Investigação

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Capítulo I

As rosas amarelas prendiam o olhar de Alexia em seu vai e vem. Junto da brisa morna, a valsa das flores ajudava a dissipar de seu coração a angústia enclausurada.

Um braço a envolveu. O gelado da armadura de ouro em sua nuca não a incomodou. Na verdade, nem percebeu. O gesto era afetuoso, mesmo que seu desconcerto entregasse a falta de tato de quem o proferia.

— Não importa o que aconteça. Eu vou te proteger, sempre.

A voz de Ágata era severa como de costume, mas seu rosto se iluminava com carinho pela jovem. Alexia teve certeza de que era genuíno.

Tinha que ser.

E então acordou.

Um quarto estranho. A cama, que tinha duas vezes o seu tamanho em comprimento, abraçava-a com lençóis dourados.

Sentou-se e suspirou. Com as pernas pesadas e a cabeça latejando, percorreu o que mais pareciam quilômetros até chegar ao pequeno banquinho diante de uma penteadeira num dos cantos.

Seu reflexo era de dar pena. As olheiras eram fundas como o Poço dos Traidores. Seus cabelos ruivos, embora tivessem um corte repicado, amanheceram mais caóticos que o normal.

Olhou para a claraboia no teto. O sol já caminhava para o centro do céu. Num pequeno e antigo reloginho, os ponteiros adornados lhe davam uma noção de por quanto tempo havia dormido.

— Dez e meia. — Rouca e reflexiva, encarou a si mesma. — Como você pôde dormir depois do que aconteceu essa noite?

Na mesinha de madeira, vários acessórios delicados de beleza se amontoavam numa bagunça organizada.

— E agora tô até falando sozinha — disse, pegando uma escova de cabo rosa.

O toque das cerdas em seus fios lhe trazia conforto. Um ar mundano para uma vida que carecia de normalidade.

— Deixa que eu lhe ajudo, senhorita Alexia. — Despercebida, uma moça jovem estava ao seu lado, tomando de suas mãos o apetrecho.

A garota deu um salto. Como não havia notado aquela mulher adentrar o quarto e se aproximar?

— Quem é você?! — gritou, erguendo os punhos. — Explique-se!

Com os olhos arregalados do tamanho de dois pêssegos, a desconhecida tremia os lábios, mas nenhuma palavra saía. Tinha vestes longas de seda e um cabelo curto e encaracolado.

— E-Eu n-não... A-A senhorita... Eu n-não queria...

— O que foi? — Assustada, Pérola de Gêmeos irrompeu pelas escadas e se deparou com a cena. Trajava sua brilhante armadura dourada. — Ah, Alexia, você acordou. Essa é Tatyana, minha serviçal.

— É-É um prazer. Mil perdões, não deveria ter sido tão sorrateira. — Com os olhos cheios de lágrimas, fez Ali se sentir horrível.

— Imagina, eu é que peço desculpa, tava cheia de coisa na cabeça. — Coçou os cabelos ainda bagunçados.

—Venham — disse Pérola, sorrindo. — Vamos comer.

No térreo, a garota se deparou com um salão elegante. Um grande tapete persa aconchegava uma mesa de madeira coberta de figuras de Deuses e heróis entalhadas. Deveria ter séculos de existência. Pairando acima dela, um lustre dourado robusto sobrevoava os pratos e os pesados talheres de prata.

Um café da manhã completo estava posto. Suco de laranja, ovos mexidos, as mais variadas frutas da estação. Os preferidos de Alexia, os croissants, estavam presentes em diferentes sabores. O famoso iogurte grego também não poderia faltar, servido em pequenas tigelas de barro. Pela consistência, a garota o reconheceu como caseiro e da mais alta qualidade.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora