Prólogo

323 80 136
                                    

  Desde os primeiros dias de minha infância, o reino de Aldraskar era meu lar, um lugar de beleza selvagem e mistério, onde a majestade das montanhas se misturava com a exuberância das florestas antigas. Cresci em meio as risadas de meus pais, sob o teto de uma pequena casa nas montanhas, cercada pela serenidade das terras que nos sustentavam.
  
   Meu pai, um habilidoso ferreiro, era um homem de força e caráter inabaláveis, cujas mãos calejadas moldavam o metal com a mesma facilidade com que moldava meu coração com histórias de bravura e honra. Minha mãe, gentil e graciosa, era o próprio reflexo da beleza e da bondade do reino, cujas canções ecoavam pelos vales como promessas de esperança em tempos de escuridão. Lembro-me de vagos lampejos de minha infância, da sensação do sol quente em meu rosto enquanto corria pelos campos floridos, da doce fragrância das flores silvestres que dançavam ao vento. Mas essas lembranças de inocência foram eclipsadas pelo som distante dos tambores de guerra, pelo eco das lanças se chocando e pelo grito de batalha que ecoava nos recessos mais sombrios de minha mente. Aldraskar sempre fora um reino marcado pela guerra e pelo conflito, um lugar onde as sombras da escuridão espreitavam nos cantos mais remotos da terra. Desde de pequena, aprendi a conviver com o medo, com a sensação de que algo se movia nas sombras além da luz do sol.

  Mas foi apenas quando a escuridão finalmente caiu sobre Aldraskar que minha inocência foi perdida para sempre. Lembro-me daquele dia como se fosse ontem, quando às hordas de Lucian De Noir avançaram sobre nossas terras como uma tempestade negra, consumindo tudo em seu caminho com fogo e dor. Meus pais, defensores valentes de seu lar e de seu povo, lutaram até o último suspiro para proteger aqueles que amavam. Mas, apesar de sua coragem, foram levados pela violência da invasão, deixando-me órfã em um mundo mergulhado na escuridão. Fui criada nas cinzas da guerra, encontrando refúgio e propósito na arte da guerra. Meus dias eram preenchidos com treinamento árduo e preparação para o conflito iminente que eu sabia que viria. Sob a tutela de Eirik, um mestre da espada e um mentor sábio, aprendi as habilidades físicas necessárias para sobreviver nesse novo mundo. E assim, enquanto o sol se punha lentamente sobre o reino de Aldraskar, eu permanecia no alto de uma colina, observando a paisagem. Aldraskar sempre fora um reino de beleza selvagem e majestosa, com suas florestas exuberantes, montanhas imponentes e vastas planícies verdejantes. Mas também era um lugar marcado pela guerra e pela dor. Há muito tempo, aprendi a conviver com o som dos tambores de guerra e o cheiro de fumaça que pairava no ar.

  A voz de Eirik ecoava como trovão em minha mente, instilando em mim a disciplina e a determinação necessárias para enfrentar os desafios que estavam por vir, ele me ensinou importância da coragem, da lealdade e do sacrifício. E enquanto o sol mergulhava lentamente no horizonte, eu sentia a tensão no ar, o presságio iminente de conflito que pairava sobre Aldraskar. Sabia que as forças dos De Noir estavam se reunindo, preparando-se para lançar um ataque contra nosso reino. E também sabia que estava destinada a enfrentá-las, liderando meus companheiros guerreiros em defesa de nosso lar. Com um suspiro pesado, desci a colina, meus passos firmes e determinados, sabia que não podia permitir que o medo me dominasse, que precisava manter-me forte e concentrada para liderar meu povo à vitória, tinha uma batalha para lutar, um reino para proteger e um destino para cumprir.
 
  Ao chegar à aldeia abaixo, fui recebida pelo burburinho de atividade enquanto meus companheiros guerreiros se preparavam para a uma possível batalha. Troquei cumprimentos com meus amigos mais próximos, incluindo Jack, meu companheiro de armas mais leal, e Lyra, uma arqueira habilidosa que se tornara uma amiga próxima ao longo dos anos. Juntos, discutimos estratégias e planos de batalha, compartilhando preocupações e esperanças para o futuro incerto que nos aguardava. Sentia-me grata por ter amigos tão corajosos ao meu lado, mas também sabia que a responsabilidade de um dia liderá-los poderia ser minha, e isso pesava sobre meus ombros. Não podia falhar em minha missão, não podia permitir que a escuridão triunfasse sobre Aldraskar.

  Enquanto a noite caía sobre a aldeia, ergui a cabeça com determinação para às estrelas. Sabia que o tempo para duvidar de mim mesma havia passado.

The Game of ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora