Manuela
Eu queria tocá-lo mais uma vez. Por Deus, como eu queria tocá-lo mais uma vez.
Mas me detive. Eu sabia que se Tobias me abraçasse de novo, eu iria desmoronar ali mesmo, na frente dele e no meio da rua.
Quando ergui o braço para ao menos tocá-lo antes de me despedir, senti a ponta dos meus dedos formigarem. Minha visão ficou turva, o ar me faltou e tive que correr. Eu sabia que se não mudasse o foco da minha visão naquele exato momento, aconteceria de novo. E eu não queria aterrorizá-lo ainda mais.
Fechei a porta e me encostei nela.
Ele deve estar se perguntando o porquê de eu ter corrido como se tivesse assustada...
Tudo bem, Tobias. Tudo bem. A coisa assustadora sou eu.
Infelizmente, não tenho como fugir de mim mesma.
Mas você pode, Tobias. Você pode fugir. Então corre. Fuja!
— Você sabe que ele não vai fugir de você.
Assustei quando Vivian falou tão suavemente, parada na minha frente. E só então notei que pensei alto demais.
— Mas deveria. — murmurei.
— Ele vai lutar.
— Não deveria.
Ela cruzou os braços em frente ao peito, repreendendo-me pelo olhar, exatamente como Antony fazia.
— Por que você apenas não permite?
Olhei para ela com uma expressão de dúvida.
— Que ele ajude você.
— Eu não mereço.
Ela se aproximou de mim e segurou meus ombros.
— Para, por favor. Isso está acabando com você. — ela colocou uma mecha do meu cabelo rebelde atrás da minha orelha. Seu olhar era suplicante, e isso me despedaçou ainda mais — Eu sei que dói. Mas foi o Miguel que morreu. Você está viva e não teve culpa de nada. Sua mãe que foi uma cachorra. Você não teve culpa de nada. Você não tem culpa de nada!
Droga, eu vou desmoronar.
— O Tobias está disposto a ajudá-la superar. Apenas aceite.
— Eu não consigo. Não consigo ficar perto dele sem chorar. — murmurei.
— Então chore. Deixe que ele veja a sua alma. Você permitiu que ele a abraçasse agora a pouco. É só permitir de novo.
Comecei a balançar minha cabeça, negando.
Para Vivian, para, por favor.
Me desvencilhei dela e corri para a escada.
— Por que você correu dele daquele jeito? — ela espiou pela janela — Sabia que ele só se mexeu agora? Para entrar em um táxi.
Não posso desmoronar. Respira, respira.
— Só o cheiro dele já estava me inundando. — Vivian olhou para mim, os olhos avermelhados — E eu não mereço mais me afogar nele.
****
Um pouco antes do meio dia, Antony estava batendo na porta do meu quarto para de desejar parabéns. Ele pulou na cama e me obrigou a pular também. Não se lamentou pelo aniversário de morte do meu pai, mas eu sabia o quanto ele também lamentava. Depois saiu apressado dizendo, dizendo que estava muita correria lá na lanchonete e que só havia escapado para me dar um beijo.
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Por Caminhos Errados
RomanceSINOPSE "O que levaria você a entrar em um jogo proibido?" Após chegar em casa e encontrar uma cena que nunca mais sairá de sua cabeça, Manuela se vê forçada a criar algumas regras, para não deixar que mais ninguém machuque seu cora...