Capítulo 54

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Capítulo não revisado.



Northumberland, Setembro 1984

      



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Algumas horas atrás....

     Ouvi os passos nas escadas, o sabor a metal cada vez mais se intensificava na minha boca. Era sangue, ele estava coberto de sangue. Rapidamente me tapei fingindo estar a dormir. Richard abre a porta do quarto tentando não fazer barulho, mas parou no meio da sua ação. — as vezes esqueço-me que partilhamos literalmente quase tudo que sentimos.

       — Sei que não está dormindo. — tirei a manta da cabeça lentamente. O fitei dos pés à cabeça. Como imaginara, ele estava sim coberto de sangue, era tanto sangue que uma vez mais, eu tive de controlar minha ânsia para não correr para o banheiro e vomitar. — Tenta respirar também pela boca, vai melhorar o seu mau estar. — falou.

Havia uma calma regular em seus olhos e a sua postura não era a mesma do Richard que eu conhecia. Ele claramente estava cansado, pensativo e distante. A forma como ele controlava seus sentimentos e suas feições beirava a perfeição. Mas os seus olhos, as vezes conseguiam ser mais comunicativos que toda aquela partilha. Seu olhar outrora gélido nesse momento era um breu gigantesco. Não havia vida neles, existia apenas um nada.

        — Você matou-o....? — indaguei imersa em minhas próprias ilusões.
Era óbvio que Joseph morreria.

        — Sim. Já sabia que eu o faria Nia. — disse condescendente. — Vou tomar banho, quer se juntar a mim? — ele falou me estendendo a sua mão. Respirei fundo, devia negar mas eu não queria estar em outro lugar se não em seus braços.

      Desci da cama me desfazendo da minha roupa de dormir, peguei na sua mão e fomos juntos ao banheiro.

(.....)

      Fizemos cerca de uma hora, Richard deixou que eu o lavasse. Tirei todo aquele fedor de sangue morto passando a esponja várias vezes por todo seu corpo. Enquanto eu o lavava, tentei sentir algo mais dele, além daquela indiferença, mas a única coisa que havia era um vazio. Quando ele percebeu que eu estava a tentar fazer uma leitura de si, limitou-se a sorrir.

     Uma lágrima quente escorre por minha bochecha, transbordando grande parte do meu tumulto interno por todo esse horror.

      — O que se passa? — ele pergunta enxugando minhas lágrimas. Eu não digo nada, apenas continuo esfregando o seu peito sem coragem de encarar sua face. — Eu sei o que você sente, mas preciso que me digas Nia.

      — Eu não consigo entender. Sei que és bom, sinto isso.... Mas também sinto o vazio que você carrega dentro do peito e me preocupa! — sou sincera. — Não é você quem decide quem deve ou não morrer!!

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