Capítulo 4

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Selene

  Sinto meu corpo balançar, estou sendo carregada, não consigo abrir meus olhos e respirar dói um pouco.
— Como podemos continuar lutando? - era a voz de Jack cheia de pesar. — Quantas vidas serão perdidas antes que possamos vencer essa guerra? - sua voz reflete sua dor e revolta, gostaria de poder respondê-lo.
— Não podemos desistir. - a voz firme e decidida de Thalor me faz acordar digamos assim, minhas pálpebras piscam se acostumado com a luz mas tento deixá-las fechadas
— Enquanto houver uma chance de vencermos, continuaremos lutando. É isso que nossos amigos caídos iriam querer. - eles acreditam que estou morta, não estou morta, não posso estar morta.

O balançar em meu corpo acaba e sinto que estou sendo colocada em uma superfície macia. Tento abrir meus olhos novamente e dessa vez eu obtenho resultado.
— Selene, você acordou. - Jack me abraça mas eu sigo desorientada.
— Deixe ela descansar garoto. Vamos deixar que Maera cuide dela. - pisco de forma sonolenta e sinto meu corpo ficando cada vez mais leve, algo úmido e frio é depositado sobre a minha cabeça, o aroma de salvia apiana invade minha respiração, me acalmando.
— O que aconteceu com você minha menina? - sinto os dedos de Maera tocar meu peito e algo gelado é colocado sobre o mesmo. Rouca e ávida por tentar fazer ela me ouvir eu sussurro.
Ele. - Maera me olha com os olhos cheios de compaixão misturada com preocupação. Ela coloca sua mão fria sobre a minha testa e me examina com cuidado, seus dedos habilidosos trabalhando para entender a extensão do que aconteceu.

— Ele está lá fora, Maera. - minha voz saiu num sussurro rouco, mas cheio de determinação. Ele move nas sombras.
— Descanse agora, minha querida. Você está segura aqui. - ela pressionou gentilmente minha mão, com seus olhos cheios de preocupação e compaixão, ela sorri para mim. — Vamos proteger você, Selene. - ela colocou um novo pano frio em minha testa, aliviando o calor que ainda persistia. — Descanse agora. Guardaremos vigília. - eu fechei os olhos, deixando a fadiga e a dor darem lugar ao sono. Mesmo com o peso do medo ainda sobre mim, sabia que precisava recuperar minhas forças, eu me permiti afundar na escuridão me entregando à exaustão que me domina, permitindo que o sono me envolva.

༄༄༄

  Eu caminho por um terreno desolado onde o céu era perpetuamente encoberto por nuvens carregadas. Não havia sinais de vida ao redor, apenas a sensação de estar sozinha em um lugar morto, uma névoa densa e cinzenta passa pelo meu corpo.
Selene... - uma voz sussurrou ao vento. — Você é mais forte do que eu esperava. - sinto um arrepio percorrer minha espinha, e de repente uma figura emergiu da névoa era ele, o Senhor Sombrio, sua presença imponente dominando o ambiente ao redor, seus olhos brilhavam com uma intensidade gélido, fixados em mim com uma certa curiosidade.
 
  O Senhor das Sombras deu um passo à frente, sua figura obscurecida pela sombra que o envolvia o deixou mais assustador, ele anda em volta de mim, como se me avaliasse.
Um poder que ainda não foi totalmente despertado. - sinto um arrepio quando seus dedos passam em meu braço. — Quem é você garota? - estou parada, não consigo me mover, tenho medo de fazer qualquer movimento, de frente para mim eu vejo com maior nitidez seus traços físicos. Ele possui uma postura confiável e ereta, seu corpo é bem delineado, sua roupa inteiramente preta exceto pelo detalhe vermelho, o brasão de sua casa bordado na manga, ele tem um rosto angular extremamente bem definido e seus olhos, podia jurar que eram pretos, agora vejo que são castanho escuro, ele é bem mais alto que eu, eu sou obrigada à olhar para cima para encarar ele, nessa pequena distância que estamos, seus cabelos pretos estavam jogados para trás de uma maneira um pouco bagunçada. Nesse momento ele não possuía uma aparência assassina.
— Isso não é real.
— Eu vejo o que você vê, eu posso ouvir o que você ouve, tudo que você já viu eu também vejo e sinto. - com um nó na garganta eu me afasto dele. — Ambos moldados pelo destino. - eu vacilo por um momento, não é real, tenho que sair disso. Corro na direção oposta, isso não é real, minhas pernas saem do chão e eu grito, meu corpo está suspenso no ar.
— Você não tem poder aqui. - ele caminha em minha direção, o Senhor Sombrio segura segura uma adaga de lâmina vermelha.
— Por favor me deixe ir. - lágrimas se acumulam no meu rosto, meu corpo se move, ele faz com que meu corpo voasse até onde ele está, sinto a lâmina em minha barriga, estou apavorada e ele sabe.

— Não irei matá-la Selene. - a ponta da lâmina agora em meu braço. — Você tem olhos lindos sabia? - a lâmina sobre lentamente até para em minha clavícula.
— Senhor De Noir... Por favor... Por favor me deixe ir embora - seu rosto está milímetros de distância do meu.
Me chame de Vlad - ele sorri e a adaga corta meu pescoço.

༄༄༄

  Eu acordo abruptamente no meu quarto, com o coração acelerado e a mente repleta de pensamentos turbulentos o quarto estava silencioso, exceto pelo suave crepitar da lareira. A luz das chamas dançava nas paredes, lançando sombras que pareciam se contorcer ao redor do aposento. Eu estava deitada na cama macia, tentando processar o que havia acontecido. Estou suando e sinto às minhas lágrimas caírem, toco meu pescoço e não sinto nada, estou bem, fisicamente bem.
Não me permito dormir ou simplesmente fechar meus olhos, não quero encontrar com ele, não quero está sob seu controle novamente, olho para a janela e o céu ainda está cheio de estrelas, nem sinal de um amanhecer.

  Na manhã seguinte, a luz suave do sol filtrava-se pelas cortinas entreabertas, iluminando o quarto com um brilho reconfortante. Enquanto eu tentava desesperadamente afastar às lembranças daquele encontro assustador, Maera entra no no quarto trazendo consigo uma tigela que parecia conter algo quente.
— Como passou a noite, criança? - ela fala me entregando à tigela. — Coma tudo. - eu sinto um nó se formar em minha garganta. Às palavras parecem presas, como se algo me impedisse de falar o que ocorreu essa noite.
Estou melhor. - falo bem devagar. — Estou faminta, obrigada Maera. - assim que eu experimento a primeira colherada do mingau sinto meu estômago agradecer.

— Jack pediu para você encontra ele, lá na colina.

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