The Game of Shadows

Capítulo 9

 
Selene

  O vento gelado cortava minha pele enquanto eu caminhava pelas ruas estreitas da cidade, é fim de tarde e o sol já não está mais no céu, cominho tranquilamente cumprimentando algumas pessoas que eu encontro pelo caminho. Cheguei à antiga biblioteca da cidade, um refúgio que muitas vezes busquei para fugir das minhas responsabilidades.

O guardião do local, Jhon é homem corpulento de barba branca, mas extremamente gentil, ele me  cumprimentou com um aceno silencioso, Jhon sabe que eu estou em busca de me isolar do resto do mundo, desci as escadas de pedra até a sala subterrânea, onde os livros mais antigos eram guardados. As paredes são cobertas de livros empoeirados e pergaminhos desbotados, a sala é iluminada por cinco tochas presas na cinco pilastra, e enquanto passava os dedos pelas lombadas dos livros encontrei um volume particularmente pesado, o título era apenas Famílias, parece promissor. Pego um candelabro pequeno e o acendo, me sento em a mesa e comecei a folhear às páginas.  
 
  O livro era velho e a capa de couro vermelho tinto estava desbotada e gasta na lombada, cada página contava histórias de batalhas antigas, alianças forjadas e traídas, e a ascensão de famílias poderosas, algumas famílias ocupavam mais páginas que outras, quando cheguei ao capítulo sobre os De Noir, meu coração acelerou, havia descrições detalhadas de alguns membros já mortos da casa, uma passagem em particular chamou minha atenção, a tinta usada era da cor vermelha e não pude
deixar de pensar que muito provavelmente não era tinta de fato.

  "Não há sangue que o sangue de fogo não consuma"

  Às palavras ecoavam em minha mente enquanto eu absorvia cada detalhe, havia algo familiar na leitura, a sensação de que já ouvi isso, mas nada se fazia concreto, de repente uma sombra cobriu a página que eu lia, olhei para cima e vi um rosto de Thalor.
— Selene, você está bem? - ele perguntou, sua voz firme, mas com um toque de preocupação.
— Sim, General Thalor. Apenas... tentando entender mais sobre o mundo. - respondi, fechando o livro com cuidado.
— Precisamos nos preparar, e cada pedaço de informação pode fazer a diferença, seus pais teriam muito orgulho da jovem que você se transformou. - assenti, sabendo que ele estava certo, mas havia algo mais que eu precisava saber.

— Thalor, você conhece algo sobre minha família? Sobre de onde eu realmente vim? - ele hesitou por um momento, como se ponderasse se deveria conversar sobre o assunto.
— Sua família veio de Arvandor, às terras frias. Eles eram refugiados, buscando um novo começo em Aldraskar, eu era um pouco mais novo que você quando eles chegaram, eram boas pessoas. - eu escuto tudo com muita atenção e consigo sentir a pena na voz dele. — Você veio ainda com semanas de vida, lembro que sua mãe não deixava você sozinha. Seu pai fez a minha primeira boa espada. - eu dou risada e o meu general também.
— Eles eram felizes?
— Sua mãe no inicio era bem distante de todos nós, mas acredito que seja natural. Por que tanta curiosidade repentina? - suas palavras deixaram um vazio em meu peito, uma lacuna que eu precisava preencher.
— Não temos muito forasteiros aqui... e eu sou uma dessas pessoas. - Thalor me olha como se eu ainda fosse uma criança a ser protegida.
— Você faz parte disso tudo. Cresceu aqui, do que importa onde nasceu, ao que tudo indica... não deveria ser um lugar bom. - olhei para Thalor e em seus olhos vi a promessa de apoio, ele sorriu, um raro momento de suavidade em seu rosto que é sempre tão severo.
— Selene... você é jovem, se algum momento desejar voltar para onde nasceu, tem todo direito de fazer isso. Agora irei deixá-la sozinha, só vim buscar um mapa, desculpe atrapalhar seus estudos. - Thalor da dois tapinhas em meu ombro direito como despedida e caminha em direção às escadas, sozinha novamente eu me volto para às palavras vermelhas.
  

"Não há sangue que o sangue de fogo não consuma"

  O que exatamente isso significa, talvez algum tipo de lema ou profecia... creio que não seja isso, não acho que algo assim estaria em um livro em Aldraskar, apago a vela e saio levando o livro comigo.
— Selene... Você sabe como as regras funcionam. - a voz do Jhon faz eu parar de andar bruscamente.
— O Daimian...
— Nosso general. Me dê, irei reservar para você, assim amanhã você pega ele comigo. - olho para ele com cara de criança manhosa e ele estica a mão em minha direção.
— Tudo bem Jhon... mas saiba que irei dormir triste.
— Tenha uma ótima noite criança. - entrego o livro ao Jhon e visto minha túnica e saio, o céu já está completamente repleto de estrelas e a luz da lua fornecendo a luz para que eu chegasse em casa.

  Quando chego em casa estou cansada de mais para acender a lareira e reaquecer a o caldo de legumes, tiro minhas botas e desfaço minha trança, passo pela porta do quarto dos meus pais e hesito antes de seguir para o meu.
— Não há sangue que o sangue de fogo não consuma... acho que estou cansada de enigma. - mas a sensação de familiaridade com a frases persistia em minha mente, contudo não estou com cabeça para pensar nisso no momento.

   Desde de o dia em que Vladimir invadiu mina mente, eu venho tendo dificuldade para dormir e isso vem me destruindo, eu caí duas posições no ranking de treino, estou com a mente e corpo doloridos e talvez peça um tempo dos treinos, mas eu estou tão perto de ser designando para alguma linha de batalha, que só de pensar na possibilidade eu já me sinto arrependida. Prometi a Jack que amanhã iria fazer ele sangrar em luta e ele concordou em me deixar fazer isso, por ser o meu aniversário, entretanto não estou convencida de que irei acordar tão disposta como o planejado, deixo a janela aberta para acordar como nascer dos primeiros raios de sol.

Sei que amanhã é um dia especial, Eirik irá trazer uma roupa nova para mim e muito provavelmente uma nova espada, ele irá falar como sou sua garota especial, se ele tivesse tido filhos, teria sido um ótimo pai, penso no dia de amanhã e de como será ter vinte anos, de forma sonolenta eu faço um pedi a estrela mais brilhante no céu.
—  Eu desejo me encontrar.