Dimaury - Vinho Branco 🔞

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O celular tocava pela sétima ou oitava vez enquanto o ruivo insistia em ignorar o barulho irritante que ressoava pelo apartamento vazio.

Vinte e sete.

Vinte e sete primaveras e nos últimos doze meses tantas coisas haviam mudado, se transformado, ressignificado.

O aniversariante encarava a bolsa aberta em cima da cama, não era como se preparar uma mochila para ficar um dia no Rio de Janeiro fosse algo difícil, ou novo, Diego já havia feito isso tantas vezes que seria impossível enumerar. Mas, dessa vez, algo parecia diferente. A passagem não havia sido paga pela globo, tão pouco por ele. Diego ouviu o aviso ressoar e de uma só vez transpassou o zíper na mochila. O carro, que também não havia sido chamado por ele, já o aguardava lá embaixo.

A família e os amigos que comemoraram animadamente as vinte e sete voltas ao sol do ruivo haviam saído há pouco mais de uma hora. Não sabiam que Diego iria para o Rio 01 da manhã. Como uma travessura, ou aventura, ele havia guardado esse segredo até mesmo de Larissa.

Era como um presente só dele.

Dele.

Com o apartamento trancado e mochila nas costas o ruivo desce os andares até se deparar com o carro que o aguardava.

— Boa noite! — Ele fala alto ao abrir a porta traseira.
— Boa noite, Senhor Diego, sou Ronaldo.
— Senhor não, por favor, tenho só vinte e sete.
— Desculpa. Aeroporto de Congonhas, certo?
— Isso mesmo.
— Chegamos em vinte e cinco minutos.
— Uma loucura pensar nisso, se fosse durante o dia levaríamos no mínimo quarenta, se déssemos sorte.
— Pois é... — O homem suspira — É por isso que dou preferência para a madrugada.
— Mas é mais perigoso, né?
— Só tomar cuidado, ver quem você vai pegar. Se tiver em dois eu nem me arrisco, acelero o carro e vou embora.
— É difícil, né? Mas a falta de trânsito compensa.
— Com certeza.

O caminho é percorrido com conversas pontuais e comentários sobre como a madrugada de São Paulo é iluminada independente do dia da semana.

Diego olha para o celular quando uma notificação brilha na tela, Ronaldo estaciona o veículo antes que ele pudesse desbloquear o celular.

— Chegamos, Diego. Tenha uma boa viagem.
— Muito obrigado, Ronaldo.

O aniversariante caminha pelo aeroporto em direção ao portão de embarque. O check in já estava feito. O celular ainda aguardava que o ruivo lesse a mensagem e ao sentar no banco próximo ao portão com o número 3 ele o fez.

"Te vejo em uma hora"

Cinco palavras e um milhão de significados.

"Te vejo daqui a pouco!"

E ao escrever essa promessa imediatista Diego sorriu largamente. Sorriu pelo momento, pelos detalhes, pelo carinho. Lembranças de alguns dias atrás voltaram a invadir a mente do ruivo enquanto a fila para o embarque se formava.

FLASHBACK ON

— Você não vem mesmo?
— Não consigo, pequetito. Você sabe que eu iria se pudesse, mas...
— Trocaram o dia da gravação do dança.
— Exatamente.
— Mas você pode vir depois da gravação, vai durar até a madrugada. Você foi tão especial nesse meu ciclo, queria muito você ao lado das pessoas que eu amo.
— Falou como se eu não fizesse parte dessas pessoas.
— Dramático.
— Eu não consigo, mas você vai gravar aqui, não vai?
— Vou no dia seguinte, não no dia do meu aniversário.
— E se você vier antes?
— Antes?
— Sim... Já que não podemos comemorar a noite, vem antes.
— Mas eu vou chegar por volta das 10 horas.
— Espera... — O ruivo encara a tela do celular entrar em espera. — Tem uma passagem. Você viria?
— Que horas?
— Só me diz se você viria.
— Sim, ué.
— Então eu vou comprar.
— Comprar o que? Tá doido, Amaury? Eu chego no Rio ás 10 da manhã.
— Agora você chega ás 3h30.
— Da manhã?
— Exatamente!
— Você é maluco!
— Eu vou comemorar esse novo ciclo com você, do jeito que você queria, mesmo sem estar na sua festa.
— Mas não precisava disso.
— Claro que precisava, Diego. Aniversários são importantes e eu estarei com você. Vou te abraçar e falar no seu ouvido o quanto eu te amo, aceite.
— Você é maluco.
— Eu acho que sim.

One-Shots - Kelmiro/Dimaury/Lorentins 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora