Festival

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Capítulo X

— Uma semana — dizia Rubi, uma onda ricocheteando em sua cintura.

— Que absurdo! — exclamou Tales, separado do mestre pelas grades do calabouço.

A alguns quilômetros do Santuário, uma península estendia seus elevados rochedos e avançava pelo Mediterrâneo. Em sua encosta, uma cela solitária escavada deixava quem fosse aprisionado ali à mercê da fúria do mar.

Era o Cabo Sunion.

— Já falei — o dourado suspirou —, o Santuário está em alerta vermelho devido à invasão de Ares. Qualquer tipo de teleporte ou projeção sem autorização prévia é expressamente proibido.

— Mas você não sabia! Prender um cavaleiro de ouro durante uma Guerra Santa é uma grande burrice! — O garoto batia os pés, jogando água para todo lado.

Rubi esperava pacientemente os rugidos do rapaz cessarem, mas ele não parou tão cedo.

— Tão te punindo por uma missão completa e ainda por cima enfraquecendo as nossas defesas. O que o Grande Mestre tá pensando?

— É melhor que ser jogado no Poço dos Traidores... Agora — Rubi ajeitou os óculos. —, "arma secreta do Santuário" você disse?

— Foi o que Ares disse pra Atena e Alexia.

— Não sei do que se trata. — O ariano levou a mão ao queixo. — Existe sempre a possibilidade de ser uma distração.

— Talvez. Mas às vezes ele parece que sabe mais sobre o Santuário que a gente.

— Você está carrancudo hoje. — O dourado se espreguiçou.

— É porque a gente não tem tempo pra descansar! Eu tentei e levou só um dia pra tudo ir pelos ares! E agora o Santuário tá mais preocupado em organizar o carnaval que procurar pelo Iro!

— Isso realmente é preocupante. — Rubi franziu os olhos.

— Eu costumava achar o Panos um Grande Mestre tão bom. Como pode ele tomar decisões tão ruins em tão pouco tempo?

— Tente entender, Tales. Panos não foi preparado para lidar com uma Guerra Santa. Apesar de imprevisíveis, elas costumam ser profetizadas pelos sacerdotes do Santuário. O renascimento de Ares, portanto, não estava no radar. Seu treinamento não teve intuito militar.

— Mas...

— Você mesmo me falou sobre Éris. Ninguém consegue discernir direito a melhor decisão a ser tomada nesse momento. Por isso Ares está sempre à nossa frente. Por isso ele parece um gênio estratégico. O lado de lá é o único com clareza em seus pensamentos.

— É verdade. — Enxugou uma gota de suor que escorria pela testa. — É muito difícil raciocinar direito assim.

— Aquela hora — O semblante do dourado escureceu. —, Cicno absorveu o corpo de Ptolamo de Chakram.

— Eu percebi. — Tales apoiou as costas nas barras da cela. — E fiquei pensando que talvez ele não tivesse absorvido o Berserker, mas pegado de volta sua própria energia que tava no corpo dele.

— Entendi. —Rubi deu um sorriso de canto de boca. — Sendo assim, todos os Berserkers seriam imbuídos com uma parte do cosmo do Deus que os comanda.

— Se isso for verdade, não dá pra saber todo o potencial deles. — Tales olhou ao redor, revoltado. — Isso é uma perda de tempo! Se a gente estivesse na Biblioteca discutindo com o resto dos Acadêmicos, seria muito mais produtivo.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora