CAPÍTULO XXI: Sinfonia das Borboletas

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❝ No balé suave das borboletas no estômago, encontra-se a sinfonia delicada da antecipação, onde cada batida de asa anuncia o início de uma jornada emocionante

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No balé suave das borboletas no estômago, encontra-se a sinfonia delicada da antecipação, onde cada batida de asa anuncia o início de uma jornada emocionante.

O meu telemóvel vibrou ao lado da cama, interrompendo a minha leitura numa noite de quarta-feira. O som agudo do alerta fez-me saltar. Ao pegar nele, vi que era uma mensagem de Daniel. O meu coração deu um salto, uma mistura de surpresa e nervosismo instalou-se instantaneamente. Depois de oito meses de silêncio, por que estaria ele a contactar-me agora?

Com as mãos trémulas, deslizei o ecrã para ler a mensagem.

"Estou à porta. Podemos conversar?"

A mensagem era curta, mas carregada de significado. O meu estômago revirou-se em puro nervosismo. Por que ele estaria ali? Teria algo acontecido? Será que Amanda foi encontrada?

Tantas perguntas giravam na minha mente, como uma tempestade incontrolável, mas uma parte de mim sabia que não devia ignorar a mensagem. Não podia simplesmente desconsiderar Daniel enquanto a minha mente fervilhava com um milhão de pensamentos sobre a situação.

Levantei-me da cama devagar, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação. Caminhei até à janela do meu quarto e, ao olhar para fora, vi a silhueta de Daniel de pé, à luz ténue da rua. Ele segurava um buquê de rosas vermelhas, que se destacava contra a escuridão da noite. O meu coração começou a bater descompassado. Ele estava mesmo ali, não era fruto da minha imaginação.

Isto não é como nos filmes, onde as protagonistas esperam ansiosamente pelo príncipe encantado. Eu não esperava ninguém, já tive experiências suficientes para saber como estas situações costumam começar, e não quero passar por isso novamente. Não sei o que esperar das ações de Daniel. Não sei se ele está ali para pedir desculpas ou se é algo diferente. No entanto, a dúvida persistia na minha mente: que tipo de motivo teria um homem para procurar-me, se só o vi duas vezes na vida? Serei eu tão relevante assim? Não creio.

Mas uma coisa era certa: Daniel estava ali, à entrada, com uma expressão séria mas determinada no rosto. Sabia que não podia ignorá-lo. Respirei fundo, tentando encontrar o mínimo de coragem que existia dentro de mim.

Decidi arranjar-me, pelo menos para parecer apresentável. Troquei o pijama por uma blusa simples e jeans, deixei o cabelo solto com os seus cachos naturais e apliquei uma maquilhagem leve. Perfumei-me com o meu perfume favorito e, ao olhar-me no espelho, não pude evitar uma sensação de insatisfação: devia ter evitado comer tanto, estou a engordar, preciso de trocar de roupa. Optei por um vestido branco comprido, que acentuava a minha silhueta, e coloquei um casaco preto de couro por cima. Passei pelo espelho uma última vez antes de sair de casa, ajustando a roupa e tentando acalmar os nervos.

Ao descer os degraus da saída do prédio, cada passo parecia mais pesado que o anterior. Sentia-me nervosa e ansiosa. Por que estaria ele ali depois de tanto tempo? O frio da noite parecia intensificar a minha inquietação.

Os meus olhos encontraram os dele. Havia algo de diferente nele, uma mistura de determinação e vulnerabilidade. Encara-o por um momento, o meu coração batia descompassado no peito, cada batida ecoando a ansiedade.

— Olá, Inês. — Disse ele, a sua voz quebrando o silêncio da noite.

— Daniel. — Respondi, tentando controlar as emoções que tumultuavam dentro de mim, tentando manter a calma.

Ele estendeu-me o buquê de rosas, e eu aceitei-o, sem saber o que dizer. O cheiro das flores era suave e reconfortante. Em seguida, entregou-me uma caixinha pequena e elegante. Curiosa, abri-a e vi um colar de ouro com um pingente em forma de rosa vermelha, intricadamente detalhado e bonito. Sorri involuntariamente diante do presente, o gesto parecia carregar um significado profundo.

— Obrigada. — Murmurei, sem saber o que mais dizer, sentindo uma mistura de gratidão e confusão. Daniel começou a conversar e, durante a conversa, convidou-me para sairmos. Hesitei, lembrando-me de como isso podia não terminar bem. — Acho que seria melhor não...

Ele aproximou-se, os seus olhos fixos nos meus com um olhar cativante e sincero. Nunca tinha reparado o quanto os seus olhos eram expressivos. Na verdade, ele era um homem atraente, e havia uma sinceridade no seu olhar que era difícil de ignorar.

— Inês, tens estado nos meus pensamentos durante dias. Gostaria de conhecer-te melhor, de passar mais tempo contigo. — Confessou ele, a sua voz carregada de sinceridade e uma pitada de urgência.

— Mas a tua esposa... Não acho que seja uma boa ideia. — Respondi, considerando a minha incerteza sobre a situação, embora também estivesse curiosa para conhecê-lo melhor. Então, ele explicou-me a situação complicada com a sua esposa e o seu desejo de seguir em frente.

Apesar da insegurança, algo dentro de mim abriu-se para a possibilidade de algo novo, de dar uma chance à felicidade. Com um sorriso trémulo, concordei em sair com ele. Enquanto voltava para casa com o buquê de rosas, um sorriso hesitante formou-se nos meus lábios. Era a primeira vez que recebia flores, e por esta noite, acho que posso alegrar-me com um gesto tão genuíno e bonito.

Insidioso Encanto - Triologia Encanto Sombrio, Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora