seus braços e ele a perderia mais uma vez!

_ Você.. poxa Keyrdan você esta péssima! - as mãos fortes de Keylan acariciava o rosto dela, limpando suas lágrimas de saudade, e finalmente beijando sua testa - foi aquele marginal do Derryn, não é? Eu vou dar um jeito nele agora mesmo!

_ Não! Está tudo bem Keylan... - a garota o abraça novamente e depois de anos, se sente bem - eu senti sua falta...

O abraço era reconfortante... maravilhoso! Finalmente poder tê-la em seus braços de novo. Keylan nunca mais ia deixá-la ir.

_ Eu também irmãzinha...

_ Que barulheira é essa, Keylan?

Aquela voz tirou Keyrdan de seu transe emocional, e a colocou em outro. Os olhos severos e com um toque de preocupação, se arregalaram ao ver ela.

_ Oi pai...


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PARADISE In My Nightmare...  +18Onde histórias criam vida. Descubra agora