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Sentada sob um paredão diante do mar, Violett encarava o horizonte com uma mistura avassaladora de exaustão e culpa

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Sentada sob um paredão diante do mar, Violett encarava o horizonte com uma mistura avassaladora de exaustão e culpa. Os dias, noites e meses dedicados ao planejamento e sonho do resgate de Minho pesavam sobre seus ombros, como um fardo insuportável. Cada instante era consumido por pensamentos obsessivos, cada sonho era habitado pela imagem do garoto agradecendo por ser salvo. A falta de sono, resultado da ocupação constante com os preparativos, e os raros momentos de descanso eram preenchidos por visões do abraço que tanto ansiava ter.

A sensação de fracasso e desespero a invadia, como se todo seu esforço tivesse sido em vão. Cada noite mal dormida, cada hora dedicada aos planejamentos pareciam ter sido em vão, e no momento de fúria e indignação, a culpa recaía sobre a única pessoa que mais se martirizava com aquilo: seu próprio irmão.

- Tá tudo bem? - Sua voz soou atrás de si, e não demorou para que sentisse o garoto sentar ao seu lado entrelaçando suas mãos.

- Desculpa por ter explodido. - Um suspiro escapa de seus lábios. - Acho que não consigo mais esconder.

Thomas a olha confuso, e não demora para que essa expressão piore mais ainda após ela arregaçar a manga de sua jaqueta, pegando a faca escondida em sua bota, e de forma agressiva, cortando uma parte do braço fazendo com que boa parte de seu sangue escorre-se de lá.

- Você tá louca?! Pode se...

as palavras fogem quando ele vê o corte se curando lentamente diante de seus olhos, sobrando apenas a vermelhidão do sangue na pele da garota. Sua expressão era de horror e preocupação,  e enquanto checava o lugar anteriormete cortado, ofegava quase tendo um colapso.

- O Cruel fez algo comigo, Tommy. Algo irreversível. - O olha seriamente. - Começou não faz muito tempo. Acredito que a primeira vez tenha sido quando eu fui picada. Diferente dos outros que ficavam doentes e enlouqueciam, eu apenas desmaiei por algumas horas, mas nada aconteceu, e dias depois eu estava completamente curada. A segunda vez, que foi quando eu tive certeza que algo estava errado, foi no ataque do Cruel. Levei 9 tiros, um na caixa torácica, um no pulmão, fígado, costelas, rins, e o resto espalhado por lugares menos perigosos. - Abaixa levemente a calça mostrando os buracos cicatrizados.

- Isso é impossível, você deveria ter morrido.

- Essa é a questão, eu deveria ter morrido. Estávamos em uma situação ruim, sem médicos e apenas com ataduras e antibióticos. - Desvia o olhar pras ondas que agora faziam um contraste perfeito pro ambiente. - O terceiro sinal foram os sentidos. Eu escuto coisas, sinto cheiros, e tenho uma força muito maior do que eu deveria ter. E além de tudo isso, minhas emoções parecem ter sido ampliadas. A raiva, a culpa, mágoa, tristeza, felicidade. Tudo aumentou drasticamente.

- Por que não me contou? - Ele baixa a cabeça, sob um olhar de preocupação.

- Achei que não fosse fazer diferença. - Solta uma risada sarcástica. - Já tinha esquecido todo aquele papo furado de  vingança. Imaginei que gente ia conseguir resgatar o Minho, e fugir pra bem longe daqui. E aí eu poderia muito provavelmente morrer em paz com essa droga que tá acontecendo comigo.

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