Tobias
Fraco.
Era assim que eu estava me sentindo.
Completamente fraco.
Fisicamente eu poderia correr uma maratona, mas mentalmente... eu me sentia destruído.
Quando sabemos que estamos fazendo o que é certo, isso deveria amenizar a dor. Porque eu sei que estou fazendo o certo por ela. Não me importo comigo. Eu aguentaria qualquer coisa, mas isso não significa que ela deva ter a mesma força que eu. A Manuela já foi forte demais...
Aceitar nossa separação não foi o mais difícil, porque eu sei que ela também não queria que as coisas fossem assim. O difícil é o controle que tenho que ter para não acabar com a raça daquele desgraçado do ex-namorado dela.
Ele conseguiu passar a frente daquele covarde do Ricardo e isso por si só, já faz com que ele mereça uma surra.
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Peguei a mochila com meu material de trabalho e coloquei dentro do jipe.
Coloquei meus óculos escuros, pois o sol estava mais forte do que o esperado depois da ventania que deu pela manhã. Arregacei as mangas da minha camisa azul e tranquei a porta.
Quando fui subir no jipe, tive uma surpresa nada agradável.
— Não acredito! — bati a porta com força — Como que esse pneu me fura justo agora!
Agachei para checar se havia algum prego, mas não encontrei. Porque o pneu não havia apenas furado... Ele havia sido rasgado. Tinha um corte de pelo menos quinze centímetros.
— Mas que droga é essa...? — passei a ponta do dedo sobre a espessura.
Meu celular tocou.
Era o supervisor da sessão de fotos que eu iria fazer.
— Tive um imprevisto, Júlio, mas já estou a caminho.
Desliguei e me levantei, aquilo teria que ficar para mais tarde.
— Vou ter que chamar um táxi. — murmurei.
Assim que desliguei novamente o celular, e o enfiei dentro do bolso da calça, o carro de Vivian parou do outro lado da rua.
Mesmo o vidro sendo um pouco escuro, vi que Manuela estava lá dentro, e parecia olhar para mim.
Eu não tinha planejado vê-la tão cedo, ainda mais chegando em casa.
Mas agora eu teria que cumprimentá-la por seu aniversário como um amigo, sabendo que o presente que tenho na mochila, comprei como um louco apaixonado.
Sem saber se é o que ela quer.
Louco.
Mas, ainda assim, ainda neste exato momento, apaixonado.
Vivia desceu do carro, acenou para mim e entrou na casa. Manuela desceu logo em seguida, lentamente, como se tentasse passar por mim de forma despercebida.
Não sei dizer exatamente o que senti em relação a isso, mas resolvi ignorar. Pelo menos agora.
Atravessei a rua e me aproximei dela. Seus olhos estavam levemente franzidos por causa do sol. O cabelo, preso em um coque desajeitado com fios ondulados caindo sobre o rosto e ombros. O canto de sua boca se ergueu em um sorriso tímido, mas, ainda assim, um sorriso.
E pude perceber que a lentidão não era para escapar de mim. Era por não saber como agir, pois era exatamente assim que eu estava me sentindo também.
Sem proferir uma palavra, me aproximei até acabar como o espaço que havia entre nossos corpos, e a tomei em meus braços. Me forcei a um abraço sutil, pois não queria assustá-la com o desespero que eu estava em senti-la novamente.
Sua cabeça se encaixou sob meu queixo e eu sentia sua respiração quente em meu pescoço. Seus braços contornaram minha cintura e seus dois dedos indicadores encontraram o caminho das minhas costas, por debaixo da minha camiseta, como ela costumava fazer.
A familiaridade que senti com as curvas de seu corpo, com o cheiro de seus cabelos e com seu toque, me impediu de mover qualquer músculo. Eu só queria que ela permanecesse protegida por meus braços um pouco mais de tempo.
Ela é tão intensa, que o pouco que agora tenho dela, ainda é capaz de me tomar por completo.
— Feliz aniversário. — sussurrei.
Seus braços se apertaram um pouco mais em torno da minha cintura.
— Obrigada.
Sua resposta não foi mais que um murmúrio.
Abaixei minha cabeça até minha boca ficar bem próxima de seu ouvido:
— Eu sinto muito.
— Eu sei. — um suspiro pesado e quase imperceptível escapou de seus lábios.
Eu não sabia o que falar além do sinto muito, mas sabia que ela compreendia tudo o que eu queria dizer. E isso para mim bastava.
Por mais que eu tentasse, não conseguia imaginar o quanto ela estava sofrendo. Perder alguém já é uma dor quase insuportável, e ter perdido o pai no dia do próprio aniversario, deve fazê-la sofrer ainda mais.
Eu não conseguia imaginar sua dor, mas a compreendia perfeitamente.
Foi ela quem se afastou primeiro, fazendo com que eu me sentisse vazio novamente.
— Um ano — suspirou, sorrindo nervosamente — Parece que foi ontem. Eu — ela colocou a mão na boca.
— Você... — a encorajei.
— ... ainda sinto o último abraço que ele me deu. Desesperado, mas aliviado por eu estar viva.
Seu sorriso ficou largo, mas o nervosismo ficou ainda mais estampado em seu rosto.
Quando abri a boca para falar qualquer coisa na tentativa de confortá-la, ela encostou um dedo em meu braço, como se estivesse se queimando ao me tocar.
Resolvi ignorar isso também.
— Preciso ir, Tobias.
E saiu correndo aos tropeços, como se estivesse querendo fugir de alguma coisa muito assustadora.
Pensei em ignorar a parte do meu cérebro que dizia que a coisa assustadora, era eu.
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Olá meus queridos leitores! Sei, podem me xingar. Mas não é culpa minha, e sim do meu cérebro que está com esse bloqueio terrível! Eu sento para escrever e simplesmente não consigo que saia nada descente. Por vezes achei que finalmente tinha voltado a inspiração, e estava enganada. Mas, como a esperança é a última que morre, vamos tentar mais uma vez.
Manu e Tobias ainda tem tanto para contar... espero que eles consigam!
Já estou começando a escrever o capítulo 33 e, assim que ele sair, corro postar aqui.
Mais uma vez, sinto muito pelos atrasos, mas agradeço imensamente por ainda estarem aqui, com gente. Valeu!
Beijinhos.
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Por Caminhos Errados
RomanceSINOPSE "O que levaria você a entrar em um jogo proibido?" Após chegar em casa e encontrar uma cena que nunca mais sairá de sua cabeça, Manuela se vê forçada a criar algumas regras, para não deixar que mais ninguém machuque seu cora...