Capítulo 3

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Samantha 🌸

Minha mãe tinha se mudado para Portugal já havia 2 anos. Desde então, foi um pouco difícil lidar com a Eliza, todos os dias ela tinha crises e na escola sempre tinha algum motivo para que eu fosse chamada. Eu contava tudo para minha mãe e ela sempre conversava com a Liza. Depois de alguns meses, ela foi melhorando e se acostumando a ficar sem nossa mãe dentro de casa.

Em relação ao meu trabalho, eu estou só aos fins de semana, porque agora estou trabalhando como professora na escola da Eliza; eu fui formada na escola Paulo Freire. Tomei essa decisão depois de ouvir uma mãe chamar minha irmã de estranha, eu lembro exatamente como foi as palavras dela "filho, ta vendo aquela garotinha ali? então, mamãe não quer você andando com ela, pois ela é estranha e tem doença que você pode pegar." Eu fiquei extremamente chocada com aquela fala, na hora não tive reação de corrigir ela; desde quando autismo é contagioso? As pessoas cagam pela boca e acham que estão certas.

Eliza sempre foi uma criança muito educada e amigável; a professora dela, na época, me contou que ela tem um amiguinho chamado Gabriel e todas as vezes que uma criança implicava com Liza, ele a defendi. Eu fiquei extremamente feliz. Hoje em dia o Biel é o meu aluno, ele é um garoto fantástico, educado e prestativo. Só que de uns dias para cá ele vem me chamando de mãe, eu nunca liguei para isso, até porque é normal as crianças confundirem mas para não dar encrenca eu sempre os corrijo. Só que quando eu vou corrigir o Biel ele sempre chora e eu nunca entendia essa reação dele.

Com essas atitudes dele, eu sempre mandava recadinhos na agenda dele, mas eles nunca foram respondidos. Eu precisava conversar com algum responsável dele tanto para falar sobre isso quanto tratar de outros assuntos. Então hoje eu aproveitei que estava com algumas coisas pendentes na escola e fiquei esperando alguém vir buscar ele. Mas sempre se atrasavam para isso e hoje não foi diferente.

Major 🧸

Nunca foi fácil ter que conciliar a vida de pai com a de gestor. O bagulho é que eu nunca posso comparecer nas coisas do meu filho, eu fico chateadão com isso. Mas não posso parar com minha vida pra isso, quando ele pegar entendimento do bagulho, ele vai ver que não é fácil.

Eu sempre tento deixar o moleque na escola e marchar pra boca depois, só que o mano fica envolvidão nos bagulho e eu acabo esquecendo de buscar o menor. As vezes mando um vapor ir no meu lugar, mas eu to ligado que o moleque fica tristão então eu tento ir, por mais que eu chegue atrasado no bagulho.

A Julia que fica com ele quando eu busco. Ela não leva e nem busca porque fica estudando em casa, fico orgulhoso da força de vontade dela, quando ela coloca um bagulho na cabeça, ela pega e faz. Sempre que ela pode, ela me ajuda a ficar com o Gabriel e isso é um quebra galho do caralho.

Montei na minha moto e meti marcha pra escola do menor, tava atrasadão, papo de 2 horas já. Cheguei lá em dois tempos e já fui entrando pra secretária e apertando a campainha. Não deu dois segundos uma novinha apareceu com a sobrancelha arqueada me medindo; olhei igual.

Major– Vim buscar meu menor. — Ela ficou me encarando. Já não tava entendendo legal essas olhada dela no sujeito. 

Samantha– Ok. já vou chamar ele. Antes, posso ter uma conversa com o senhor? — Fiz sinal com a mão pra ela prosseguir. — Suponho que seja pai do Gabriel, né? Então, queria saber se o senhor olha a agenda do seu filho, porque assim, tem mais de 5 bilhetes na agenda dele e nenhum foi assinado. Estou tentando convocar algum responsável dele aqui faz semanas e ninguém nunca apareceu.

Major– Se não ta assinado é porque ninguém olhou, né porra. Desembucha logo dona, to com tempo não. — Já estava impaciente, a mina demora um ano pra chegar no assunto, fica enchendo linguiça. Só tava dando moral porque a novinha era mil grau.

Samantha– Nem eu estou com tempo de ficar aqui com seu filho até 7 horas da noite, mas fiquei! Não sei se o senhor sabe, mas o horário de ir embora é as 5 horas e não 7 da noite. Aqui é uma escola, não um deposito para deixar e vir buscar a hora que bem entender. O seu filho está com dificuldades na leitura, ele está bem atrasado em comparação aos coleguinhas, suponho que seja porque o senhor não tem "tempo". — Fez aspas com a mão e ficou falando com ar de deboche, só fiquei ali encarando ela de cara fechada. Já tava putão com esse deboche. — Uma outra coisa e o fato do seu filho estar me chamando de mãe, não ligo para isso mas sempre corrijo porque não fica uma coisa legal, só que toda vez que eu corrijo ele, ele começa a chorar. Seria bom o senhor arrumar "tempo" para o seu filho e conversar com ele sobre isso. 

A novinha já tava tirando onda com minha cara, não tava entendendo legal. Mas esse bagulho me deixou preocupadão. Não quero que meu filho tenha o mesmo futuro que o meu.

Samantha– Aconselho você a colocar ele em uma explicadora ou arrumar alguém que seja mais presente na vida escolar dele. Bom era só isso, vou chamar ele. — Ela saiu da minha frente e sumiu pelos corredores. fui pra fora da escola e me encostei na parede. 

Essa porra tava tirando mó onda, certeza que nunca ouviu falar no meu nome, mas suave, mais tarde ela fica sabendo quem eu sou. Fiquei pensativo no bagulho que ela falou, dele chamar ela de mãe. Dei uma suspirada. Ela  brotou do meu lado com o Gabriel e mais uma menina.

Samantha– Tchau Biel, aproveite o fim de semana. — Deu um beijo na cabeça dele e um sorriso, quando olhou pra mim fechou a cara na hora. Tendi nada. — Está pronta, Liza? — A menina balançou a cabeça fazendo que sim e deu tchau pro meu menor.

Elas saíram andando, fiquei só palmeando ela ir embora. Novinha era mó gostosa, mó corpão e tinha uma bunda dó caralho. Já fiquei galudão nela.

Major– Qual nome dela, menor? — Olhei pra ele e abaixei.

BielXamanta — Vai vir logo pro meu nome, se liga só. 

...

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Beijus💋❤️

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