PARTE 14- O início da execução

8 1 0
                                    

Distante cinco metros da sacada do prédio, os exterminadores coletaram sombras com os olhos da cidade à frente.
- Preciso que sejam cuidadosos, filhos. - disse Inseto, alisando os cães zumbis no alto da cabeça. Os óculos como imensos globos oculares de um inseto gigante. Patético, até. - Cada um de vocês possui uma habilidade. Eu concentrei camadas diferentes de vapor em cada cabine.
Inseto se aproximou de cada um deles, tocando no rosto e nas vestes de cada um.
- Meus criados. Minhas lindas criaturas. - ele passava o dedo pelo couro da roupa da sra. Benson. Ela estava parada, estática como um monumento. Seus fardos seios escondidos sobre um tecido grosso preto e rendado. O cabelo preso e os olhos avermelhados como sangue ocular. Ela segurava em mãos duas adagas de bronze.
- Exterminadora Emmy... - então, tocou um broxe pequenino gravado com o nome da garota no peito dela. - Consertei seu arco e as flechas para que pudessem surtir efeito súbito nos isolados atacados. Sua mira será com exatidão e o tiro ainda mais eficaz.
Emmy balançou a cabeça, entendendo. E isso ele fez com o restante. Arrumou as roupas como um pai cuida dos filhos antes de ir para a escola. E depois abriu a janela do terceiro andar.
Um a um, com suas respectivas armas, subiram na sacada. De lá viam Nova Z na maior parte sombria. Não tinham medo. Nunca tiveram. Pareceu ser o que pensavam.
- Vão. Retornem quando matarem o que vocês foram criados para matar! Vão! - ordenou Inseto.
Então, um a um, pularam dez metros ao chão. Nada de isolados por enquanto. Nada de perigo. Por enquanto.
Atravessaram a rua Mordon 127, a Grey Fellew e a North Comboy. A avenida Celler estava trancafiada por vários veículos caídos e revirados. Um ou dois prédios de pequeno porte tinham caído.
- À direita, Laure. - apontou Ralf.
A sra. Benson prosseguiu por uma ruazinha estreita que dava acesso à linha de trem.
- Rodrick, espreite pelo galpão Unenty Grow e rastreie qualquer possibilidade de que alguém esteve lá.
Ralf se sentia estranho. Não era mais o mesmo. Era óbvio. Ninguém era mais o mesmo. Inseto os tinha transformado.
- Vocês dois, sigam pela Lendon. Temos que nos separar. Qualquer coisa, me encontrem na praça Brasker. - então as crianças foram pela rua mais a leste.
Isolados. Devemos matar isolados. De repente surgiu na cabeça de todos. Devemos matar isolados. Isolados.
Ralf tomou o beco mais próximo, seguiu pelo terminal e acelerou os passos com o revólver prata nas mãos e uma espada brilhante nas costas.
O exterminador Ralf viu algo atravessar a rua com pressa.
- Isolado... - disse ele para si mesmo. - É um isolado. Tenho que matá-lo. Sou um exterminador! Fui criado para isso!
Ele atravessou a rua e tomou o isolado nas mãos. Ele tentou agarrar o rosto de Ralf, mas o exterminador pôs o cano na boca da criatura e apertou o gatilho. Miolos saíram e explodiram no ar.
Ralf se recompôs e balançou a cabeça. Parecia relutar consigo mesmo. Eu matei. Matei um... um... isolado. Ele ficara perturbado por um minuto como se tivesse lutando com a própria mente.
Ele viu que uma pessoa vinha pela direita na rua. Depois outra e de repente eram vinte delas. Pareciam procurar por abrigo. Ralf passou por ela e disse:
- Para o prédio! Vão para o prédio! - ele apontou um dos prédios vazios do lado esquerdo da rua. As pessoas, em conjunto, entraram no local. Sem falar nada. Ralf correu, os olhos ardendo, na direção que levava antes.
Viu um isolado correr rapidamente e entrar em um estabelecimento. Na verdade, era um pequeno supermercado. As luzes estavam apagadas. Ralf rangiu os dentes e entrou no local assim que o isolado entrou.
As luzes se acenderam com um clique.
Isolados.
Muitos deles.
Tenho que acabar com eles.
Ali a frente ele via quase trinta isolados. Estavam parados, o olhando. As peles feridas e os lábios rachados. Roupas rasgadas e silenciosos. Mas pareciam com medo pela primeira vez.
- Saia daqui... - disse um deles. Ralf notou que a voz era rouca. Eles nunca falavam, e agora...
Ele não esperou a próxima voz soar no ambiente. Atirou um a um e viu que outros corriam em sua direção. Ralf deu um soco em um deles e lançou-o a quatro metros dali, o isolado atravessara a parede. Dez. Quinze. O número de isolados mortos aumentava. Quando uma garotinha isolada surge dos fundos e corre na direção de Ralf. Ele aponta a arma para a menininha e vê que um isolado alto e de aparência fúnebre o impede.
- Minha... filha... Não! - Ralf o olha com olhos alterados. Trent. O governador Trent.
Ralf se solta e toma a espada em mãos.
- Você é um isolado agora, governador! Tem que morrer!
Trent engoliu em seco. Ralf via feridas em todo o rosto do homem e os olhos ficando negros. Trent virou e falou sussurrado para a filha zumbi:
- Fuja, Sarah! Fuja! - a menina isolada deu alguns passos para trás e viu quando o corpo do pai foi partido do ombro à cintura com a espada do exterminador.
A garotinha correu e um isolado pulou em cima de Ralf. Outro soco do exterminador. E a cabeça do isolado saiu fora. Então estavam correndo para o lado de fora. Como covardes. Pensou Ralf. COVARDES!
Um segundo depois a espada de Ralf partiu ao meio mais quinze isolados. Em dez segundos.
"Meus criados. Estão indo muito bem. Muito bem.". Falou Inseto à beira do rio Saint. Ele olhava para as águas escuras. Lá na cidade os exterminadores estavam fazendo o trabalho que lhes era devido. Inseto, então, tomou nas mãos um pedaço grande de carne e pingou doze gotas de uma essência azulada. Jogou-a, então, no Saint.
A coisa afundou um pouco e algo maior, muito maior, surgiu na superfície. Engoliu a carne com satisfação.
- Isso... coma! Assim ficará forte e bem nutrida! E grande! Muito grande! - Inseto deu uma risada estrondosa e foi embora.
Chegou ao prédio com Morfo atrás dele. Inseto entrou no laboratório e analisou algumas placas de genes.
- Se saiu muito bem, Inseto. - uma voz surgiu às costas do cientista.
Inseto levantou de repente e pôs os óculos com dupla lente para o alto da cabeça.
- Eu fiz o que você mandou. - falou ele. - Eles já entraram em ação.
- Excelente. - disse Arfey Rogan, com um corte em círculo cicatrizado no pescoço. - Eu assumo daqui, meu amigo.

Nova Z - O mundo isolado.Onde histórias criam vida. Descubra agora