2. Pressentimento

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Quando a gira acabou, eu tava muito nervosa e meu corpo queria fugir ainda que minha mente saiba que eu não precisava fazer aquilo, mas quando se trata de coisa espiritual, a mente nem sabe o que esperar, tudo pode acontecer, e sem saber o que esperar, tentei fugir.

Fui ao banheiro bem perto do final e já fui olhando pra trás pra garantir que ninguém tava percebendo eu indo embora... quando sinto um calafrio e volto a olhar pra frente já dou de contra corpo a corpo esbarrando justamente nele... Apolo.

Apolo: Porque você ia fugir de mim? Ouvi dizer que você era tão corajosa...

Anna: Que? Como assim? Quem te falou que sou corajosa? E porque você quer saber o que to fazendo?

Apolo: Acho que a palavra era curiosa e eu entendi corajosa... mas se é tão curiosa, porque não quer saber o que eu tenho pra te dizer?

Anna: Eu até quero saber, mas na verdade não consigo conversar assim sem mal te conhecer...

Apolo: E como você espera me conhecer sem conversar comigo?

Anna: Você não entendeu...

Apolo: Tenho tempo pra você me explicar, mas não vai ser aqui... vem comigo.

E eu que já não confiava apenas conversar, entrei no carro do estranho e fui. O caminho todo ele ficou calado.

Anna: Como você espera falar tanto comigo ficando em silêncio?

Apolo: Eu te sinto, você ta nervosa, primeiro vou te acalmar e aí sim vamos falar.

Meu Deus que suspense! Agora que fiquei mais nervosa mesmo. Mas vou tentar me acalmar porque esse papo de "eu te sinto" me deixou ainda mais constrangida, já não bastava ele me olhar parece que lia minha mente, eu tava me sentindo pelada na frente de um estranho. Me acalmar seria uma forma de talvez ele não me sentir ou não saber o que eu to sentindo e então eu teria mais privacidade...

Chegamos numa rua comum, porém mal iluminada, com umas casas bem lindas, um ar de ricos isolados moram aqui. Ele mexeu no celular um pouco, e eu fiquei com cara de bunda sem saber o que tava por vir... então ele clicou um botão no carro e uma garagem se abriu. Pensei alto...

Anna: Pronto, virei oferenda de sacrifício...

Apolo: Se eu ousar mexer contigo, sou eu quem vira oferenda.

Ui! Não entendi mas me passou confiança... Ele me mandou ficar no carro, mesmo ja dentro da garagem, e então eu entendi quando vi ele vindo abrir a porta pra mim... nunca ninguém fez isso antes então me senti estranhamente interessada no que tava rolando.

Ele chegou perto da porta e ela se abriu, bem coisa de rico, fiquei curiosa... entramos e era tudo lindo e meio tenebroso, sei lá, tinha uma energia de "ai de quem tente mexer aqui", eu não sabia nem mesmo se podia olhar...

Apolo: Tá nervosa... (segurou minhas mãos) quer tomar alguma coisa?

Anna: Não tendo veneno tá bom...

Apolo: Eu só não vou me ofender porque eu entendo seu medo, mas me diz, como eu seria capaz de te fazer algum mal? (passou a mão no meu rosto me olhando bem de perto)

Anna: Não entendi...

Ele acendeu uma vela vermelha e preta com aroma de rosas, me serviu uma taça de vinho, o aromatizante da casa borrifou automaticamente uma essência de canela e ele estava roendo um cravinho da índia, me olhava como se estivesse esperando algo de mim...

Quando eu dei o primeiro gole de vinho naquela taça vermelha, eu senti uma leveza nas pernas, um peso nos ombros, um calafrio parecido o de qual senti quando estava chegando perto dele, era parecido uma sensação de desmaio, e quando abri os olhos lá estava aqueles olhos grandes penetrando minha alma soprando um trago de charuto na minha cara... e tudo se apagou.

Deixa Acontecer MacumbalmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora