29° - BETTY • LAVA LOUÇAS

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Pov: Lana

— Muito obrigada, Betty isso estava maravilhoso. Fazia dias que não comia algo tão gostoso assim - falo me levantando dando a volta no balcão para lavar meu prato na pia.

Abrindo às portas do armário eu procurava pelo detergente para lavar meu prato e xícara.

— O que você está procurando? - Betty pergunta.
— O detergente... - eu respondo finalmente achando.
— Imagina, visita não lava louças - ela diz sorrindo.
— Não sou visita, Betty, para de bobagem coloque tudo aqui que lavarei - eu respondo.

Sem dar brecha para discussão eu começo a separar as poucas louças começando pelos copos e xícaras.

— Se você não é visita você se considera o que então? - ela pergunta.

Na na verdade eu achei que foi uma ótima pergunta. Quando Ghost se referiu a sua casa como "nossa" casa, eu não tive tempo para entrar em detalhes do que ele queria dizer com aquilo.

— Betty eu realmente não sei o que te responder agora - falo com um riso fraco enquanto enxaguava os copos.
— Temos uma lava louças Lana, não precisa mesmo - Betty insiste —, e... bem, eu imagino que seja tudo muito confuso, posso imaginar o que você passou - Betty diz se encostando ao lado da pia.

— Você sabe? Me fala mais então sobre a sua experiência, eu adoro lavar louças conversando sobre a vida com quem considero uma amiga - sorrio olhando para ela —, claro que eu iria achar muito mais legal se fosse com uma taça de vinho - dou uma risadinha.

Olhei para Betty novamente e ela me olhava com um olhar sereno e de quem realmente parecia me entender.

— Está bem, não me obrigue abrir uma garrafa de vinho em plena manhã - ela diz irônica — bom... mas é uma história longa, triste e revoltante para algumas pessoas sensíveis ao assunto - ela murmura dando de ombros em um sinal de alerta ao que viria.

Dou uma respirada pesada soltando o ar devagar.

— A minha também - eu falo abaixando a cabeça sentindo a água pela minha mão.
— Bom, eu sou órfã de pais, fui vendida pelo meu padrasto quando eu tinha treze anos logo após a morte de minha mãe, fui obrigada desde essa idade a entrar para a prostituição em um bar comandado pela máfia chinesa, eu tive vários abortos, tive dois filhos, ainda muito jovem e sem corpo formado para isso, esses me foram tomados e até aonde eu sei vendidos para casais ricos que não podiam ter filhos - ela diz abaixando a cabeça olhando para as mãos.

Eu não fazia ideia de como era a sensação de gerar uma criança, na realidade não tinha vontade alguma de passar por uma situação dessas, mas eu tomei às dores, porque eu realmente sabia como era terrível o sentimento de tirarem algo de você sem que você permitisse ou quisesse por espontânea vontade.

— Sinto muito, Betty - falo dando uma pausa na louça virando de lado para olhar para ela.

Ela levanta a cabeça e podia ver o brilho de lágrimas em seus olhos rasgados prontos para percorrer por seu rosto.

— Ah querida, não sinta, eu era uma criança quando isso aconteceu, eu não teria a menor condição de criar duas crianças mesmo se quisesse - ela diz colocando o dedo em baixo do olho para controlar o que nós duas sabíamos que viria.

Me possua | Ghost - COD | Dark Romance +18Onde histórias criam vida. Descubra agora