Negociação

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Capítulo IV

O chá borbulhante ajudava Alexia a acordar. O vapor entrando por suas narinas lhe acalmava.

— E então? — disse Atena, ansiosa. — Gostou?

— Tá muito bom. — Abriu um sorriso relaxado. A poltrona de almofadas rechonchudas lhe dava um abraço caloroso.

— Ufa, que bom, é um sabor novo. — Soltou um suspiro. — Como você está?

— Não sei dizer. — Alexia dava uma dentada num dos biscoitos que Atena havia servido. — Os últimos dias foram cheios de desgraça e agora tudo isso com o Ônix e a Pérola... O clima tá mais pesado que nunca.

— E por que você tá com esse sorriso bobo na cara? Será que algum passarinho cantou uma música diferente em seus ouvidos?

— A-Ah, não sei do que você tá falando! — Suas bochechas ardiam. — M-Mas e você? Não deve tá fácil.

— Não está mesmo. A dor que eu sinto quando um dos nossos se vai... Ainda mais naquelas circunstâncias, com a Ágata... É uma dor debilitante.

Alexia batucava as coxas, encabulada.

— Mas nós vamos vingá-los no final. — Atena lançou à garota um olhar determinado.

— Certo. — Ela sorriu. — Mudando de assunto, hoje de manhã eu recebi uma carta do Iro.

— Do Iro? — A Deusa tombou a cabeça. — Só pra você, é?

— E-Ele não deu muitos detalhes de onde tá. — A jovem continuou, ignorando os olhares maliciosos. — Mas ele tá bem.

— Que bom. Vou avisar o Ônix logo mais. Deve ser o bastante pra ele sair do pé da Pérola. Quando ele acredita que algo é certo, vai até o fim.

— A senh... Você confia nele? Mesmo com o que aconteceu com a minha mestra?

— Eu tenho que confiar, Ali. — Franziu as sobrancelhas. — Os cavaleiros confiam em mim. Tudo que eu posso fazer é retribuir. Agora, voltando para a fonte dos seus sorrisos bobos. O Iro não falou nada sobre quando voltará?

— N-Não — Alexia resmungou, incomodada com o rumo do assunto. — Atena... Você é a Deusa que eu jurei proteger e tudo o mais, mas... Eu não sou o Iro. Eu não vou ser a pessoa que você chama aqui pra tomar chá e jogar conversa fora.

— Faz sentido. — Atena pousou a mão no joelho da garota. — Perdão se ultrapassei alguma linha.

— Tá tudo bem, eu só... tenho muita coisa na cabeça agora. Preciso arrumar a confusão que a minha mestra fez.

— Se tem alguém que pode, é você. — Levantou-se, colocando as mãos nos ombros da jovem. — Mas não carregue esse fardo sozinha, deixe as pessoas te ajudarem.

— Tô tentando. Só não quero ser tratada como inútil. É por isso que hoje eu vou voltar pro meu quarto no dormitório. Eu agradeço muito a Pérola, mas ficando lá parece que eu tô doente ou sei lá.

— Claro! Eu super entendo! O que te fizer sentir melhor.

Ateeeeeeeena! — Uma voz alta e ríspida ecoou do lado de fora. O chamado acendeu um cosmo colossal, afundando a garota na cadeira como se fosse fisicamente impedida de se levantar.

As duas se entreolharam, assombradas. O que poderia ser? Reunindo força e coragem, partiram e empurraram a porta que dava para o pátio.

Lá fora, aos pés da estátua de Atena, estava um homem.

De cabelos negros como um céu noturno limpo e olhos escarlates, tinha um sorriso sereno. Trajava uma armadura avermelhada, com espinhos pontudos e dourados nas ombreiras.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora