CAPÍTULO XXVII: O Tesouro das Sombras

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❝ Ao final da jornada investigativa, a descoberta revela-se como o tesouro oculto que aguardava pacientemente para ser desenterrado das sombras do desconhecido

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Ao final da jornada investigativa, a descoberta revela-se como o tesouro oculto que aguardava pacientemente para ser desenterrado das sombras do desconhecido.

À medida que as informações de Tobias chegavam, um turbilhão de pensamentos invadia a minha mente. As peças daquele quebra-cabeças, que antes pareciam dispersas, começavam a encaixar-se de forma perturbadora. Daniel era como uma sombra invisível que pairava sobre tudo, o seu nome a emergir em cada camada de mistério que eu descascava. As mulheres na sua vida não eram meros pontos de passagem — elas eram os fios que, ao serem puxados, poderiam desatar o nó que escondia a verdade.

Quando descobri que todas tinham assinado acordos de confidencialidade com Daniel, percebi porque foi tão difícil ligar os pontos desde o início. Era um jogo cuidadosamente montado para proteger segredos. Mas que segredos eram esses? Qual era a verdadeira relação entre ele e essas mulheres? E aqueles colares que ele lhes oferecia... seriam símbolos de possessão, um sinal de que ele as tinha marcado, de que pertenciam a ele de alguma forma?

A jovem a quem Daniel oferecera flores recentemente trazia-me uma sensação de inquietude que eu não conseguia afastar. Inês era muito mais nova, quase uma menina, e a simples ideia de que ela poderia estar a ser enredada nas teias sombrias de Daniel deixava-me inquieta. Inês tinha idade para ser minha filha, e senti, mais do que nunca, que eu tinha de agir. Não podia permitir que ela se tornasse mais uma história não contada, mais uma vítima silenciada.

Decidi que o confronto direto era a única solução. Naquela tarde, esperei por ela do lado de fora da faculdade. O sol poente pintava o céu de tons laranja, uma cena de calma que contrastava com o turbilhão de emoções dentro de mim. Vi Inês sair, despreocupada, rindo com os colegas. Ela estava tão alheia à tempestade que se aproximava.

Com o coração a bater mais rápido, aproximei-me dela.

— Boa tarde, Inês. Sou a jornalista investigativa Suzana de Sousa. — As palavras saíram mais firmes do que eu esperava. — Precisamos de conversar. Prometo que não vou tomar muito do teu tempo.

Ela olhou-me com uma mistura de surpresa e desconfiança, os seus grandes olhos a tentar decifrar o que aquilo significava.

— Descobri algumas coisas sobre o Daniel. Ele pode estar ligado ao desaparecimento de várias mulheres, incluindo da sua esposa. — As palavras eram diretas, mas cuidadosas. — Sei que te aproximaste dele e acredito que podes ajudar-me a descobrir o que realmente se passa.

Houve um momento de silêncio que pareceu eterno. O sorriso de Inês desapareceu, dando lugar a uma expressão de confusão, talvez até medo.

— Eu... eu não sei do que está a falar. — A sua voz tremia, quase inaudível, enquanto ela recuava ligeiramente.

A tensão estava a crescer, e percebi que não podia ser brusca. O medo era evidente, mas havia também uma incerteza que eu poderia usar a meu favor.

— Inês, por favor, olha para estes documentos. — Estendi-lhe uma pasta cheia de provas. — Eles podem ajudar-te a entender melhor a gravidade do que estou a dizer. Não estou aqui para te acusar, mas para te proteger.

Os dedos de Inês tremiam enquanto pegava na pasta, abrindo-a com cautela. À medida que folheava as páginas, vi a cor a desaparecer do seu rosto. A luta interna que ela enfrentava estava escancarada nos seus olhos — o choque misturado com a negação, e talvez a dura realização de que algo terrível estava por trás daquele homem que ela julgava conhecer.

— Se precisares de ajuda, estou aqui. — Anotei o meu número num Post-it, tentando oferecer uma âncora no meio daquele turbilhão. — Liga-me sempre que sentires que não estás segura.

Ela acenou com a cabeça, mas os seus olhos continuavam fixos nos documentos. Sabia que tinha plantado a semente da dúvida, mas agora tinha de dar-lhe espaço para processar tudo. O próximo passo da minha investigação dependia da colaboração dela, mas, naquele momento, percebi que tinha de deixá-la sozinha para que pudesse absorver as informações.

Enquanto me afastava, não pude deixar de sentir uma inquietação crescente. Havia algo naquele silêncio que me dizia que Inês sabia mais do que estava a deixar transparecer. E, talvez, no fundo, já tivesse sentido que se estava a aproximar do perigo.

Insidioso Encanto - Triologia Encanto Sombrio, Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora