XXVII

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Algumas semanas havia se passado desde que eu queimei toda aquela vila. As pessoas que ajudavam nas pesquisas dos nosso pais conseguiram fugir, mas não por muito tempo. Eu cuidei para que isso não acontecesse no futuro novamente. Ava e os outros ainda estão a solta por aí, temo que nossos problemas ainda não acabaram totalmente.

Naquele dia, meus pais chegaram algumas horas depois que todo o fogo já tinha se apagado. Eles pareciam desesperados por não conseguirem achar meu corpo no meio de todo os destroços, e mesmo que meu pai soubesse que eu poderia estar viva e ilesa, a expressão de medo no rosto dele era perceptível.

Eu optei por não voltar para a vila naquele dia, por motivos óbvios. Agora que eu era uma aberração que precisa comer carne humana constantemente, o Tobirama não iria me tratar como antes, talvez ninguém faça isso e eu entendo. Mas até eu achar uma solução para o meu problema, achar a Ava, ainda não poderia ir para casa.

A luz ainda queimava meus olhos, mas eu ainda tinha os óculos que o pai do Bruce havia me dado antes daquilo tudo.

De todo modo, era uma dor forte e aguda, só não era pior do que evitar comer carne. Tudo tinha mudado, e com esse nível de mudanças, aquela coisa dentro de mim ficava cada dia mais insuportável e incontrolável, mas tudo se mantinha estável desde que eu a mantivesse saciada.

Era nojento e repugnante ter que viver assim, eu me sentia um animal selvagem, mas que outras escolhas eu teria?

Nesse momento, eu estava no topo de uma árvore, abaixo de mim, havia um grupo de pessoas com capas brancas conversando, os novos aliados ou ajudantes da Ava.

-- Vamos logo com isso, a chefia mandou que voltássemos antes do sol se pôr com tudo que ela pediu.

-- Eu não sei pra que essa mulher maluca precisa de tantos animais assim - Ele resmungou, colocando um coelho desmaiado no saco. - O que caralhos ela faz com isso tudo naquele maldito celeiro?

-- Estamos sendo pagos para isso, então cala a boca e faz o seu trabalho sem reclamar.

Um celeiro é? Isso é uma informação ótima comparado aos vários nada que eu consegui semana passada.

Assim que eles pegaram todos os animais e foram seguindo para longe da floresta, eu desci da árvore e acompanhei em uma distância grande para não chamar atenção.

O vilarejo ficava na direção oposta da que estávamos indo, então suponho que ela esteja usando o celeiro de uma fazenda. Ava não seria burra de construir um celeiro no meio do nada.

Um dos homens começou a cantar baixo, enquanto puxava uma carroça com um alce em cima. De repente, esse homem parou e olhou para trás, tenho certeza que ele me viu antes que eu pudesse me esconder.

-- Pessoal, tem algo nos seguindo... - Ele avisou.

-- Eu não vejo e não ouço nada.

-- avisando, tinha algum bicho atrás de nós, ele tinha olhos dourados e...

‐- Estava andando em duas patas? - Um cara debochou.

O som de tapa ecoou no ar. Continuei escondida atrás da árvore e segurei o cabo da kunai mais firme.

Laços de sangue (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora