Capítulo 10

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Park Sunghoon.
Sexta-feira, 5 de abril.

Eu ainda estava um pouco enfraquecido, claro, não fazia muito tempo que eu havia desmaiado é a minha única ilustre companhia era ninguém mais ninguém menos que Oh Misuk, que contava quantos gatinhos ela via na rua. Ela andava saltitando (o que eu achava irritante e bonitinho ao mesmo tempo) olhando ao redor e apontando as coisas mais aleatórias possíveis, ela não calava a boca, como uma criança que acabou de aprender a falar e agora não para mais.

—Sete gatinhos.— Ela apontou para um bichano branquinho na rua que correu e se escondeu assim que ela apareceu. —Parece com você.

—Eu não era um poodle?

—Ainda é, mas o gatinho era pálido e medroso, igual a você.

—Não sou medroso.— Franzi o cenho.

—Você tem medo de mulher.— Ela riu.

—Não tenho.— Cruzei os braços. —Me prove que eu tenho medo de mulher.

Misuk se calou, olhando para o lado oposto a mim, antes de se virar bruscamente e exclamar:

—Booh!

Eu nem ao menos me mexi.

—Ooh, que medo.— Falei de forma irônica. —Mulheres não me dão medo.

—Vou te dar uma chave de braço.

—Não faça isso, por favor.

—Tá vendo? Você tem medo de mim!

—Não tenho.

—Tem sim!— Ela gargalhou. —Você tem medo de mim e da senhora Jeon.

—Eu não tenho medo da senhora Jeon! Tenho respeito por ela porque ela é uma mulher mais velha, é diferente.— Revirei os olhos cruzando os braços. —Não tenho medo dela.

—Mas pelo o que eu me lembro bem, você saiu todo assustadinho naquele dia que a gente brigou pelo seu suéter.— Ela cruzou os braços, sorrindo. —E a senhora Jeon só falou pra você voltar pra o ringue, engraçado, não?

Fiquei em silêncio por algum tempo.

—Eu não tenho medo dela.

—Sim, e eu sou um pato.— Ela ironizou.

Finalmente chegamos em frente a minha casa, eu parei de andar e Misuk fez o mesmo, olhando para mim com aquele sorriso estúpido.

—Boa noite, Misuk.— Falei, desviando o assunto.

—Boa noite, medrosinho.

—Medrosinho? É sério?— Ergui minha sobrancelha. —Eu preferia quando você errava meu nome constantemente.

—Não, medrosinho é muito melhor.— Ela soltou uma risadinha estranha sem abrir a boca. —Boa noite, Sungmin.

Suspirei pesado, indo até a porta de casa.

—Eu já desisti de te explicar que meu nome é Sunghoon.— Abri a porta, dando uma boa olhada em Misuk, me esforçando para fazer um olhar reprovador. —Cuidado com a rua.

—A rua que tem que ter cuidado comigo.

Eu tinha algumas perguntas na cabeça, mas decidi não desenvolver nenhuma delas, apenas acenei com a cabeça de leve e entrei em casa, fechando a porta atrás de mim. Suspirei, agora com certeza (ou quase isso) eu não vou precisar ver Misuk de novo, é fácil, é só eu evitar ir para a casa de Heeseung nos fins de semana e recusar qualquer rolê que ele ofereça envolvendo uma garota.

(...)

O dia de sábado parecia estar perfeito, eu já tinha minha mochila de volta, meus pais estavam organizando um churrasco aqui em casa que eles faziam uma vez por mês, chamando a família e alguns amigos para comer churrasco e nadar na piscina aqui em casa. Eu geralmente passava esses dias impedindo que meus priminhos viessem a se afogar, servindo de bobinho nas brincadeiras deles e sendo vítima de vários comentários das minhas tias sobre ser um garoto tão bonito sem nenhuma namoradinha. E sim, eu concordo, eu sou um grande gostoso, mas sinceramente nenhuma garota ou garoto tinha sido de meu agrado até então, então eu estava esperando pela a pessoa certa, que estivesse talvez bem abaixo do meu nariz.

—Ela é legal, eu conversei com ela um pouco.— Ouvi minha irmãzinha Yeji, conversar com minha mãe enquanto descia para pegar água.

—Ela é uma garota tão doce, vai ser legal chamar ela e os pais.— Minha mãe completou a fala de Yeji. —E ela tem a idade do Hoonie.

Era comum essas conversas acontecerem antes do churrasco, minha mãe e Yeji chamando alguma amiga delas. Eu preferia não fazer o mesmo, porque da última vez que meus amigos compareceram, Jake e Heeseung flertaram com a minha prima e o Jay ficou fazendo piada de tiozão e fazendo churrasco com o meu pai, foi estranho. Eu rapidamente voltei para o quarto, colocando um calção de banho e uma camisa de sol branca, já que minha mãe e Yeji haviam mencionado a presença de uma garota que não era da família, eu preferia não ser indecente.

Desci as escadas rapidamente, indo até o quintal e me sentando na borda da piscina enquanto meu pai preparava a churrasqueira. Eu já podia notar a movimentação das minhas tias e seus mini diabinhos chegando, eram eles: Yuri, menina, quinze anos, Haneul, menino, treze anos, Haeun, menina, nove anos, Youngjoon, menino, oito anos e Hanbin, menino, seis anos. Tudo isso de criança junto com Yeji, de doze anos, resultava em uma dor de cabeça para mim e Yuri, mas principalmente para mim por ser o primo mais velho. Não demorou muito para que eu sentisse duas mãozinhas me empurrando para dentro da piscina, só podia ser Youngjoon.

—Vocês já começam o dia me pregando peças, é?— Falei, passando as mãos pelos cabelos molhados.

—Você tava quietinho demais.— Youngjoon riu, se jogando na piscina.

—Youngjoon e Yuri, digam oi para os seus tios.— A minha tia ordenou, vendo os bracinhos de seu filho se alojar ao redor de meu pescoço enquanto o menino subia nas minhas costas.

—Oi tio, oi tia.— Os dois disseram em uníssono, Yuri estava olhando para o celular.

Haeun e Hanbin pularam na piscina, Haneul se sentou no chão, jogando seu videogame. Yuri se sentou em uma mesa, conversando com Yeji, enquanto eu tinha que lidar com as crianças.

—Youngjoon, é minha vez de subir nas costas dele!— Haeun reclamou.

—Não, é minha vez!— Hanbin reclamou, flutuando pela a água com um par de boias em seus braços.

—Podem parar de fazer bagunça, eu tenho que mergulhar ainda.— Falei enquanto Youngjoon se soltava de meu pescoço.

Afastei a camisa branca um pouco do meu corpo, ela estava colando na minha pele, baguncei o cabelo de leve antes de me abaixar para mergulhar na água. Lentamente fui até a superfície, chacoalhando minha cabeça para tirar o cabelo molhado do meu rosto, passando a mão nos fios logo em seguida. De repente, ouvi uma risada familiar, ah não, me virei para ver quem era, e então, meus olhos se encontraram com os que eu mais temia olhar.

—O que você tá fazendo na minha casa?— Perguntei.

Misuk empurrou os óculos para cima levemente, ela usava um short de praia laranja neon (eu não sei porque ainda estou surpreso com essa falta de estilo) e uma camisa branca com duas tartarugas desenhadas no que pareciam ser marcas de polegares com tintas rosa, amarelo e laranja neon com o escrito "Puerto Vallarta" acima do desenho, isso fora um par de sandálias em seus pés, que eram da mesma cor dos shorts. Como diabos a minha mãe conhecia Oh Misuk e os pais dela?

—Oi medrosinho.— Ela riu.

—Medrosinho?— Yeji murmurou enquanto ela e Yuri se encaravam e riam.

Droga, eu estava ferrado.

Sweater WeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora