Capítulo 36

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Manuela

Por alguns segundos o abraço de Tobias conseguiu me confortar.

Mas o sentimento que me tomou em seguida era muito maior do que eu. Mais forte do que minha vontade de não desmoronar. E tão intenso, que eu pensei que essa seria a última vez.

Os dedos das minhas mãos começaram a formigar no mesmo instante em que uma forte tontura quase me fez cair. Tobias me segurou e se sentou no chão comigo. Suas mãos estavam por meu rosto e ele parecia falar algo sem parar, mas eu não conseguia ouvi-lo. Eu não conseguia me mover, o terror estava quase me paralisando. Tudo ficou distante e sem vida. Eu sentia que estava flutuando, ao mesmo tempo em que meu corpo parecia pesar toneladas.

— Respirar — falei, mas não sei se emiti algum som — Eu não consigo.

Eu tentava puxar o ar para os meus pulmões, mas parecia impossível, como se uma mão agarrasse forte minha garganta.

O olhar do Tobias estava aterrorizado. Suas mãos não paravam em um lugar, tocando meu corpo na tentativa de me ajudar, mas ele não sabia o que fazer. Ele não sabia o que estava acontecendo comigo.

Tudo bem, Tobias. Só me abrace. Tudo ficará bem.

Mas ao invés de me abraçar, Tobias se afastou e quando voltou, ergueu minha camiseta e senti um pano úmido passar por minhas costas, braços e rosto.

Ele segurou meu rosto e eu pude ver aqueles olhos mais uma vez.

Ele merecia mais do que aquilo que eu podia oferecer.

Fui sentindo meu corpo cada vez mais leve, os batimentos do meu coração estavam pesados, mas foram diminuindo o ritmo. Conforme eu tentava respirar, minha garganta parecia fechar ainda mais. O pavor quis me tomar, mas eu não permiti. Eu estava nos braços do amor da minha e sabia que não tinha melhor forma de partir.

Mas, antes de permitir que meus olhos se fechassem, vi uma linda borboleta azul entrando pela janela. Ela pousou no banco ao meu lado, permitindo que eu visse toda a beleza de suas asas.

Eu não conseguia mais sentir o Tobias, nem ouvir sua voz. Senti uma pontada forte no peito. Eu não queria que ele sofresse. Mas fui fraca demais para impedi-lo de se aproximar de mim.

E, olhando para aquela borboleta, de um segundo para o outro, de forma inexplicável, senti uma lufada de ar em meu rosto, parecendo invadir todo o meu corpo.

Comecei a tossir como se estivesse engasgada.

— Manuela? Por favor, fala comigo. Por favor!

A voz de Tobias estava saindo de seus lábios novamente, e aos poucos voltei a sentir meu corpo. Aquele terror quase paralisante deixou meu corpo e eu pude finalmente, respirar.

Meu deus, eu não vou morrer.

— Oi. — consegui dizer — Estou bem.

Ele me abraçou e afundei meu rosto na curva de seu pescoço.

— Meu Deus — sua voz era de puro alivio — Foi a primeira vez que fiz uma oração. — ele beijou minha testa, afastando alguns cabelos do meu rosto — Pensei que eu estava perdendo você.

Sorri, mesmo sem que ele pudesse ver. Não era a primeira vez que eu passava por uma crise, mas essa sem dúvida foi a mais intensa.

Eu nunca antes, tinha sentido que iria morrer.

— Sinto muito. — murmurei.

Tobias beijou meus lábios suavemente.

— Posso cuidar de você esta noite?

Por Caminhos Errados Onde histórias criam vida. Descubra agora