30. Menina

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Erick procurou Evan pra indagar o porquê a amarração não havia surtido efeito. Evan disse que além de ter começado recente, fez de graça justamente por se tratar de um favor, que ele não garantiria que funcionaria, mas que valia a pena tentar, e que o próprio Erick não tinha fundamentos pra tentar usar sua espiritualidade contra a de Apolo que já era magista a anos. Era um jogo de azar praticamente impossível e que ele deveria o agradecer por se arriscar tentar se meter. Erick convencido resolveu deixar pra lá e fazer um corte de laços para esquecer Apolo.

Pegaram 2 velas pretas, escreveram os nomes e data de nascimento de ambos do pavio para baixo, pois para encerrar algo se faz de cima pra baixo, e para iniciar ou ativar se faz de baixo para cima, com um barbante branco deram sete voltas entre as velas firmadas no chão, em cima de um símbolo, no meio de um círculo de proteção pra não haver interferências de outras energias (por haver outras tentativas de magias), e acenderam ao redor velas brancas representando o anjo da guarda.

A vela de Erick não queria desapegar, chorou, enquanto a de Apolo se curvava para fora do barbante, como se quisesse fugir daquela situação, a vela de Erick estava com a chama alta, significando ter sentimentos e iniciativa, e esta fez o barbante romper, então a vela de Apolo queimou normalmente e a de Erick se consumiu por completo significando que apesar do sentimento, o trabalho havia sido feito. O corte energético estava finalizado, seria então mais fácil pra Erick agora seguir em frente.

Estavam em paz, sem ressentimentos. Quando Evan escuta uma voz sussurrar em seu ouvido "eu falei que te via na queda", parecia com a voz de Apolo, por um momento ficou ansioso pensando o porquê de ter escutado essa voz, sendo que já tinha desfeito e se acertado sobre o que havia feito entre Erick e ele, o que ele não sabia era do pacto de sangue entre Apolo e Anna, e que não tinha como fazer nada pra ela sem que Apolo soubesse e a protegesse.

Evan sentiu um calafrio quando viu Anna e começou a ficar estranho com ela, já não dormia bem, tinha pesadelos, as vezes até mesmo acordado parecia ver algo ou escutar, se sentia perturbado e resolveu pedir ajuda a justamente quem... pai Billy. Ele que não é bobo nem nada, o escutou e ajudou, obtendo todas as informações que faltava pra seu plano com Apolo, propôs um corte de laços entre Evan e Anna, e o aconselhou a ser honesto com ela se quisesse ao menos manter sua amizade.

Pai Billy: Evan, eu entendo seu sentimento, mas você não percebe que isso é tudo ego? Você acha justo ter feito o que fez na vida desses dois justamente nessa fase em que estão, prestes a casarem e terem um filho? Meu filho, logo você, que sempre teve quantas aos seus pés, não gostaria que fosse com você algo assim, me diz o que te convenceu disso? Você nunca fez isso!

Evan: Pai eu mudei, não me compare ao meu passado nem me cobre coisas que já não me pertencem. Eu me aproximei da minha moça e ela também me disse pra esperar, mas não me impediu de tentar, e eu tô vivendo minha decisão de acordo com essa nova etapa da minha vida, e eu fiz o que fiz sim, mas se não fosse pra acontecer não teria dado certo, afinal, eu não tenho experiência como eles com magia, eu sou ogã, pai.

Pai Billy: Eu entendo seu ponto, mas mesmo assim, ta errado filho, e não importa o que você quer, e sim o certo a ser feito, sempre foi isso que ensinei. Então se você fez diferente, percebe-se que foi por ego, sua moça não te impediu, mas disse pra esperar, porque não esperou? E se esperando você veria eles mesmo se separarem e ela viria até você sem magia nenhuma, ou se até lá outra pessoa se apaixona por você nessa sua nova versão e você se dá conta que iria fazer uma merda dessa que agora já fez... me diz?

Evan: Pai, me perdoa, me dei o direito de errar, mas já lhe falei o motivo, eu quero fazer dar certo, só que agora fica vindo essas vozes na minha cabeça e em sonhos, já não sei se é apenas medo ou espiritual, eu não quero perder o que conquistei espiritualmente, mas eu não sou magista, preciso da sua ajuda, e de preferência, de forma que a Anna continue comigo.

Pai Billy: Filho, você tá obcecado, isso não é bom, eu vou fazer um corte de laços, e assim, você vai perder essa sensação de posse, e não vai doer caso ela decida ir embora, vou tentar quebrar essa amarração que você fez, e te aconselho desta vez, a voltar seu foco pra espiritualidade, faz seus trabalhos, e lembre-se, você é ogã, filho de Oxóssi, caçador, não a presa. Não se prenda nessa situação, ela não te define. Você confia em mim?

Evan: Confio, pai. Me ajuda, eu amo a Anna, não queria que fosse assim, mas eu realmente não sei o que fazer agora...

Pai Billy: Vou te ajudar meu filho, fique tranquilo, eu sei exatamente o que fazer. Agora vá pra casa, converse com a Anna, faça boas ofertas aos seus guias e limpe suas energias. Depois você me conta como ta sendo. Ta bom?

Evan: Ta certo, pai. Obrigado.

Evan chegou em casa e antes de conversar com Anna, preparou as ofertas, entregou, limpou a casa e fez um banho energético, foi se deitar e conversar com Anna, neste meio tempo, Pai Billy já havia feito o corte de laços e falado com Apolo sobre tudo que havia descoberto. O que surpreendeu Evan foi que Anna parecia não estar chocada com o que ele havia contado, ela o entendeu, mas parecia não ter emoção a expressar, nem triste nem feliz, nem chocada ou desapontada, parecia estar num limbo, sentindo um vazio.

Anna: Sabe Evan, eu entendo você, acho até que eu talvez fizesse o mesmo no seu lugar, mas estando no meu lugar, eu vi coisas e vivi, que eu só sinto como se um momento da minha vida, o qual eu não planejei nada, foi roubado, sabe? Eu ainda penso se queria estar grávida, Apolo parece um príncipe, mas eu nem sei se isso é as mandingas dele ou amor de verdade, eu confio na minha espiritualidade mas ao mesmo tempo, você conseguiu fazer um feitiço pra mim sem nem ser magista, eu só não sei mais no que acreditar, em que confiar, e ultimamente venho apenas aceitando as merdas que vierem, afinal, pra que me debater? Nada vai mudar, sabe.

Evan: Nossa, eu não imaginava que você tava sentindo tudo isso... tô até me sentindo um merda agora pior do que já tava... mas... e ai? Você vai simplesmente deixar as coisas acontecerem de qualquer maneira?

Anna: E se eu não deixar? O que eu deveria fazer? Iria de fato mudar algo ou eu só estaria batendo cabeça à toa?

Evan: Isso parece depressão sabia? Uma obsessão talvez... Acho que tudo que você tem passado fora de tudo que você planejou ou sequer imaginou, acabou abalando sua fé, mas se você me deixar te ajudar, podemos limpar suas energias e tentar te reconectar com sua espiritualidade de maneira que você entenda ou pelo menos aceite melhor o porquê disso tudo estar sendo como está sendo. O que você acha?

Anna: Tanto faz Evan, te agradeço por querer me ajudar, mas veja bem, como você acha que eu confiaria justo em você pra fazer isso?

Evan: Anna... o que eu sinto por você é algo que você pode acreditar, independente do que eu seja capaz de fazer ou não sobre isso e em mim você não confie, mas tudo bem, eu te entendo, vamos ver isso então com pai Billy amanhã, ele me ajudou muito hoje, só ele pode nos ajudar agora, e eu sei que nele você confia, e se quiser, podemos ver o que ele nos orienta.

Anna topou meio sem ânimo, e na mesma noite Evan sonhou mais uma vez com algo sinistro, só que desta vez em seu sonho aparecia uma mulher morena cor de jambo, baixinha e magra, cabelos pretos como a noite, ondulados em um penteado presente, sob um vestido tomara-que-caia de seda vermelha, que vinha em sua direção trazendo sensação de apesar da beleza irresistível, era bom ter muito cuidado, mas muito cuidado mesmo. E não era por menos, quando ela o dirigiu a palavra...

Menina: Você não errou por mexer com Apolo nem Anna, mas se esquecer que tem mais alguém no meio disso, e nem sequer pensar "quem será que protege esse ser de luz?". Seu erro foi mexer na história da minha menina.

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