Capítulo XVI
— Olá?
Tímido, Tales estendia o pescoço. Procurava algum sinal de vida na casa de Gêmeos.
— Tales? — Pérola apareceu descendo a escada que levava ao segundo andar. — O que faz aqui? Ainda não dormiu?
Trajava sua armadura de ouro e, assim como o garoto, tinha fundas olheiras. A madrugada repleta de ataques manteve todos em alerta.
Ainda faltavam algumas horas para o amanhecer. Desde o pôr do sol, Dox de Alabarda e Echion de Spartoi haviam invadido o perímetro do Santuário. Hematita e Messier acabaram pagando um alto preço.
— A Ali tá aqui? — Tales corria os olhos pela penumbra da casa. — Não vi ela quando ajudei a deixar o Messier no Hospital. Não encontro ela em lugar nenhum.
— Não vi ela depois que saí de lá. — A senhora puxou uma dupla de cadeiras para sentar de frente para ele. — Como está o Messier? É um jovem muito talentoso.
— O Ametista disse que vai ficar bem.
— Que bom. — Ela fez um silêncio momentâneo e então perguntou. — E-E o Hematita?
Gaguejou, sem graça. Estava sempre se solidarizando com todos, mas tinha dificuldade em revelar os próprios sentimentos.
— Ainda não acordou. Mas agora tá só descansando, amanhã deve tá recuperado.
— Fico aliviada. — Pérola correu a mão pelo pescoço. Franziu os lábios, sem muita ideia do que dizer.
Era um alento seu filho estar bem, mas a culpa de tê-lo apresentado à vida de cavaleiro a acompanharia para sempre.
Tales, percebendo o desconforto, continuou.
— Tô preocupado com a Ali, ela não parecia muito bem.
— Não seja por isso, vamos procurá-la.
— Ótimo! — O cavaleiro tinha um olhar ansioso.
— Acalme-se, meu jovem. Descanse um pouco, tome um café. Vou pedir à Taty para providenciar.
— Não dá pra perder tempo!
— Tales. — A senhora pousou a mão em seu joelho. — Qual o problema?
— S-Se a gente parar, mais desastres vão acontecer! — O garoto tremia o lábio.
— Menino, você precisa dormir urgentemente. Talvez ela só esteja dando uma volta por aí.
— NÃO! — ele gritou, levantando-se. Seu próprio rompante o assustou. — N-Não quero dormir.
— Mas por que não? — A senhora arregalou os olhos.
— P-Porque... — Tales pousou a mão na testa.
Por quê?
Essa era uma pergunta difícil de responder. Mais precisamente, de verbalizar. O rapaz sabia perfeitamente o porquê.
As imagens do que aconteceu em Agrapidoula que pintavam sua mente lhe deixavam claro o que se passava. Sempre que baixava a guarda, o destino lhe pregava mais alguma peça.
Primeiro, tiraram-lhe Aura.
Depois, qualquer possibilidade de relaxar.
Sabendo disso, com a voz trêmula, respondeu a dourada.
— Eu não quero... — Engoliu em seco. — ficar sozinho...
— Mas que besteira! — Pérola também se levantou, segurando o jovem pelos braços. — Você não está sozinho aqui, nunca! Somos companheiros. Somos família!
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Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2
FanfictionO Santuário mergulhou no caos. Enquanto Alexia lida com a repercussão dos últimos acontecimentos, Iro e Tales se vêem isolados, fazendo descobertas surpreendentes enquanto tentam retornar ao Santuário. O tempo, porém, é curto. A tensão cresce, enqu...