Capítulo 33

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Manuela

Eu queria tocá-lo mais uma vez. Por Deus, como eu queria tocá-lo mais uma vez.

Mas me detive. Eu sabia que se Tobias me abraçasse de novo, eu iria desmoronar ali mesmo, na frente dele e no meio da rua.

Quando ergui o braço para ao menos tocá-lo antes de me despedir, senti a ponta dos meus dedos formigarem. Minha visão ficou turva, o ar me faltou e tive que correr. Eu sabia que se não mudasse o foco da minha visão naquele exato momento, aconteceria de novo. E eu não queria aterrorizá-lo ainda mais.

Fechei a porta e me encostei nela.

Ele deve estar se perguntando o porquê de eu ter corrido como se tivesse assustada...

Tudo bem, Tobias. Tudo bem. A coisa assustadora sou eu.

Infelizmente, não tenho como fugir de mim mesma.

Mas você pode, Tobias. Você pode fugir. Então corre. Fuja!

— Você sabe que ele não vai fugir de você.

Assustei quando Vivian falou tão suavemente, parada na minha frente. E só então notei que pensei alto demais.

— Mas deveria. — murmurei.

— Ele vai lutar.

— Não deveria.

Ela cruzou os braços em frente ao peito, repreendendo-me pelo olhar, exatamente como Antony fazia.

— Por que você apenas não permite?

Olhei para ela com uma expressão de dúvida.

— Que ele ajude você.

— Eu não mereço.

Ela se aproximou de mim e segurou meus ombros.

— Para, por favor. Isso está acabando com você. — ela colocou uma mecha do meu cabelo rebelde atrás da minha orelha. Seu olhar era suplicante, e isso me despedaçou ainda mais — Eu sei que dói. Mas foi o Miguel que morreu. Você está viva e não teve culpa de nada. Sua mãe que foi uma cachorra. Você não teve culpa de nada. Você não tem culpa de nada!

Droga, eu vou desmoronar.

— O Tobias está disposto a ajudá-la superar. Apenas aceite.

— Eu não consigo. Não consigo ficar perto dele sem chorar. — murmurei.

— Então chore. Deixe que ele veja a sua alma. Você permitiu que ele a abraçasse agora a pouco. É só permitir de novo.

Comecei a balançar minha cabeça, negando.

Para Vivian, para, por favor.

Me desvencilhei dela e corri para a escada.

— Por que você correu dele daquele jeito? — ela espiou pela janela — Sabia que ele só se mexeu agora? Para entrar em um táxi.

Não posso desmoronar. Respira, respira.

— Só o cheiro dele já estava me inundando. — Vivian olhou para mim, os olhos avermelhados — E eu não mereço mais me afogar nele.

****

Um pouco antes do meio dia, Antony estava batendo na porta do meu quarto para de desejar parabéns. Ele pulou na cama e me obrigou a pular também. Não se lamentou pelo aniversário de morte do meu pai, mas eu sabia o quanto ele também lamentava. Depois saiu apressado dizendo, dizendo que estava muita correria lá na lanchonete e que só havia escapado para me dar um beijo.

Por Caminhos Errados Onde histórias criam vida. Descubra agora