Capítulo 21

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Park Sunghoon.
Sexta-feira, 9 de maio.

—Sunghoon, se concentre.— Senhora Jeon disse em uma voz firme enquanto eu lentamente me levantava do gelo.

—Sinto muito.— Murmurei.

Era difícil me concentrar em patinar quando eu não conseguia tirar Misuk da cabeça. Merda, eu só podia estar ficando paranóico, quer dizer, minha cabeça continuava se perguntando como ela estava, se havia se machucado mais, se ela me esperaria para ir para casa e em especial como diabos eu ia conseguir ajudar ela a encontrar a mãe biológica. Toda essa história de Misuk ser adotada foi um pouco chocante para mim, e sinceramente não sei como prometi ajudar ela a achar sua mãe sem ter ideia do que estava fazendo. Eu sei, eu provavelmente fiz uma burrada.

—Você está pensativo hoje, tem algo em mente?— Minha mentora indagou, tirando-me de meus pensamentos.

—Nada, eu só me distraí um pouco.

—Sunghoon, lembre-se que você tem uma competição nacional no próximo sábado, você não pode se distrair.

Suspirei, quase me esqueci disso.

—Sim, não vou me distrair novamente, senhora Jeon.— Me curvei levemente.

—Ótimo, agora vá do começo.— Ela cruzou os braços, me assistindo com aquele olhar intimidador.

Fui até minha posição sem falar uma palavra, eu precisava me concentrar.

(...)

Saí do ringue após alguns minutos, procurando por Misuk nos arredores, as luzes da sala que ela usava para praticar boxe estavam apagadas, então deduzi que ela já tinha saído. Fui até a entrada, onde ficavam os armários, vendo Misuk com a camiseta de caveira "mamãe, tenho medo de escuro", sentada numa cadeira, olhando para o chão e balançando as pernas, já que os pés não encostavam no chão.

Não posso corar, não posso corar, não posso, não posso, não olhe!

—Sunghoon?— Ouvi a voz de Misuk.

"Não, seu idiota, é paixão" essa frase repetia na minha cabeça sem parar.

—Hm?

—Você tá bem? Parece que você viu um fantasma.

Engoli seco, sentindo meu coração quase sair pela a boca. "Não, seu idiota, é paixão" a voz de Jay se repetiu na minha cabeça como um disco de vinil quebrado.

Paixão.

—Sunghoon?

—São as vozes.— Eu disse a primeira coisa que veio na minha cabeça. —As vozes não param.

Eu tinha o costume de falar besteira quando ficava nervoso, mas acho que dessa vez eu me superei de verdade. Percebi que tinha falado merda logo depois de sair da minha boca, então rapidamente a cobri com a minha mão, sentindo meu rosto arder de tanta vergonha.

—Foi mal.— Murmurei.

—Ei, você tá ficando igual a mim.— Ela riu enquanto levantava. —As vozes não param!

Certo, me esqueci com quem eu estava falando, só havia uma pessoa que poderia falar uma besteira maior do que eu e ainda rindo, mas por algum motivo, aquilo soava adorável. Eu acho que estou surtando.

Sweater WeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora