Epílogo

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— Atena não vai se juntar a nós? — Safira de Virgem perguntava, observando a movimentação dos soldados.

— Não — respondeu Panos, austero. Tinha muito em mente. — Está muito cansada desde ontem.

A cautela pairava no Santuário.

O salão do Grande Mestre tinha mais visitantes que de costume. Os dourados se reuniam nele com expressões preocupadas.

Ocupados, davam ordens aos guardas, discutiam estratégias de defesa e checavam documentos.

A virginiana havia jogado uma bomba no colo deles.

A notícia da invasão de não somente um, mas dois Deuses, estremeceu as estruturas do reduto dos cavaleiros.

Isso sem falar em Pérola e Granada.

— Ainda não acredito — suspirou Turquesa de Câncer, com suas olheiras ainda mais fundas e escuras.

— Nem eu — disse Cristal de Leão. — Vocês duas eram as únicas que eu nunca me preocupei em perder.

Havia um tom empático raramente ouvido nele. A canceriana, porém, não deu bola. Estava ocupada analisando documentos que, antes, seriam da responsabilidade de Granada.

A morte do aquariano mergulhou o Santuário numa desordem absoluta. O restante dos cavaleiros de ouro tinha dificuldade em se adaptar em meio a um alerta vermelho.

— Ouçam bem. — O Grande Mestre se levantou.

Os dourados finalizaram suas ordens aos guardas, dobraram os papéis e direcionaram sua atenção ao patriarca.

— Tomamos decisões equivocadas nos últimos dias — disse ele, com firmeza no tom de voz. — Subestimamos nosso inimigo e, apesar de estarmos certos em prever alguns dos eventos que aconteceram, fomos pegos de surpresa.

Todos franziram a testa. Panos continuou.

— Como seu líder, devo assumir a responsabilidade. — O Mestre fez sinal para Ônix e Topázio. — Portanto, quero que vocês dois assumam totalmente o controle estratégico nesta guerra.

Entre os cavaleiros, havia uma sensação de que aquilo era mesmo o certo a se fazer. A dupla de dourados tinha muito mais experiência com estratégias de batalha, afinal.

Panos era tido como um excelente gestor, mas faltava-lhe esse tipo de habilidade. Prova disso foi a sucessão de fracassos recentes neste âmbito.

— Já conversamos sobre algumas coisas. — O capricorniano deu um passo adiante.

— Temos algumas teorias. — Topázio acompanhou o colega. — Talvez Atena esteja passando por mais um momento de instabilidade em seu cosmo. O senhor mesmo disse que ela está muito cansada, isso explicaria a facilidade dos inimigos em invadirem nosso perímetro.

— Mas e quanto aos Berserkers perambulando aqui dentro? — Safira questionou, sua voz ecoando nos cosmos dos presentes. Não estava convencida. — Ninguém sentiu nenhum cosmo. Invadiram o Santuário no meio da noite e ninguém percebeu. Como isso é possível?

— É uma boa pergunta — disse Cristal, fitando Ônix e Topázio. — Seu plano estava certo e acabou interceptando o invasor, mas dentro do nosso próprio território tivemos dificuldades em senti-los.

— Sem falar que tínhamos dois Deuses nos nossos arredores e só soubemos graças aos esforços de Pérola. — Turquesa cruzou os braços.

— Ainda não sabemos o que houve. — Ônix revisava as notas em uma prancheta. — Mas pode muito bem ter sido uma obra de Ares ou dos Deuses gêmeos.

— Não sabemos a extensão de seu cosmo. — Ametista de Peixes tinha os olhos fixos no relógio. Não gostava de passar muito tempo longe do Hospital, especialmente num dia com tantos feridos.

— Pois é — disse Topázio. — De qualquer jeito, reforçamos as nossas muralhas. Temos quase todo o contingente de guardas nas entradas e alguns cavaleiros de bronze patrulhando a região. Caso eles encontrem algo de anormal, mandarão uma mensagem e acionaremos os cavaleiros de prata para se deslocarem e se prepararem pro combate.

— E quanto a nós? — perguntou Cristal.

— Ametista guardará o Hospital. — Ônix fitou o pisciano brevemente. — Nas Doze Casas, precisamos apenas de Turquesa. Mas Topázio também ficará como último recurso.

Todos os presentes concordaram com a cabeça. A canceriana não esboçou reação.

— O restante de vocês vai para o campo, liderando grupos de cavaleiros de prata e bronze. — O sagitariano tinha o indicador em riste

— A Guerra Santa chegou até as nossas portas. — Panos estendeu um sorriso resignado à dupla de cavaleiros que liderava a iniciativa. — Estou orgulhoso de vocês. Se não há mais nada, então estão dispensados. Aguardem em suas casas e, quando começarem o ataque, sigam a estratégia à risca.

Os dourados concordaram com a cabeça e encerraram a reunião. Enquanto a maioria ainda recolhia papéis e repassava ordens com Ônix e Topázio, Safira se aproximou do Grande Mestre.

— Senhor, tenho uma pergunta — disse ela, sem muita cerimônia.

— Sim?

— Se não vai atuar na nossa estratégia, o que vai fazer?

— Ora, não é óbvio? — Com um sorriso no rosto, ele removeu a túnica negra de rotina.

Por baixo, o patriarca trajava a armadura de prata de Altar. Apesar do brilho prateado e diferente do traje de Safira, reluzia tão intensamente quanto um de ouro.

— Vou lutar.

Panos estava em ótima forma para quem não lutava há tanto tempo. A firmeza em seu olhar não deixou nenhuma dúvida que falava sério.

A dourada chegou a rir. Era inspirador que seu líder demonstrasse tamanha disposição à beira de uma batalha decisiva.

O momento, porém, foi cortado por uma sacerdotisa, adentrando o salão às pressas com passos pesados e descoordenados.

— Senhor! — ela gritava. — Panos!

— Seika? — O Grande Mestre arregalou os olhos. — O que foi?

— É Atena, senhor! — Tinha lágrimas se formando nos olhos. — Ela não acorda desde ontem! Está em coma!

 — Ela não acorda desde ontem! Está em coma!

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⏰ Última atualização: Sep 10 ⏰

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