Biblioteca

150 2 0
                                    




Capítulo II

— Vem, levanta. — Uma mão amistosa se estendia para Iro.

Por entre seus olhos espremidos, identificou que ela pertencia ao aspirante a cavaleiro de ouro que costumava ver pelo Santuário.

Sua cabeça doía como se tivesse levado uma machadada. Desnorteado, aceitou a ajuda para se levantar.

Correu os olhos pelo lugar. Fileiras e mais fileiras de estantes com livros se erguiam ao seu redor. Estava no hall central de algum edifício grandioso.

Cerca de vinte andares apoiados por escadas largas circundavam o local e davam acesso aos exemplares. O salão dispunha de uma quantidade infindável de mesas de estudos, organizadas em cinco fileiras, meticulosamente alinhadas.

Uma dezena de indivíduos com vestes iguais às dos sacerdotes do Santuário transitavam pelos corredores.

— Que lugar é esse? — perguntou Iro.

— A Biblioteca de Alexandria.

— Q-Quê? M-Mas isso não é possível... Tá zoando com a minha cara?

Vendo sua dificuldade em organizar os pensamentos, o rapaz de cabelos grafites puxou uma das cadeiras da mesa encostada na parede

— Se acalma e respira um pouco — disse, sentando-se de frente para Iro. — Me conta o que aconteceu. Como veio parar aqui?

Os olhos do cavaleiro transbordaram. Reviveu os acontecimentos dolorosos da noite anterior. Era como se estivesse vendo as cenas novamente diante de seus olhos.

O sangue tingindo de vermelho o chão da casa de Libra. A cena de sua mestra caída, a vida se esvaindo de seu corpo.

Abraçou os ombros, com a dor lhe estremecendo, e desandou a falar.

Não tinha ideia do porquê compartilhava tudo com ele. Mesmo sem saber se era confiável, só queria pôr para fora os pensamentos que emaranhavam sua cabeça.

— E então a Pérola me teleportou pra cá, eu acho — Iro concluiu, com a voz trêmula.

— Sinto muito — respondeu, consternado. — Que coisa horrível.

— Isso não vai ficar assim. — O jovem cerrou os punhos em meio às lágrimas. — Ares e Ágata vão pagar.

O aspirante ergueu as sobrancelhas, observando-o atentamente.

— Cavaleiros não podem perder tempo com o luto. Vou usar o que aconteceu como combustível — disse Iro, secando o rosto com as costas da mão. — É o que a Jade diria.

— Parece um bom conselho.

Ao contrário do que as palavras indicavam, seu coração passava longe de estar em paz com os acontecimentos.

Com a ausência da mestra, o cavaleiro se sentia perdido, sem o referencial do que era certo ou errado. A libriana, como sua constelação sugeria, sempre teve o ponto de vista mais respeitável neste sentido.

Erguendo a cabeça para fitar novamente os corredores e estantes, Iro desviou o assunto.

— Então... Biblioteca de Alexandria, né? — perguntou.

— O mundo todo acha que esse lugar não existe mais — disse o aspirante, reflexivo. — É um dos segredos que o Santuário mantém protegido a sete chaves.

— Como não encontram esse lugar?

— Assim como não encontram o próprio Santuário. Uma forte barreira protetora que o camufla em meio à paisagem.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora