Lâmina

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Capítulo XVIII

Alexia custava a se manter acordada.

A presença de Iro, porém, era o que sustentava sua fagulha de consciência.

— Ali! — ele gritou, apoiando a cabeça da garota em sua coxa. — Por favor, me diz que você tá bem!

Sua traqueia fora esmagada com a força de toneladas. Marcas arroxeadas envolviam seu pescoço e as bochechas coravam como um pimentão.

Foram momentos angustiantes.

O oxigênio, lentamente, voltava a fluir para seu peito.

Mas a voz não saía.

O mundo girava e a cabeça doía, mas estava consciente.

A imagem do cavaleiro ficava cada vez mais clara. Estava deitada em seu colo, as mãos dele em seu rosto.

A primeira coisa que fez foi chorar. Que alívio era revê-lo. Havia tanto que queria lhe dizer... Mesmo se conseguisse falar não encontraria as palavras.

— Calma, não força a voz. — Os olhos marejados do jovem deixavam claro ser recíproco. — Agora é comigo.

Mesmo em meio àquele cenário, encontrá-la foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Seus dedos trêmulos passeavam pelo rosto repleto de ferimentos da garota.

Ela retribuiu o gesto.

Correu as mãos pela bochecha do cavaleiro.

Em silêncio, entenderam-se.

Como sempre faziam.

— Que reunião mais tocante. — Deimos abria os braços. — Iro de Carina, é uma honra!

O cavaleiro ajudou Alexia a se encostar contra a parede de uma casa, antes de encarar o Deus.

Seus olhos brilhavam de determinação.

— O meu pai ficará muito contente em saber que cruzei o seu caminho — o Terror continuou. — Vou te levar comigo.

— Você não vai sair daqui, Deimos.

Iro cerrou os punhos.

Seu cosmo fez faíscas de fogo estourarem na atmosfera. Elevou-se com tamanha força, que balançou violentamente as bandeirolas dos postes que circundavam a praça. Ali nunca o havia presenciado num nível tão alto.

O cavaleiro ergueu os braços.

Alexia conhecia o gesto.

— Eu vou consertar o que você fez! — o jovem gritou, concentrando sua energia flamejante entre as mãos. — Coroa de Fogo!

Materializou uma bola de fogo luminosa. A maior que já havia criado. Era, no mínimo, três vezes maior e mais brilhante que todas as outras.

Lançou-a na direção do Deus.

Foi a Coroa de Fogo mais forte que a garota havia visto. O golpe viajou numa velocidade que lhe escapou os olhos.

Deimos, porém, desviou com facilidade. Mal deslocou o corpo para o lado e o ataque passou em branco.

— Vejo que está mais forte agora — o Terror sorria. — Mas sinto lhe informar que está longe de ser uma ameaça. Não está nem no nível da sua colega de prata.

Iro tinha um semblante de satisfação. O Deus imediatamente percebeu que algo estava errado.

— NÃÃÃÃO! — A cabeça de Íris gemia, com seu coletivo de vozes macabras.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora