capítulo 16

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Angel

—Por quê esse lado do seu rosto está vermelho e inchado? — toco com delicadeza em seu rostinho.

—Bem...ah — ri. —Não é nada importante, concentre-se em melhorar.

   Não adianta mentir para mim, até parece que esqueceu do filho tagarela que tem. Já sei de tudinho. Claro, quando soube do acontecido fiquei assustada mas a July disse de uma forma tão engraçada e fez com que eu e o Dean ríssemos bastante.

   Queria saber porque meu pai não veio me ver. Talvez ele não saiba o que aconteceu, será que eu devo ligar?. Sinto falta do meu pai, ele fazia com que eu odiasse menos o hospital. Por mais idiota que ele tenha sido comigo no passado, continua sendo meu pai e tecnicamente é minha única "família" sanguínea após a morte da minha mãe.

   Será que o Kai tem esse sentimento em relação a sua ex-esposa?. Ele deve estar quebrado por dentro mas não deixa que ninguém saiba. As histórias que ouvi diziam que eles se amavam muito, então sinto tanto por ele porque sei que não é fácil perder alguém que ama e essa dor não vai desaparecer.

—O que se passa nessa sua cabecinha? — Kai ri e me dá um peteleco na testa.

   Eu me surpreendo por escutar o som da sua risada e coloco a mão no local em que levei o peteleco. Ele deveria rir mais vezes, ser feliz mais vezes.

—Você deveria sorrir mais — falo baixo.

—Eu tenho que sair por um tempo mas volto mais tarde — foge do assunto. Que infantil.

— Quando eu vou receber meu salário? — ele olha imediatamente com a feição de "sério mesmo que quer conversar sobre isso?".

   Como conto que pretendo fazer aulas de auto defesa?. Quero tentar ao máximo não ser um fardo para o Kai, ele está fazendo tanto por mim mas eu só atrapalho e dou mais despesa. Quero retribuir sendo útil, melhorar minha atenção e deixar de ser tão desastrada. Detesto ser uma garota sem ultilidade.

—Essa semana eu te pago, pode ficar sossegada. Agora, descanse e não pense nesse assunto — diz.

  Ele pega minha mão e beija a parte superior. Quase tive uma taquicardia, juro. Ele continua falando.

—Chamei a Tiana para fazer-te companhia. — me solta e vai para a porta do quarto. —Melhoras, arco-íris...

   Arqueio a sobrancelha, será que ouvi certo?. Eu não estou tão grogue assim, pelo contrário, estou muito consciente. Ele acabou de dar um apelido para mim?.

— Ei — o chamo e vira para mim. —quero dar um apelido também!.

   Ele parece ter levado um susto com meu grito. Por um momento penso na possibilidade de enfiar minha cabeça dentro de um buraco. Quero sumir. Por que ele não reage???. Quero que esse homem fale alguma coisa, tô ficando nervosa.

—Faz o que quiser — dá de ombros e vai embora.

   Esse cara é...maluco.

   Todos foram embora e fiquei aqui sozinha, não tão sozinha porque de 20 em 20 minutos aparecia uma enfermeira para ver como eu reagia ao tratamento. Além disso, a Tiana saiu para atender um telefonema mas disse que logo voltaria. Então, como não tenho nada para fazer, estou relendo um dos meus livros favoritos: O Príncipe Cruel.

   Eu estava tão absorta que nem reparei na presença de um homem no meu quarto. Levo um susto e ponho a mão no meu coração. Para a minha infelicidade é um conhecido. Meu ex. Guardo o livro dentro da gaveta ao lado da cama.

—O que você está fazendo aqui? — cruzo os braços.

   Estou tentando não transparecer o nervosismo, mas a verdade é que ele me assusta. Desde o dia em que terminamos, ele não saia do meu pé.

—Queria saber como estava, pelo visto está melhor — aproxima.

   Seu rosto é o mesmo, no entanto parece ter emagrecido muito. Seu cabelo castanho está bem maior. E suas roupas estão amarrotadas. Antigamente, ele se cuidava mais.

—Agora que viu pode ir embora. Não chamei você aqui. — fecho a minha mão.

   A minha unha finca na pele. Sinto o sangue escorrer, apertei a mão com tanta força que houve um sangramento.

—Ahhhh...temos assuntos para resolver, lembra? — chega mais perto.

—Não temos. Acabou, segue sua vida e me esquece. — me encolho. Já era.

—Ahh Lina, poderíamos repensar em reatar o namoro. —põe a mão no meu rosto. —Eu te amo, sabe como foi difícil viver sem você? — diz.

   O meu estômago revira com essas palavras nojentas e sinto ânsia de vômito. Não acredito na sua cara de pau de me dizer isso?. Ele literalmente me traiu e disse que me amava no mesmo dia. Ah vai a merda!. Não sou tão otária para reatar com esse imbecil, tenho amor a minha vida.

   Dito e feito. Acabo vomitando tudo em frente dele e como carma ele se sujou com meu vômito. Idiota. Limpo a boca e encontro um olhar irritado, meu instinto foi rir. E o instinto dele foi vir até mim e agarrar meu pescoço.

—Sua vadia suja! — ri descontroladamente.

   Jogo a cabeça para trás rindo de desespero. Não consigo respirar direito. Escuto a máquina dos batimentos cardíacos aumentar. Os barulhos são irritantes.

—Está com medinho? — afrouxa um pouco permitindo minha respiração. —Soube que tá morando na casa de um homem. Tá dando para aquele homem e por isso não quer voltar para mim?.

   Tento me desvencilhar mas ele aperta de novo. É inútil já que sua força é o triplo da minha, entretanto não vou desistir. Eu não quero morrer, eu...preciso sair daqui e só eu posso me ajudar.

—Acha que vai ficar longe de mim? —  continua falando e sua voz está completamente descontrolada.

   Escuto a porta bater na parede com muita força, e então rapidamente meu ex me solta porque quem está no chão agora é ele.

   Kai apareceu para me ajudar, de novo. Ele não para de socar o rosto do meu ex, o Kai está completamente descontrolado. O segurança chegou até meu quarto para parar os dois homens de se esmurrarem até a morte.

   Se fosse como um desenho animado sairia fumaça das orelhas do Kai devido a raiva que emite, e um galo enorme na cabeça do idiota do meu ex.

   Me sinto culpada, o Kai vive se machucando por minha causa. Fecho os olhos e conto até 10. Minha mãe me ensinou para controlar a respiração e quando eu errasse a contagem deveria começar novamente. Nesse momento, permito abraçar minhas próprias pernas e chorar.

   Pensei que iria morrer nas mãos do meu pior pesadelo, o inferno que ele fez na minha vida e ainda faz é irritante.

//Até mês que vem, aproveitem a leitura. Como sempre: caso algo esteja errado por favor ignorem porque com o tempo irei arrumar. Beijos! 🩷🤍//

Virei babá do filho do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora