Capítulo 25

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Oh Misuk.
Segunda-feira, 1 de julho.

Que merda foi aquilo?

Eu sei que eu faço besteira, mas o que aconteceu na roda gigante pareceu uma besteira diferente. Não que eu esteja exatamente reclamando, mas talvez ser beijada pelo Cha Eunwoo versão poodle/maltês/pinguim que há dias atrás estava agindo como se te detestasse não era a coisa mais normal do mundo.

Quer dizer, não que eu odeie situações anormais, mas isso é discussão pra outra ocasião.

—Desculpa.— Sunghoon murmurou cobrindo a boca com a mão.

Observei seu rosto pálido ficar vermelho gradualmente enquanto ele cobria o rosto com as mãos. Minhas bochechas também queimaram, eu segurei no tecido dos meus shorts, observando o sol se pôr e tentando pensar em alguma piada boba para acabar com aquele clima estranho pós beijo. Me virei para Sunghoon novamente, que agora olhava para o chão, envergonhado enquanto mexia no cabelo sem parar.

—Sunghoon, você parece um tomate agora. — Comentei, deixando um sorriso aparecer em meus lábios.

—Eu?— Seus olhos finalmente se encontraram os com meus.

Algo parecia diferente nele, talvez uma mistura de vergonha e arrependimento, mas era até que fofo.

—Sim.— Baguncei o cabelo dele de leve, tentando ignorar meus pensamentos sobre ele parecer um poodle muito fofo agora.

—Eu... Eu não estou vermelho.— Ele reclamou em um tom nervoso e desajeitado, arrumando o cabelo que eu acabara de bagunçar. —Deve ser a iluminação.

—Não, tenho certeza de que ficou vermelho porque é pálido como uma parede.— Ri, apesar de que a pele pálida dele não fosse uma coisa tão ruim assim. —Você deveria tomar um pouco de sol.

—Isso é genética.— Ele bufou, parecendo estar mais corado ainda. —Você também está corada.

—Não estou não.— Fiz que não com a cabeça antes de cutucar seu ombro. —Você só tá inventando isso pra mudar de assunto.

—Eu não.— Ele deu de ombros. —É só o que eu tô vendo.

—Acho que você precisa de um óculos.

—Oh Misuk.— Ele me chamou. —Você está corada.

—Eu não ficaria corada por causa de um bunda mole como você.— Cruzei os braços.

—Não?

O indicador de Sunghoon levantou meu queixo delicadamente, ele se aproximou um pouco. Meu coração acelerou, desde quando aquele bundão é tão confiante? E pior ainda: desde quando Park Sunghoon é tão atraente? Sua proximidade repentinamente me deixava nervosa, de uma forma que era como se meus pulmões já não estivessem funcionando tão bem. Eu engasguei por ar, seus olhos castanhos eram intensos, os cabelos platinados estavam bagunçados de uma forma charmosa até demais e de repente ele parecia mais bonito, como se aos meus olhos, ele estivesse passando de um bundão medroso para um homem.

Um homem de verdade.

—Viu? Eu consegui te deixar sem fôlego.— Sua voz baixa me tirou de meus pensamentos enquanto ele se afastou de mim. —Não precisa dizer nada.

De repente ele pareceu envergonhado, como se ele estivesse variando entre ser um bunda mole e ser um homem, e por algum motivo, agora os dois lados dele estavam me agradando bastante.

(...)

Passamos o caminho de volta inteiro sem dizer uma palavra. Os outros riam, cantavam as músicas no rádio e conversavam alto, mas eu e Sunghoon nos mantemos em um silêncio mortal, com Yeji sendo a única pessoa entre nós dois. Minha mente continuava voltando ao momento em que Sunghoon me beijou na roda gigante, era tão clichê, mas ao mesmo tempo parecia tão mágico. E para o que provavelmente foi um primeiro beijo para nós dois (considerando que ele tem medo de mulher) eu diria que foi uma experiência interessante apesar das circunstâncias.

—Misuk, estamos na rua da sua casa, meninas se preparem para descer.— O pai de Yeeun anunciou.

—Ah, sim.— Arrumei a bolsa que eu carregava nos ombros.

Yeeun e Mirae iriam dormir na minha casa, por isso eu estava esperando para comentar com elas sobre o beijo. Olhei para Sunghoon por um segundo, ele estava olhando para a janela, com os fones no ouvido. Comecei a analisar suas características com mais atenção, ele tinha uma aparência muito elegante, sua mandíbula era bem definida, seu nariz era tão reto e bonito, com aquela pintinha adorável no lado esquerdo, suas sobrancelhas faziam um ótimo contraste com a cor acinzentada de seus cabelos, que juntos com sua pele pálida traziam um ar angelical em sua aparência.

Eu entendia o que algumas pessoas queriam dizer quando o chamavam de "príncipe do gelo", ele realmente parecia ter sido tirado de um conto de fadas. Era estranho, há um mês atrás eu olharia para ele e pensaria que ele era um bunda mole, mas de repente ele estava me lembrando um príncipe.

E isso era muito estranho.

(...)

Eu, Yeeun e Mirae nos sentamos juntas no chão do meu quarto, o celular Mirae tocava "Freak on a leash" do Korn enquanto nós três estávamos pintando as unhas, conversando e comendo salgadinhos baratos e de origem duvidosa. O relógio marcava duas da manhã e nós três parecíamos estar quase caindo de sono.

—Por que vocês duas gostam tanto dessas músicas estranhas?— Yeeun reclamou.

—Essa musica é muito boa.— Mirae franziu o cenho levemente enquanto comia um salgadinho. —Misuk, me passa o esmalte preto.

Eu poderia não parecer nada com o meu gosto musical, mas Mirae parecia muito o tipo de pessoa que gosta de rock e metal. Naquele exato momento, ela estava usando uma camiseta do My Chemical Romancelarga demais, shorts pretos, usava um elástico de cabelo preto como pulseira e os olhos estavam rodeados com uma maquiagem preta.

—Tá aqui.— Passei o esmalte preto para Mirae, que estava pulando algumas músicas em seu telefone. —Então, uma coisa meio estranha aconteceu hoje.

—O que?— A Paek ergueu as sobrancelhas, deixando "The Drug In Me Is You" do Falling in Reverse começar a tocar.

—Foi na hora que a gente tava na roda gigante.— Comecei a explicar. —O Sunghoon meio que talvez tenha supostamente me dado uma bitoquinha.

—Bitoquinha?— Yeeun arregalou os olhos levemente, se debruçando em minha direção. —Ele te beijou?

—Tipo isso.— Dei de ombros, tentando fazer aquilo soar mais ameno do que era.

—Ah merda, vocês duas já conseguiram beijar alguém antes de mim.— Mirae reclamou. —Eu sou a mais velha entre nós três e eu sou a única que não tem ninguém, por que ninguém me quer?

—Meu irmão quer.— Yeeun provocou.

—Ele não.— Ela bufou. —Mas como o Sunghoon te beijou? Ele não tinha medo de mulher?

—Eu também não sei, talvez nem ele soubesse do que estava fazendo.— Suspirei, me deitando no colo de Yeeun.

—Você parece que gostou.— A Lee comentou. —Eu shipo.

—Seria uma combinação fofa.— Mirae comentou, enquanto passava o esmalte em sua mão. —Sabe? Um cara bunda mole e uma menina que facilmente bateria nele, parece coisa de livro.

—É mesmo!— Yeeun concordou.

Aquelas duas também tinham a ótima característica de adorar qualquer coisa de romance.

—Eu não sei, quer dizer, do nada ele parou de ser tão bundão e agora eu percebi que ele é tipo, um bonitão.

De repente, as duas se olharam, soltando um gritinho abafado, comum de duas meninas adolescentes animadas com alguma coisa.

—Misuk! Você está apaixonada!

—Que?

Não, não pode ser.

Sweater WeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora