Capítulo 19

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[capítulo atualizado]

Tobias

Manuela provavelmente desconhecia sua força. Ela me jogou para dentro daquele lugar e trancou a porta.

Depois de ela me dizer que aquele era um lugar especial para ela, comecei a observar em volta.

As paredes estavam repletas de quadros, como se fosse um estúdio de artes. Diversos tipos de modelos, mas todos eram paisagens. Não havia pessoas ou animais nas pinturas, apenas os mais variados retratos de lugares. Me aproximei um pouco de uma, e pude notar a perfeição com a qual ela foi pintada. A cachoeira, as árvores em volta, o pôr do sol e os pássaros. Tudo foi perfeitamente detalhado, as cores estavam em sintonia, tons suaves coloriam toda a paisagem e o céu azul coberto com nuvens brancas, mais pareciam que ela estava olhando exatamente para essa paisagem, enquanto a pintava.

Quando Manuela começou a me contar a história por trás daquele quadro, ela obteve cem por cento da minha atenção.

Ela me olhava de baixo para cima, e não somente por eu ser maior que ela, parecia algo a mais, como se o que ela estava prestes a me contar fosse um segredo.

Quando Manuela jogou para mim, que havia perdido a pessoa mais importante da sua vida por uma fatalidade e pior, sem ter tido tempo de se despedir, senti como eu não tivesse problemas.

Mas por detrás de toda a tristeza que se instalou em seu olhar, conforme ela se aprofundava nas lembranças para me contar, era como se esse não fosse seu único fardo, como se essa tragédia não fosse á única de sua vida.

Por mais que a vontade de abraçá-la estivesse forte, eu me contive, pois ela parecia estar descarregando uma dor aprisionada por muito tempo. Como se contar isso para uma pessoa que não conhece muito de sua vida, estivesse a ajudando desabafar.

Só que quando ela encostou a cabeça na parede e fechou os olhos, quase sorrindo, eu não me contive a alegria de ter feito bem a ela, mesmo não tendo sido proposital. Saber que fui útil mesmo que para guardar o que tanto a afligia, fez com que eu colocasse minha mão sobre a sua. Pensei que ela se esquivaria, como da outra vez que peguei em sua mão, mas ela permitiu e ousei subir por seu braço. Me aproximei de seus lábios, mas ela desviou o olhar como se não conseguisse afastar seu rosto, mas pedisse que eu fizesse isso.

Nos levantamos e a direcionei até a mesa, em frente a pintura que precisava ser terminada.

Ela parecia tão frágil e desarmada, que fiquei com vontade de cuidar para que mais nada de ruim acontecesse a ela.

Estou fascinado pela Manuela. E não somente por perceber a artista que eu tinha bem a minha frente, mas também por imaginar que toda essa personalidade doida, foi criada para disfarçar algo que ela não queria que fosse revelado, me deixando ainda mais curioso a seu respeito.

****

— Vou continuar aquela pintura... A do concurso. — despejou Manuela para seus amigos, enquanto comíamos batatas cozidas e recheadas com molho branco, um jantar feito por Anthony.

— Você contou...

— Sim Vivi. — Manuela respondeu rapidamente. — Contei sobre o papai para o Tobias. O encontrei passando lá na rua, e acabei mostrando os quadros.

Os três trocaram olhares como se fossem códigos.

— Estou muito orgulhoso, darling. Sabemos o quanto isso significa e o quanto exigirá de você.

Quando percebi, minha mão estava novamente sobre a dela, mas desta vez ela sustentou seu olhar preso ao meu, por mais de cinco segundos.

Mas depois desses longos segundos, ela desviou o olhar, tossindo de uma maneira nitidamente forçada. Retirei minha mão na segunda tossida.

Vivian começou um assunto sobre seu trabalho, mas eu não pude deixar de notar a forma que Manuela mordia levemente seu lábio inferior quando ficava com vergonha.

Mais tarde, Anthony foi levar Vivian para casa, deixando Manuela e eu sozinhos com as mãos molhadas e ensaboadas, enquanto lavávamos a louça e ela batia de propósito na água para me molhar.

— Ei!

— O que foi? Você foi feito de açúcar? — ela perguntou com uma sobrancelha erguida.

— Não é só porque eu não sou feito de açúcar, que você precisa ficar me molhando!

Ela me encarou, como se estivesse brava. E quando eu estava prestes a pedir desculpas pelo jeito que falei, ela fechou as mãos como uma concha e jogou água em meu rosto.

— Isso foi golpe baixo. — falei com os olhos fechados — Você me fez babar! — levantei minha camiseta para enxugar meu rosto.

Antes de abaixar a camiseta, espiei-a olhando para o meu abdômen. E o que me deixou ainda mais perturbado, era que ela não estava disfarçando.

— Somo dois para uma pia muito pequena... — ela começou a dizer e mais uma vez suas mãos ficaram em formato de concha e ela jogou água em meu rosto.

— Isso já esta perdendo a graça.

— Pois eu estou achando muito engraçado. — ela me mostrou a língua.

Com a torneira ainda aberta, apertei minha mão na saída da água, fazendo-a jorrar não só no rosto de Manuela, mas também em toda sua camiseta.

— Ei! — ela gritou e pulou para trás.

Quando ergueu a cabeça e jogou seus cabelos parcialmente molhados para trás, paralisei e o sorriso saiu dos meus lábios.

A camiseta branca estava completamente grudada aos seus seios. E ela estava sem sutiã.

Engoli em seco algumas vezes.

Quando dei um passo em sua direção, Manuela voltou para o meu lado na pia.

— Vamos terminar essa louça logo. — algo no tom de sua voz havia mudado.

Sem conseguir esconder mais nada — nem minha cara de idiota ou o que ela estava causando em mim —, com minhas mãos ensaboadas, me posicionei atrás dela, esperando que recuasse, mas ela não fez isso.

Eu precisava tocá-la sem pensar em mais nada.

Meu corpo estava prensando-a contra a pia de mármore, e não pude esconder minha excitação com isso.

Sua pele se arrepiou com o meu toque. Sua cabeça tombou lentamente para o lado direito, deixando sua cicatriz a mostra. Apertei minhas mãos em torno de seus braços e beijei atrás de sua orelha. Ela soltou um leve gemido, com seu corpo completamente encostado ao meu.

Eu precisava do beijo dela.

Quando a virei, para que ficasse de frente para mim, seus seios encostaram-se ao meu peito, tirando-me completamente de meu estado normal.

Por Caminhos Errados Onde histórias criam vida. Descubra agora