CAPÍTULO XII: Ecos das Entrelinhas

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❝ Nas entrelinhas do mundo, onde as melodias do destino se entrelaçam com os suspiros da alma, encontramos a dança eterna dos sonhos e realidades

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Nas entrelinhas do mundo, onde as melodias do destino se entrelaçam com os suspiros da alma, encontramos a dança eterna dos sonhos e realidades.

Os meus olhos permaneceram fixos nela enquanto dançava, perdida no seu próprio mundo. Cada movimento era como uma poesia em construção, uma manifestação pura da sua alma. Havia algo de magnético nos seus gestos, como se ela estivesse em harmonia com o universo, e eu não pudesse desviar o olhar. O fascínio que sinto pela Inês não cessa de crescer, como uma chama que arde cada vez mais intensa. É como se ela fosse uma miragem num deserto árido, uma fonte de vida onde antes só havia escuridão. Tudo nela parecia irreal, e no entanto, estava ali, diante de mim.

Foi então que, num momento breve, ela finalmente percebeu a minha presença. Os seus olhos encontraram-se com os meus, num misto de surpresa e curiosidade. Havia tantas perguntas no seu olhar, tantas emoções por decifrar, e antes que ela pudesse questionar o porquê da minha presença ou como cheguei ali, deixei escapar um pedido impulsivo, talvez demasiado audacioso.

Por um instante, ela hesitou. As palavras que tentou proferir saíram incompletas, fragmentadas entre o choque e a indecisão. Mas não esperei por uma resposta clara; aproximei-me dela com suavidade e, tomando-lhe a mão com delicadeza, levei-a para o centro do térreo.

Um sorriso tímido, quase inocente, desenhou-se no seu rosto, como se estivesse a entregar-se a algo inevitável.

Como podia uma mulher parecer tão vulnerável e, ao mesmo tempo, carregar uma força invisível dentro de si, uma força que me atraía e intrigava em igual medida?
Os nossos corpos moveram-se em sintonia, como se tivessem sido feitos um para o outro, e o mundo à nossa volta desapareceu.

A música era a nossa única testemunha, e a melodia de "Le Monde", de Richard Carter, preenchia o vazio entre nós, envolvendo-nos numa aura de cumplicidade. Cada passo que dávamos era uma dança entre o real e o etéreo, entre o desejo e o receio. Os nossos olhares encontravam-se de forma constante, numa troca silenciosa de confissões que nenhum de nós ousava verbalizar.

Eu queria conhecê-la por inteiro, penetrar na sua alma e descobrir quem era realmente a Inês. As informações que obtive antes de a conhecer não passavam de esboços pálidos da mulher à minha frente. Queria conhecê-la à minha maneira, segundo a minha própria perspetiva, mas para isso precisaria de conquistar a sua confiança. E estava disposto a tudo para o conseguir.

A música chegou ao fim, mas o feitiço entre nós manteve-se intacto. Era como se o tempo tivesse congelado, e ali, no meio daquele térreo, o mundo nos pertencesse por completo. Agora, senti que podia falar com ela, criar uma ponte entre nós. A sua respiração estava calma, os seus olhos já não transmitiam a mesma surpresa, mas uma serenidade que eu julgava favorável.

— Encontrei o teu número no Facebook. Tu deixaste-o disponível para contactos, e quanto ao andar onde vives... Bem, bati a todas as portas até encontrar a certa. Não foi assim tão difícil, já que na sexta-feira acompanhei-te até à entrada.

Era uma mentira bem elaborada. Claro que não lhe podia revelar que já tinha acesso a todas as suas redes sociais e fiz uma pequena investigação antes de nos cruzarmos. Havia algo em Inês que exigia mais do que apenas uma abordagem casual. Queria desvendar os seus segredos. Ela olhou-me fixamente por alguns instantes, talvez a tentar avaliar a minha sinceridade, mas depois sorriu.

E aquele sorriso... Meu Deus, como era desarmante. Havia uma beleza etérea nela, uma força misteriosa escondida por detrás de uma fachada de fragilidade.

Começámos a conversar, e embora ela estivesse parcialmente aberta, conseguia sentir que ainda havia uma barreira entre nós. Era como se estivesse a testar-me, a medir as minhas intenções. Mas com o tempo, sabia que essa desconfiança desapareceria. Só precisava de lhe dar espaço, deixá-la sentir-se confortável. Durante a nossa conversa, descobri que Inês era apaixonada por literatura, universos paralelos e clássicos, o que talvez explicasse o motivo de praticar ballet com tanta dedicação e entrega.

Ela tinha uma alma que transcendia o comum, e cada vez que falava, eu ficava mais cativado.

As horas passaram, e quando dei por mim, já era tarde. Ainda assim, uma parte de mim queria ficar, queria prolongar aquele momento indefinidamente. Mas sabia que tinha de ir. E, no entanto, não queria deixar passar a oportunidade de a ver novamente.

— Inês, que tal sairmos para jantar um dia destes? Adoraria conversar contigo mais um pouco, claro, se tiveres tempo. — Convidei-a, tentando parecer descontraído, embora por dentro estivesse ansioso pela sua resposta.

Ela ponderou por um momento, como se procurasse a resposta no fundo dos seus pensamentos. Por fim, acenou afirmativamente, com um sorriso leve nos lábios. Despedi-me dela, satisfeito com o resultado da nossa interação.

Havia algo na Inês que me tocava de uma forma profunda, algo que me fazia querer conhecê-la mais a fundo. E eu estava determinado a descobrir mais. Custe o que custar.

Insidioso Encanto - Triologia Encanto Sombrio, Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora