Confusão

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Capítulo XIX

O sangue azul de Deimos pingando no chão.

Um corte.

Das suas costas, a Lâmina de Prometeu emergia.

A espada flamejante havia atravessado seu ombro direito.

O Deus tremia. Não sentia uma dor daquelas há milênios.

Queria estraçalhar o corpo do cavaleiro. Decepar sua cabeça com as próprias mãos. Arrancar unha por unha, membro por membro.

Mas acima de tudo, queria compreender como aquilo tudo aconteceu.

Seria verdade que cada um daqueles humanos o havia afetado de algum jeito? Jade, que lhe acertou com sua técnica mais poderosa? Esmeralda, que lhe atingiu várias vezes com a espada de Libra emprestada? Isso sem falar no braço congelado por Granada de Aquário.

Talvez até Alexia tivesse sua parcela de influência. O golpe em seu queixo mal lhe fez sentir algo, mas no somatório de tudo, qualquer detalhe fazia a diferença.

Não se importava mais com as instruções de Ares para tentar levar Iro com vida. Não sabia o que o pai queria com o garoto.

O cosmo do cavaleiro criava um turbilhão de fogo ao redor dos dois.

Iro continuava pressionando o golpe. Afundava e torcia a lâmina cada vez mais.

De repente, uma forte lufada de vento soprou.

O jovem voou por dezenas de metros, chocando-se contra a parede de pedra de uma casa destruída.

O céu escureceu novamente.

— B-Bem na hora...

Deimos tossiu, recuperando o fôlego.

— Irmão.

Um segundo cosmo surgiu. Tão gigantesco e aterrorizante quanto o do Deus.

Então uma voz profunda reverberou pela praça.

— Estou aqui, meu irmão. Vejo que está tendo problemas. Mas não lhe culpo. Há mesmo algo diferente nele.

Iro ergueu a cabeça a tempo de presenciar a cena que lhe sumiria com qualquer otimismo.

Foi como se todas as trevas que o Terror havia espalhado por Rodorio retornassem e convergissem em um único ponto. Abaixo dele.

A sombra do Deus se alongou e, a partir dela, uma figura passou a emergir do chão. Como um monstro marinho se erguendo de um oceano negro, a fonte do novo cosmo se revelou.

Era idêntico a Deimos.

Primeiro, sua cabeça, com cabelos e olhos do mesmo tom do Deus, surgiu do chão. Tinham até a mesma expressão sádica com suas pupilas penetrantes e sorriso maquiavélico.

Na sequência, o restante do corpo esgueirou para fora da sombra. Cobria-se com uma armadura semelhante, porém jazia nela a principal diferença entre os dois. A do homem desconhecido tinha os detalhes em suas peças na direção oposta.

Suas ombreiras curvavam-se para dentro. Onde as extremidades do traje do Terror eram pontudas, as dele eram redondas.

Fobos. — Deimos abriu um sorriso. — O Medo encarnado.

O encontro entre os Deuses irmãos lhes foi quase corriqueiro. Cumprimentaram-se com um breve aceno de cabeça e então fitaram Iro e Alexia.

— Quem diria que humanos um dia nos ensinariam uma importante lição? — Fobos mantinha seu sorriso diabólico aberto. — Não vamos mais subestimá-los.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora