Flecha

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Capítulo XIII

O Berserker corria furtivo pela Rua das Oliveiras. Não conseguia acreditar na facilidade em adentrar o Santuário.

Os quarteirões estavam vazios por conta da evacuação. Os moradores se abrigavam em suas casas trancadas e de luzes apagadas. Todas as atenções estavam voltadas para o ataque ao festival.

Nem mesmo a Praça Principal tinha algum sinal de vida. O invasor, ao se deparar com com o local vazio, deleitou-se de tanto rir.

Era alto, musculoso e de pele acobreada. Seus olhos eram avermelhados e não possuía um fio de cabelo na cabeça.

Rumou para a escadaria de acesso ao Distrito Norte. Após adentrar o reduto dos cavaleiros, não demoraria para que chegasse às Doze Casas.

Um inimigo contra todos os dourados.

Era um plano ambicioso.

No primeiro passo, porém, um impacto logo à frente dos seus pés o freou. Como num tiro de aviso, algo cravou o chão, abrindo um buraco maior do que deveria.

Uma flecha.

Disparada do topo dos degraus. Era dourada e etérea, feita puramente de cosmo.

Assim que se dissolveu, um cavaleiro surgiu descendo os degraus.

— Onde pensa que vai? — perguntou o rapaz, aparecendo à luz dos postes que iluminavam a praça.

Era Messier de Sagita, o jovem ás que Tales e Alexia viram na última Reunião Dourada.

Tinha um semblante formal e decidido.

— A segurança daqui é uma porcaria. — O Berserker cruzou os braços. Sua voz era grossa com a de Ônix. — Deveriam se envergonhar!

Falava alto, com uma confiança exagerada. Tinha uma personalidade desleixada e grosseira.

O cavaleiro franziu os olhos. Aquele tipo de postura o enojava.

— Trate de ser mais respeitoso — disse Messier. — Está num local sagrado. Comporte-se.

— Ou o quê? — riu o Berserker. — Você vai me punir?

Os olhos escarlates do invasor reluziram. O cavaleiro sentiu algo estranho. Uma aura mística emanando do homem, como se seu corpo fosse a cortina que escondia algo grandioso.

— Vou. O Esquadrão Topázio nunca deixa seu alvo escapar com vida. — Messier tinha um forte senso de dever e encarava aquela situação como apenas mais uma missão.

— "Esquadrão Topázio"? — o homem gargalhou. — O que é isso, um bloco do seu carnaval patético?

O Berserker tentava irritá-lo. Insultando o que havia acontecido no vilarejo vizinho. Mas o jovem não era de perder a compostura.

Tinha seus olhos fixos no inimigo, avaliando-o. Seu traje era escarlate como o dos outros. Os traços, porém, eram mais quadrados e uniformes. Lembrava uma armadura de ouro pelo seu nível de proteção e elegância.

— Ei, golpe baixo falar do meu esquadrão assim. — Sentado num dos bancos da praça, Topázio tinha um ar despreocupado.

— Ah, bem que eu pensei que parecia uma brincadeira de mau gosto. — O invasor virou as costas ao cavaleiro de prata, fitando o sagitariano. — Topázio de Sagitário, correto? Eu, Echion de Spartoi, do Conabos, terei a honra de derrotar um dos comandantes das tropas do Santuário!

— Eu serei seu oponente — disse Messier, firme.

— Ele tem razão. — O dourado coçou a orelha. — Tô aqui só como espectador.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora