7. Energia

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Passei a semana me sentindo angustiada, uma ansiedade por não saber o que fazer, queria agir de forma madura, orgulhar meus guias, mostrar que estou pronta pra trabalhar com eles, mas eu não conseguia nem controlar meu emocional, era ridículo pensar que um cara estava me abalando daquele jeito, tinha alguma coisa muito errada, eu nunca me senti assim...

Mas e se... não... devo estar criando paranóia agora. Mas se parar pra pensar, e dai que Apolo tem boa fama e imagem? Eu não conheço ele, de fato Milena ta certa numa coisa, ninguém conhece a gente melhor que nossos guias, as vezes só aos nossos olhos ele não tem defeitos...

Ta, então... e se Apolo é uma poeira que se esconde de baixo do tapete... e se ele realmente fez algo comigo quando fui pra casa dele? E se ele já me conhece de antes de eu sequer ter ido no terreiro e fez algo pra me atrair pra ele desde então? E se ele neste momento ta fazendo alguma coisa e por isso eu vi aquele carro... é o carro dele!!!

Me despertou um desespero, algo me dizia: vasculha a casa. E fiz. Cansei de errar por não ouvir minha intuição, ou meus guias, sei la. Ele nunca entrou em casa, mas poderia ter deixado algo em mim quando desmaiei na casa dele. Procurei na bolsa e nas roupas e nada... pensa Anna... Ta, mas... se ele vem na minha casa escondido... pode estar do lado de fora!

Rodeei a casa procurando, cantos, tapete, porta, varal, correio... e quando cheguei na janela...

Anna: Que porra é essa meu Deus?

O coração parecia ta com arritmia, uma mistura de medo com ódio. Eu abri aquele saquinho e tinha uns galhos e folhas, não soube identificar o que eram, e podia ser qualquer coisa então na internet que não iria achar algo exato. Liguei pra Milena, e ela me disse pra levar pro pai Billy.

Eu apertei aquilo em mãos com os olhos fechados, respirei fundo pra me acalmar e pedi:

Anna: Meu pai Xangô, tu é justo, não deixa a tua filha ser injustiçada assim... o que é isso que ta acontecendo comigo? O que eu fiz pra merecer? Se eu mereço me mostra onde posso me redimir, mas se isso for injusto, me leva até a raiz pra que eu corte esse mal com teu machado. Em ti eu confio por ser justo.

Senti uma energia me envolvendo e veio como uma cena de filme em minha mente, Apolo com ciúmes do tal pretinho do atabaque e tentando de tudo pra afastar a concorrência. Aquilo não fez o menor sentido, eu nem conheço aquele rapaz, pensei até ter sido um pensamento intrusivo. Mas eu tinha dito que iria confiar na intuição, e se aquilo fosse de fato uma visão oculta por minha mediunidade já estar em desenvolvimento após o batismo?

Pois bem, pensamento intrusivo ou revelação, vou usar a meu favor. Já com plano bolado, coloquei meu coração em paz, e segui tudo que havia de bom pra rotina da semana. Ia cedo pra academia, ia trabalhar, chegava do trabalho e fazia minhas obrigações e estudava, eu só conseguia ir nas giras de esquerda pela minha rotina, que eram todas as segundas. Mas Oxalá sabe o que faz.

Neste mesmo instante na casa do Apolo:

Enquanto ele fazia algumas entregas de trabalhos dos seus clientes, uma mariposa grande e escura derrubou o copo d'água no altar do anjo da guarda de Apolo. Em choque, pensou em ligar pro pai Billy, mas com receio da repressão, limpou o local, repôs o copo d'água, e preparou um copo com água e sal grosso pra colocar atrás da porta de entrada. E seguiu com seus trabalhos...

Mesmo sentindo uma má energia, Apolo sabia absolutamente tudo o que fazer pra limpar, proteger, blindar, descobrir, cobrar, separar ou unir, atrair, vingar, tudo... Então seu medo não era espiritual, e sim pelo ego (leonino) de sua imagem estar associada a um solteirão inseguro que precisa de magia pra conseguir uma simples moça.

Deixa Acontecer MacumbalmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora