10. Consequência

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Pela manhã:

Apolo: Bom dia minha flor...

Dei um pulo da cama, só o Exu do Apolo me chama assim...

Apolo: Que isso? Que susto! Ta tudo bem? Quer comer alguma coisa?

Anna: Apolo... aproveitando que agora a gente ta numa boa, queria que você me ajudasse com uma coisa, mas preciso que seja sincero...

Apolo: Ta, pode falar.

Anna: As vezes quando eu oro, eu tenho visões, e lá no cemitério... eu vi a gente preso por uma corrente, seu exu tava te levantando pelo pescoço enquanto uma mulher muito bonita quebrava a corrente. O que isso significa? Você tem alguém que possa não querer a gente juntos?

Parecia que a alma dele tinha saído do corpo, de um lord cortês, ele foi pra um estranho frio que nem conseguia me olhar nos olhos.

Apolo: N-não, não, não sei o que isso significa... olha eu na verdade lembrei de uma coisa que preciso fazer, se arruma enquanto eu chamo um uber.

Oxe, não vai nem me deixar em casa? Bom, prefiro imaginar que tudo que rolou aqui ontem foi de verdade e isso aqui foi só um imprevisto, porque se for assim que ele pensa em se despedir de mim e deixar por uma noitada qualquer, infelizmente, ele vai conhecer o lado de espinhos dessa flor.

Ao sair notei na cozinha uma mesa de café da manhã belíssima, mas não comentei nada e segui calada, ele abriu a porta e nem sequer me acompanhou até a porta do carro. Me senti como uma puta que serviu uma noite a um riquinho, recebeu seu pagamento e voltou pra zona. Segui minha rotina ansiosa, eu não mandei mensagem no Instagram, não pedi seu número a ninguém, e não fui até sua casa tentar stalkear nada. Deixei que meus pensamentos se acalmassem depois de cada surto tentando adivinhar o que tinha acontecido depois que fui embora pra ele simplesmente não me procurar pra falar sobre ter agido daquela forma comigo.

A semana passou, dia de gira chegou. Seguimos a programação normal, mas dessa vez, Apolo não entrou pra servir, e eu entrei. Ele quebrou o preceito? Será que ele transou com alguém? Ele não simplesmente comeria carne justo no dia antes da gira que ele tanto venera. Controla Anna... foco... lembra do que você pediu pra evoluir... essa é sua chance, homem nenhum merece estragar isso.

Os pontos começaram a tocar, e na saudação de Rosa Caveira eu senti um peso nas costas, um calafrio, as pernas fracas e só percebi na hora o pai Billy já na minha cara soprando um charuto, Evan no atabaque pareceu embaçado e em câmera lenta... eu parecia já ter vivido aquela sensação...

Quando voltei a enxergar, eu estava de capa preta por fora e vermelha por dentro, uma guia preta e vermelha com miçangas de rosa e de caveirinhas entre as cores, um broche de uma rosa na cabeça, uma sensação de que iria vomitar e dor no corpo todo, e não conseguia levantar, eu estava em frente o altar principal onde geralmente os Exus se despedem dos cavalos depois de trabalhar em terra nas consultas. Não lembro de nada, mas havia uma cambone me ajudando a voltar pro lugar, e foi quando entendi que a gira tinha acabado.

Apolo tava com olhar serio e fixo num canto aleatório, parecia ta pensando em algum problema serio, assustado... quando pai Billy me chamou pra frente da casa...

Pai Billy: Você ta bem?

Anna: Não sei pai, eu não to entendendo nada, não sei o que aconteceu... meu corpo dói mas meu coração dói mais ainda (desabei em choro e abracei o pai Billy que pareceu não entender nada até ver Apolo saindo às pressas quase esbarrando na gente e entrando no carro pra ir embora sem dar nem tchau)

Pai Billy: Filha, agora quem não ta entendendo sou eu, você pediu tanto esse momento, sua moça se manifestou meu amor, você trabalhou lindamente, a dor no corpo é normal logo acostuma mas a dor no coração... do que você ta falando meu bem?

Deixa Acontecer MacumbalmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora