Priscila 01

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Eu não sentia mais nada, parecia que o meu corpo estava anestesiado, olhava para a minha mãe dentro do caixão e tudo o que eu esperava era que ela se levantasse e não aconteceu, a vida é tão engraçada em um minuto a pessoa está viva e no outro está tento um aneurisma e falecendo entre a sala e a cozinha de casa sem tempo de dizer a Deus, sem tempo de pedir por ajuda e então se transforma em um corpo sem vida que a pessoa que mais te ama não reconhece mais como você. 

Sinto ser abraçada olho para o lado e Biel tenta me confortar, ele é um bom amigo não tenho muitos somente ele e a Jéssica e eles estão aqui me apoiando no pior momento da minha vida assim como meu pai que deixou tudo para trás e veio imediatamente ficar comigo.

Meus pais não deram certo e se separaram quando eu tinha cinco anos, papai sempre se fez presente e diferente de muitos pais por aí ele sempre fez de tudo por mim, mamãe tinha orgulho de falar que ele foi o melhor homem que ela já encontrou minha mãe foi uma criança de orfanato sem família assim como meu pai eles foram os primeiros na vida um do outro, trabalharam juntos compraram a nossa casa juntos e depois de um tempo o relacionamento não deu mais certo e se separaram amigavelmente.

Papai saiu de casa deixando para minha mãe viver nela comigo, a única condição dele é que a casa fosse colocada em meu nome para se caso mamãe encontrasse alguém o meu teto estaria protegido e ele estava certo, mamãe arrumou outra pessoa passou alguns anos casada com ele e o pegou a traindo ela o jogou para fora e não demorou muito recebeu uma intimação ele queria que ela vendesse a casa e dividisse o valor com ele pois casaram em comunhão total de bens o que ele não sabia é que a casa que ele tanto queria não era dela e sim minha, foi divertido o ver surtar.

O velório acaba e vejo o caixão ser colocado na cova para mim, não é mais a minha mãe que está ali, ela está no meu coração, na minha alma e na minha memória e aquele corpo sem vida não a representa mais.

Papai me leva para casa e depois de uma semana ele senta para conversar comigo, me explica que precisa voltar para o rio e que vai me levar com ele eu já imaginava que isso iria acontecer sou menor de idade e minha única família no mundo agora é ele não tenho mais com quem ficar.

Ele me diz que vai colocar a casa para alugar e quando eu fizer dezoito anos eu decido o que fazer com ela, ele me abraça e eu choro em seus braços ele passou a semana resolvendo as coisas pendentes para podermos ir embora então antes mesmo dessa conversa eu sabia o que iria acontecer, apesar do meu pai ser presente ele mora no Rio e eu em São Paulo nunca fui na casa dele mamãe não deixava por ser em um morro perigoso dominado por traficantes um pouco preconceituoso da parte dela porém ele entendeu então ele sempre vinha em São Paulo me ver e dormia no meu quarto enquanto eu dormia com a mamãe, muitas vezes sua esposa vinha também Lucinha e mamãe eram amigas elas se juntavam para falar mal do papai, também conheci os meus irmãos de coração Jefferson e Alina a gente se divertia muito quando eles vinham então sei que estou indo para um lugar que as pessoas gostam de mim e que serei amada.

No domingo me despeço dos meus amigos Jé e Biel e então à noite pegamos o ônibus que nos leva para o Rio de janeiro e quase nove horas depois o Uber nos deixa no pé do morro.

- Lembra o que eu te disse filha, bom dia, boa tarde e não fique encarando ninguém ninguém. Papai avisa mais uma vez e eu concordo, ele procura um moto táxi porém a voz do Jeff o para.

- Não precisa coroa, eu levo vocês para casa. Me viro e vejo meu irmão de coração parado perto de um carro com uma arma gigante nas costas.

- Oi terrorista. Jeff me abraça, eu o abraço de volta porém ainda em choque com o que eu vejo.

- Dês de quando é bandido? Pergunto e ele beija o topo da minha cabeça rindo e não responde olho para o meu pai que também não diz nada. - É por isso que nunca mais foi me ver? Pergunto enquanto ele coloca as minhas malas no carro.

- É antes eu tinha mais tempo, hoje tenho mais responsabilidades e consequentemente inimigos não dá para ficar indo em São Paulo assim. Ele diz e eu olho para os lados e me aproximo dele.

- Responsabilidade sendo traficante? Pergunto baixinho e ele ri.

- Não seja preconceituosa as coisas não são como pensa, eu ainda sou o Jeff seu irmão que te ama da mesma forma de sempre. Eu assinto.

- É que eu só estou chocada, papai também é bandido? Pergunto e Jeff gargalha.

- Eu sou apenas o dono de uma marmitaria aqui no morro. Papai fala achando graça.

- Olha para o buxinho sexy dele acha mesmo que ele aguenta o corre? Olho para meu pai e olho para o Jeff e então para os caras da barreira. - Ah sei lá, ele pode ser o dono do morro ou algo parecido.

- Então é assim que imagina um dono de morro? Uma voz grossa fala atrás da gente e eu me viro e dou de cara com um cara bonito para um caralho, alto de ombros largos olhos claros barba loira, corpo de rato de academia e o que consigo ver dos seus braços estão cobertos de tatuagens, saio do transe com um cutucão do meu irmão.

- Sei lá, geralmente bonitos é que esses caras não são, olho para os meninos da barreira tudo desnutrido se o vento passar leva, ele ri.

- Ok, vamos para casa antes que você ofenda alguém. Jeff fala e o loiro lindo sorri.

- Agora entendo o apelido. Ele diz e eu fico sem entender mas obedeço meu irmão e entro no carro.

- Tchau. É tudo o que eu digo e ele só balança a cabeça. - Quem é esse cara? Pergunto e papai me olha.

- O dono do morro. Ele responde e eu olho para ele incrédula e então vou mais para frente e belisco meu irmão.

- Tá maluca? Jeff fala passando a mão no lugar que belisquei.

- Como é que me deixa falar daquele jeito com um homem que mata só para ver a queda? Pergunto puta e meu irmão ri.

- Como é que você fica de boca aberta encarando o cara como se ele fosse um Deus? Ele diz e eu me mexo sem graça.

- Eu não esperava que ele fosse tão gato foi um choque no meio de tanta gente feia. Digo e meu irmão ri. - Não se empolga o Alemão não é um bom homem  e nem é alguém para você olhar assim como olhou hoje ele é casado e a fiel dele é louca de pedra se ela te ver olhando para ele assim ela te mata. Ele fala e o leirão gostosão acaba de ficar horroroso para mim, além de bandido é casado sai fora.

- Não se preocupe ele nem faz o meu tipo e homem casado para mim é mulher.

- E qual é o seu tipo? Meu irmão pergunta divertido parando o carro, descemos e ele e papai tiram as malas do porta malas e então eu sorrio.

- 1,84, 36 anos ator, modelo e coreano que atende pelo nome de Lee Soo - Hyuk e amor da minha vida. Digo ele e meu pai cai na gargalhada.

- Ok, eu preciso ir. Ele faz um toque com meu pai, beija o topo da minha cabeça e vai embora, papai cumprimenta a fileira de homens armados na porta com a maior naturalidade do mundo entramos na casa e Lucinha e Alina me abraçam e mais uma vez eu choro ao lembrar do porque estou aqui.

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