Capítulo 15

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[capítulo atualizado]

Manuela

Eu precisava sair de perto dele mesmo que por alguns segundos, pois saber que Tobias saltou comigo mesmo tendo medo de altura... Me deixou um pouco confusa e eu precisava jogar água gelada no rosto.

Quando minhas pernas já não tremiam tanto quanto antes, saí do banheiro, mas encontrei com Ricardo na porta.

— O que você está fazendo aqui? — meu coração se acelerou.

— Pelo que sei, o parque é publico. Ou estou enganado?

Revirei os olhos.

— Você tem algum repelente bem forte aí? — perguntei e ele cerrou os olhos — Então com licença, vou ver se arranjo um porque talvez assim eu consiga manter você longe de mim!

Dei as costas para ele e tentei sair andando, mas Ricardo segurou meu pulso, me puxando para trás.

— Detesto quando você me dá as costas! — ele praticamente rosnou.

— Me deixa em paz, Ricardo! — gritei.

Olhei para trás, procurando por Tobias e o vi praticamente correndo em nossa direção. Seus olhos estavam fixos em Ricardo e segundos depois, Tobias o empurrou para longe de mim.

Ricardo estava bêbado logo de manhã, pois não havia outro motivo que o fizesse falar aquele monte de besteira.

E quando ele disse que eu não tinha capacidade para ser mais do que um objeto, Tobias praticamente voou para cima dele.

Quando conseguiram, depois de muito tentar, tirarem o Tobias de cima dele, o rosto de Ricardo já estava inchado e com algumas manchas de sangue.

Eu não conseguia me mexer. Imaginar que Ricardo poderia gritar algo a mais, me fez congelar.

Ver Tobias brigando por minha causa me deixou apavorada. Mas constatar que ele não havia se ferido, me tranquilizou um pouco.

Enquanto Tobias era sendo puxado para trás por seus amigos, Ricardo estava sendo levado para fora do evento, pelos seguranças que alguém, finalmente, chamou.

Ele parecia muito desorientando, então seus amigos o levaram até o jipe e eu fui atrás.

— Você está bem? — Tadeu, o instrutor do salto, me perguntou.

— Estou bem. — falei no automático e sem muita certeza.

— Quer que eu leve vocês para casa?

— Não precisa.

Tobias respondeu, sem olhar para nenhum de nós. Tadeu fez um cumprimento e nos deixou sozinhos.

Passei o cinto de segurança em frente ao meu peito e o prendi. Tobias na disse mais nada, causando um silêncio horrível.

Eu não sabia no que pensar primeiro. Me deixei levar por sua gentileza, por seu sorriso e pelo jeito que, com facilidade, ele fazia com que eu me sentisse segura. Não segura dos outros... Segura de mim mesma. Era como se ele bloqueasse todos os meus pesadelos, como se eu não pudesse mais me machucar. Eu só não podia deixá-lo saber disso. E eu também não podia me deixar sentir mais. Hoje Tobias entrou em uma briga por minha causa, não quero que amanhã aconteça algo pior. Eu preciso de forças para em afastar dele.

— Manuela...

— Você não deveria entrar em uma briga por minha causa. — respirei profundamente.

Não me atrevi a piscar, pois a vontade de chorar estava ardendo em meu peito.

Tobias se aproximou de mim, e fez um leve carinho em meu rosto. O mero toque de sua mão foi capaz de aquecer todo o meu corpo. Engoli em seco quando ele apoiou os dedos em meu queixo e se aproximou mais de meu rosto.

Tentei me afastar, mas meu corpo não me obedeceu e eu temia que aos poucos, o meu cérebro também começasse a não me obedecer mais.

— Eu me importo com você, Manuela... — sua voz era um sussurro.

A única coisa que fez com que eu deixasse de olhar para os lábios de Tobias tão próximos ao meu, foi o farol alto de um carro vindo em alta velocidade, da rua que cruzava com a qual estávamos. O carro freou, mas não antes de bater com tudo no lado do motorista.

Minha cabeça bateu violentamente contra a janela da porta. Uma dor alucinante me deixou completamente atordoada. Um zumbido forte se instalou em meu ouvido, e quando consegui abrir meus olhos para ver o que havia acontecido, vi o corpo inerte de Tobias sobre o meu colo.

Por Caminhos Errados Onde histórias criam vida. Descubra agora